Alopecia areata em crianças
Pesquisadores de Singapura publicaram recentemente no Indian Journal of Dermatology uma breve revisão, baseada em um simpósio, sobre os tratamentos mais atuais para a alopecia areata em crianças.
Como podemos observar na prática clínica, a alopecia areata em crianças não é uma manifestação incomum. O próprio artigo cita que mais de um terço dos novos casos da doença diagnosticados em Singapura ou na Índia acometem pacientes com menos de 20 anos de idade, sendo a maioria dos casos de gravidade leve a moderada e acometendo menos que 50% do couro cabeludo.
Em uma boa parte dos casos a alopecia areata em crianças está associada com histórico de atopia (alergias em geral), alterações nas unhas e um histórico familiar positivo para o problema. O mesmo artigo cita que os estudos relatam que a alopecia areata quando acomete crianças costuma evoluir de forma recidiva, podendo progredir para alopecia total (todo o couro cabeludo) ou universal (acometimento de todo o corpo) nos casos mais severos.
Mais de 50% dos casos costumam ter melhora espontânea em até um ano, principalmente quando se tratam de lesões pequenas, mesmo que múltiplas. Em casos de acometimento mais extenso das lesões, deve ser discutido com o paciente e familiares a eventual necessidade de tratamentos mais longos e, em alguns casos, até mesmo tratamentos mais invasivos.
Deve ficar claro para a família que os casos mais extensos de alopecia areata em crianças, total ou universal, são um grande desafio médico, visto que muitas vezes necessitam de múltiplos ciclos de tratamentos e, quando necessário, o uso de associação de medicamentos para que os resultados possam ser mais efetivos.
O envolvimento dos pais e irmãos no tratamento é importante, pois o problema costuma trazer muito desconforto para a família como um todo, e uma reavaliação da dinâmica familiar pode ser indicada.
No meu ponto de vista, entendo que a psicoterapia é um complemento extremamente útil no tratamento da criança com alopecia areata. Pacientes que, além do tratamento médico, trabalham o quadro junto com um psicólogo acabam evoluindo melhor e tem maior capacidade de entender e enfrentar o problema.
Referências:
Wang E, Lee JSS, Tang M. Current treatment strategies in pediatric alopecia areata. Indian Journal of Dermatology. 2012;57(6):459-465.