Decidi escrever este texto com um propósito apenas. Falar sobre a queda de cabelo por conta da síndrome dos ovários policísticos que aqui chamaremos de SOP. Ela é frequente em mulheres quem têm sensibilidade aos hormônios androgênios, chamados de hormônios masculinos, mas cuja presença também se dá no organismo feminino, assim como no corpo dos homens encontramos produção e atividade dos hormônios femininos progesterona e estrógenos.
Para terem queda capilar causada por esses hormônios não há a obrigatoriedade de termos alterações dos mesmos em exames de sangue. Esta sensibilidade, que eu citei acima, não implica em alterações hormonais, como muita gente acredita, mas em ter células que respondem mais ou menos à ação de tais hormônios. Somado a isso, é importante dizer que deve haver uma genética que predisponha à perda capilar pois a queda mais comum na SOP é a calvície genética feminina, que também chamamos de alopecia androgenética.
Corrigir os erros metabólicos que levam à SOP favorece a melhora de todos os sinais clínicos da síndrome, que são: alterações menstruais, dificuldade para engravidar, oleosidade da pele, aumento de pelos no coro e rosto, tendência ao ganho de peso e a própria queda de cabelos.
Erroneamente muitas gente acredita que o tratamento da SOP é exclusivamente feito através do uso de pílulas anticoncepcionais. Isso é uma inverdade, uma vez que as pílulas ajudam a corrigir um espectro do problema mas não todo problema. Então, ao contrário do que se pensa, há muitas formas de tratar a SOP, a começar com a mudança de hábitos.
Uma alimentação bem orientada e pobre em carboidratos refinados é um bom começo. O desenvolvimento de uma rotina de atividades físicas também é essencial. Reparem que com essas duas informações eu não falo em medicamentos, algo que deixarei para um outro texto. Mas que fique claro, estas mudanças de hábitos ajudam muito. Falarei um pouco mais sobre o papel dessas mudanças de hábito e, por que não, o papel das pílulas anticoncepcionais nos cuidados com a SOP e consequentemente com a queda capilar.
Uma alimentação bem orientada e a prática de atividades físicas colabora de forma intensa na melhora de um dos estados metabólicos mais importantes no desenvolvimento da SOP, a resistência à insulina. Esta resistência das células ao hormônio insulina faz com que as células precisem de muita insulina para facilitar a entrada da glicose no interior das células. E, para deixar claro, glicose no interior das células gera energia celular, ou seja a célula precisa dela para cumprir suas funções. Em resumo, este esforço em produzir mais insulina acarreta muitas complicações e está dentro dos fatores desencadeantes primordiais da SOP. Por isso é tão importante a incorporação de bons hábitos.
As pílulas podem ajudar a corrigir e prevenir problemas desencadeados pelos erros metabólicos da SOP. Entre eles promover sangramento mensal para evitar o risco de doenças de endométrio em mulheres com SOP que não menstruam ou que menstruam com frequência baixa. Além do que, dependendo da composição da pílula, ou seja, dependendo da combinação hormonal, o resultado pode ser um melhor controle da oleosidade, acne, excesso de pelos e da própria queda de cabelo. Quero reforçar que, se somarmos o uso da pílula com bons hábitos potencializamos os resultados.
Há muitas outras ações e tratamentos para a SOP que podem se desdobrar em melhora do quadro de queda capilar. Alguns exigem a atuação conjunta de endócrino e gineco com o profissional que cuida dos cabelos da paciente. O estabelecimento de uma equipe de profissionais torna o trabalho mais fácil e os resultados mais importantes.
A queda de cabelos também pode ser um sinal que ajuda o médico a diagnosticar a SOP quando outros sinais são mais sutis, pouco perceptíveis ou de baixo incômodo. Isto, de certa forma, é algo positivo, assim como quando ocorre da queda capilar contribuir para o diagnóstico de uma anemia, um problema de tireoide ou outra doença ou deficiência do organismo feminino.
Tratar a queda androgenética é uma conduta rotineira na clínica de tricologia. Contar com o apoio da paciente que faz o tratamento direito e com o da equipe de médicos envolvida no problema (endócrino e gineco), é algo que contribui ainda mais. Esta situação só reforça algo que, de alguma maneira, nós já sabemos mas que, em muitos casos, precisamos por em prática, o envolvimento de todos os interessados na correção do problema, paciente e equipe de saúde, é a forma mais efetiva de se atingir bons resultados.