Artigo de revisão publicado no International Journal of Trichology em 2020, com autores brasileiros, aponta que ainda há muito o que se estudar sobre o uso do minoxidil oral no tratamento de quedas capilares. Acho interessante trazer este ponto à discussão porque, apesar do crescente uso desta medicação no tratamento de quedas capilares, tenho sido muito cauteloso com a escolha dos pacientes para os quais eu prescrevo o medicamento.
Os autores apontam a seleção de 9 artigos com boa qualidade para a realização da revisão, mesmo depois de terem encontrado 1960 estudos sobre o tema. Entre os 9, um é randomizado com grupo controle e os demais são não randomizados.
Chama a atenção a observação que os autores fazem sobre as diferentes doses de minoxidil utilizadas nos estudos, os números diferentes de pacientes nas amostras estudadas e as diferentes indicações de minoxidil oral, sendo elas: eflúvio telógeno, alopecia areata, alopecia androgenética e alopecia de tração.
Uma das observações que os autores chegam é a baixa qualidade de grande parte dos estudos, mesmo aqueles que fazem parte da revisão. Isso faz com que eles concluam que o uso do minoxidil oral precisa de estudos com melhor padronização para orientar de forma mais clara as prescrições médicas.
Me chama a atenção um sinal clínico que aparece em 8 dos 9 estudos selecionados pelos autores, a hipertricose, caracterizada pelo aumento dos pelos no corpo e na face. Apesar dos autores dos estudos avaliados apontarem os efeitos colaterais da medicação como leves e com melhora gradual após a descontinuação da mesma, a incidência de hipertricose esteve entre 4 a 93% das reações adversas. Em 4 destes estudos a hipertricose foi observada em mais de 38% dos pacientes.
Tenho percebido um grande crescimento no uso do minoxidil oral em prescrições médicas. Assim como muitos pacientes que chegam já interessados em tomar a medicação por terem ouvido maravilhas dela. Como muitos devem saber, sou muito cuidadoso e seletivo em tudo que prescrevo. Minhas experiências, em especial com a hipertricose em mulheres provocada pelo minoxidil oral foram de grande desconforto por parte delas. Outros efeitos adversos como edema, hipotensão e uma sensação de cansaço contínuo tem sido observados.
Fica claro, por mais benefícios que o minoxidil oral possa trazer, que é importante reconhecer o paciente correto para a indicação da medicação. Seguindo o exemplo dos artigos que citam efeitos colaterais da finasterida e que pedem ao prescritor que a eleição do paciente seja criteriosa, que assim também seja feito com o minoxidil oral. A prescrição responsável, assim como a melhora da qualidade dos estudos sugerida pelos autores da revisão, vai, certamente, colocar esta importante medicação em sua versão oral em um lugar de grande destaque no tratamento capilar.
Referência:
do Nascimento IJB, Harries M, Rocha VB, Thompson JY, Wong CH, Varkaneh HK, Guimarães NS, Rocha Arantes AJ, Marcolino MS. Effect of Oral Minoxidil for Alopecia: Systematic Review. Int J Trichology. 2020 Jul-Aug;12(4):147-155. doi: 10.4103/ijt.ijt_19_20. Epub 2020 Sep 19. PMID: 33376283; PMCID: PMC7759057.
