Estudar é sempre bom. Cada vez que nos envolvemos com um conteúdo novo ou com outras abordagens sobre conteúdos já conhecidos parece que a vida ganha um sentido novo. Tem sido assim com a psicossomática, um assunto que tem sido motivo de estudo nos últimos 4 anos de minha vida.
Leturas, pós-graudações, cursos de extensão, congressos e muita reflexão sobre como utilizar os conhecimentos em psicossomática na minha prática clínica.
Apresentei trabalhos em congressos científicos baseados na psicossomática, além de ter o prazer de ministrar aulas sobre o tema da psicossomática em tricologia nos cursos de pós-graduação do IJEP-FACIS.
Para aqueles que pouco entendem sobre psicossomática, trata-se de uma área do conhecimento médico que trabalha os fenômenos envolvidos na inter-relação corpo e psique, dentro de um contexto que envolve uma abordagem que enxerga o homem como um ser que tem corpo, mente e que vive em um meio ambiente onde onde esse homem terá de interagir com todos os aspectos que envolvem nossas vidas (lugar em que vive, escolhas que faz, relações com familiares, parceiros colegas e sociedade).
Pelo que venho percebendo a psique desse homem é muito maior do que algum ponto no cérebro onde ficam armazenadas nossas memórias ou onde há um possível “centro do pensamento”. Não se sabe, por exemplo, onde está localizado aquilo que a psicologia chama de consciência, ou mesmo o nosso inconsciente.
Ao que parece, o que existe de fato é uma psique que está em todo o corpo, e que pode experimenta de fato nossa relação com o meio onde vivemos e com tudo o que fazemos.
Esse ser dotado de corpo e uma mente que ocupa todo esse corpo, por conta de desequilíbrios biopsicossociais, poderá desenvolver desequilíbrios na harmonia corpo, mente e meio ambiente. Esses desequilíbrios, vão ser processados por esse corpo+mente, e poderão se manifestar como sintomas em certas áreas do nosso corpo.
O sistema capilar, localizado no couro cabeludo, poderá ser uma dessas áreas. Quando for, quadros como as dermatites do couro cabeludo ou as quedas capilares poderão se manifestar. Essa manifestação, sob o olhar da psicossomática, será um sinal de alerta que, quando bem avaliado, permitirá ao profissional um entendimento melhor sobre a origem do desequilíbrio que o causou.
Identificar o desequilíbrio causador de um processo que envolve questões biopsicosocciais pode parecer menos relevante do que entender aquilo que é chamado de fisiopatogenia de uma doença. Por fisiopatogenia devemos entender as questões biológicas que envolvem qualquer processo de adoecimento físico (exemplos: mudanças de padrões hormonais, expressão aumentada de sinalizadores celulares, diminuição ou amento da atividade de enzimas, atividade de micro-organismos nos tecidos infeccionados). Na medida que estudo mais os aspectos biopsicossociais relacionados às doenças, já não consigo olhar a origem de nossos problemas de saúde apenas sob o prisma da fisiopatogenia. A fisiopatogenia continua a ser um aspecto importante mas conjunto com o olhar psicossomático.
E no que isso pode ajudar um paciente na medida que aplico o olhar psicossomático no seu atendimento? Passo a entender melhor a relação desse paciente com o mundo, a forma como pensa e a maneira como ele cuida de si mesmo, de sua saúde, os hábitos que ele desenvolveu ao longo da vida.
A importância disso tudo, é que a doença pode, dependendo da forma como será trabalhada a partir daqui, uma ferramenta que nos ajuda a entender os tais desequilíbrios já citados acima, e a promover, junto com o tratamento tradicional (com medicamentos e procedimentos), uma abordagem mais completa na solução do problema, e uma melhora da saúde que transcende apenas o problema que se manifestou no corpo, mas que recupera o indivíduo na sua forma de lidar com a vida e com o meio em que vive.