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Todo poder aos carecas

Todo poder aos carecas – comentários sobre a matéria da revista Veja de 7/11/2012
12 de novembro de 2012

Vez por outra surge uma pesquisa que apresenta um biotipo sendo visto como superior ou mais competente do que os demais. Agora os avaliados foram os calvos, na verdade não os calvos, mas os homens com cabeça raspada.

Segundo a matéria da revista Veja de 7 de novembro de 2012, o pesquisador em administração de empresas Albert Mannes, da Universidade da Pensilvânia, estudou a percepção de 1015 pessoas submetidas a uma pesquisa com fotos de pessoas com cabelos e fotos das mesmas pessoas digitalmente tratadas para parecerem calvas, além de ouvirem a descrição de um profissional fictício com e sem cabelo.

Quando li a matéria logo fui atrás do artigo original, intitulado Shorn Scalps and Perceptions of Male Dominance e publicado no periódico Psychological and Personality Science, além de dar uma olhada geral nas publicações que deram destaque à pesquisa.

O artigo em si é bem interessante e ressalta algo que muitas vezes parece ser fora do contexto, mas que pode ser uma saída para aqueles casos em que não se lida muito bem com o fato de ter que tratar a queda dos cabelos por tempo indeterminado: raspar a cabeça como um todo.

Trabalho com calvície há anos e posso garantir que admiro os que seguem esse tipo de conduta, uma vez que, quando decidem por raspar o cabelo, a atitude corajosa e a postura que tomam a partir do momento é de total autoconfiança. Poderia ser esse o motivo de a pesquisa entender que homens que aparecem em imagens com a cabeça raspada se mostram mais poderosos e competentes?

Pode ser que sim, mas a verdade é que muitos não querem tomar essa decisão e, no meu entendimento, isso não implica que sejam menos poderosos ou competentes do que os outros.

Um detalhe importante, e que não deve passar despercebido, é que a maior parte das matérias publicadas em referência ao estudo pela mídia da internet, (incluo aqui os grandes periódicos e canais de mídia americanos), é a conotação profissional dada aos resultados do estudo.

Algo como: se você tem a cabeça raspada isso pode ser motivo para maior sucesso profissional do que ser um cabeludo. Seus chefes podem te ver como alguém mais competente e te oferecer um cargo mais elevado na empresa.

Interessante perceber que o estudo chega a conclusões como essas. Em outras palavras, se houver um homem cabeludo e outro com a cabeça raspada disputando um cargo em uma empresa, e os dois se mostrarem profissionais igualmente competentes, a chance de o cargo ser entregue ao calvo é maior do que a de ser entregue ao cabeludo.

Ao mesmo tempo que fico feliz com essa argumentação do estudo, questiono se a conduta dos dois profissionais na empresa, o networking que eles desenvolvem, os resultados que eles apresentaram até o momento da disputa do cargo, entre tantas outras variáveis, não deveriam também ser levados em consideração, apesar da aparência. Até porque, nenhuma empresa que se presa escolheria alguém que oferecesse menos resultado para um determinado cargo sem levar essas outras questões em consideração.

Ainda assim, devemos levar em conta que a pesquisa é voltada para a percepção dos participantes do estudo frente a imagens de pessoas com e sem cabelos. E sem levar em conta um enorme número de variáveis que atestam, entre outras coisas, competência e imagem de poder, os homens com cabeça raspada levaram vantagem sobre os cabeludos.

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