Um artigo publicado por Marteen e Dorji na revista Lancet em 2009 definiu burnout como: uma experiência de exaustão física, emocional e mental causada pelo envolvimento prolongado em situações que exigem grande demanda emocional. Apesar de ser algo que pode ocorrer em qualquer tipo de profissão, os profissionais de saúde têm sido vítimas frequentes da síndrome de burnout.
Como quadro clínico a Síndrome de burnout pode levar à exaustão, à falta de tolerância e, até mesmo à perda temporária das capacidades de realizar atividades de trabalho de maneira adequada e com eficiência.
Segundo alguns autores, pessoas que desenvolvem quadro de burnout costumam ter menor concentração, insônia, fadiga, baixa produtividade, sentimentos de culpa, perda de libido, ansiedade e depressão. O quadro pode progredir com um agravamento no comportamento da pessoa que não compreende ou não é diagnosticada com o problema, resultado em mudanças drásticas do comportamento, memória comprometida e, a´te mesmo, desenvolvimento de hábitos inadequados.
Fisicamente a pessoa acometida pode sentir mal estar, dor no peito de origem não cardíaca, alterações de respiração, alteração no trânsito digestivo e intolerância a determinados alimentos, dor de cabeça e tonturas.
Pacientes que desenvolvem burnout e não passam a cuidar de suas saúdes, adquirindo hábitos de redução e controle do estresse, diminuindo atividades laborais, encontrando mais tempo para lazer e, quando necessário, iniciando uso de medicações, estão em risco de problemas de saúde mais graves,, entre eles derrames e infarto agudo do miocárdio.
Como costumam ser responsáveis, têm grande preocupação pelo próximo ou escolhem profissões nas quais devem se envolver emocionalmente, pessoas que desenvolvem burnout acabam sendo imensamente dedicadas, deixando de ler os sinais de seu próprio corpo que, na grande maioria das vezes, pede para reduzir o ritmo ou descansar.
Como já está descrito de forma ampla na literatura, o estresse severo, contínuo e prolongado é fator de risco para o desenvolvimento de patologias físicas nos mais diversos sistemas corporais. A queda de cabelo e os problemas de pele relacionados ao estresse severo podem emergir ou agravar em pacientes com burnout.
Cuidados específicos para o controle do estresse e reabilitação do paciente são mais importantes, de imediato, do que os cuidados com os cabelos. Em primeiro lugar a integridade física e emocional do paciente para depois iniciar um cuidado específico com o problema capilar e de pele que, se não for promotor de maior risco ao paciente, pode ser esperado. A recuperação capilar, em especial quando diante de um eflúvio, tende a ser completa. E as patologias de couro cabeludo devem ser devidamente tratadas para que possam melhorar na medida que o tratamento específico passa a ser realizado.
Cada vez mais estudos são publicados sobre a síndrome de burnout. Certamente porque estamos perdendo a conta daquilo que devemos colocar como limite para nossas responsabilidades sem nos afetar ou pela falta de um bom balanço entre o trabalho e o descanso adequado. De alguma forma, no mundo atual, até mesmo a tricologia passa a ter de lidar com isso, ainda que indiretamente.
Referências:
Mateen FJ, Dorji C; Health-care worker burnout and the mental health imperative. Lancet. 2009 Aug 22374(9690):595-7.
Maslach, C. & Leiter, M. P., ‘Early predictors of job burnout and engagement’, Journal of Applied Psychology, Vol. 93, 2008, pp. 498-512.
Toppinen-Tanner, S., Ahola, K., Koskinen, A. & Väänänen, A., ‘Burnout predicts hospitalization for mental and cardiovascular disorders: 10-year prospective results from industrial sector’, Stress and Health, Vol. 25, 2009, pp. 287-296
Rotenstein, L. S., Torre, M., Ramos, M. A., Rosales, R. C., Guille, C., Sen, S., & Mata, D. A. (2018). Prevalence of Burnout Among Physicians. JAMA, 320(11), 1131. doi:10.1001/jama.2018.12777