Quando penso no que faço hoje como médico, sempre imagino o que terei como ferramentas para cuidar de meus pacientes daqui a alguns anos. Quais serão os grandes avanços que a medicina e as áreas da saúde associadas à pesquisa apresentarão como inovações e tendências.
Vejo, possivelmente, novos ativos e conceitos surgindo. Ativos que poderão tratar mecanismos mais complexos envolvendo as quedas capilares ou mesmo ativos cujos efeitos secundários são o de estimular o crescimento dos fios, assim como aconteceu com a maioria dos medicamentos que hoje temos à disposição para cuidar da perda de cabelos (exs: minoxidil – lançado inicialmente como anti-hipertensivo, finasterida – lançada para o tratamento do tumor benigno de próstata, espironolactona – um diurético inicialmente utilizado para os cuidados com pressão alta e a bimatoprosta – ativo presente em um colírio para o tratamento do glaucoma).
Ciências como a epigenética e os desdobramentos dos conhecimentos epigenéticos como a nutrigenômica, sinalizam que alimentos, suplementos nutricionais e compostos bioativos continuarão sendo cuidados complementares importantes na queda capilar.
Os procedimentos, tecnológicos ou não, seguirão passando por desenvolvimento. Possivelmente novas ferramentas de luz (lasers ou LEDs) chegarão ao mercado, propondo mecanismos que envolvam a redução da inflamação associada à queda capilar, a diminuição da fibroses perifoliculares das alopecias inflamatórias e o estímulo à atividade folicular, com o propósito de cabelos mais densos e mais fortes.
Técnicas com estímulo direto, não tecnológicas, ganharam espaço recentemente e são uma opção que parece ter vindo para ficar, uma vez que as pesquisas provam sua eficácia. O microagulhamento, também conhecido como microinfusão de medicamentos na pele (MMP) é uma técnica que está sendo cada vez mais estudada e que prova sua eficácia. Através de uma agressão por micropunturas estimula a reparação do tecido tratado com estímulo indireto nas raízes capilares. Os canais formados com as punturas servem também de porta de entrada de medicamentos que são alocados na proximidade dos folículos para estimular o crescimento dos fios.
Ativos que atuam em um plano mais cosmético ou dermocosmético estão no gosto das grandes clínicas e espaços de recuperação capilar em todo o mundo. Os óleos essenciais e seus aromas, por exemplo, tem papel que se comprova de forma direta e indireta na queda capilar. Quando digo de forma direta é porque a composição química dos óleos tem poder de provocar efeitos no tecido onde é aplicado, ou seja, no couro cabeludo. Quando falo de efeitos indiretos, é porque o aroma desses óleos tem papel importante nas atividades psicoemocionais que, muitas vezes estão influenciando a perda dos cabelos.
Por fim, entendo que as técnicas que atuam no plano psicoemocional podem ser tendência. Neste mundo acelerado, a ansiedade, a depressão e o estresse se multiplicam. A conexão psique-corpo é uma realidade abordada por um número crescente de pesquisas e tem servido de base para a melhor compreensão daquilo que hoje se chama de psicobiologia da expressão gênica. Este fenômeno, algo que ganha uma dimensão mais concreta nos estudos epigenéticos, nos mostra como a nossa relação com o meio em que vivemos e com o nosso eu pode corroborar para o surgimento de doenças, inclusive as quedas capilares.
Nesse sentido, muitas vezes, não serão os medicamentos ou procedimentos os grandes salvadores, mas as técnicas que envolvam relaxamentos, análises e mudanças de postura diante da vida. Como isso vai ser feito? Acho que isso já tem se desenhado nos espaços interdisciplinares onde o médico atua em conjunto com o psicólogo e com terapeutas capilares. Mas ainda tem muito a evoluir. Ainda assim, me parece um caminho eficiente, seguro e que terá como benefícios colaterais a melhora da vida dos pacientes de uma forma muito mais ampla do que aquela que envolve a melhora da perda capilar.