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A Alopecia Androgenética e a Influência da Dieta Ocidental: Uma Nova Perspectiva

A calvície androgenética, ou padrão de calvície masculino, tem sido tradicionalmente associada à influência dos andrógenos, especialmente a di-hidrotestosterona (DHT). No entanto, o estudo de Sadgrove (2021) propõe uma visão inovadora: a dieta ocidental moderna, caracterizada pelo alto consumo de carboidratos de alto índice glicêmico, colesterol elevado e deficiência de minerais, especialmente magnésio, pode ser um fator-chave no desenvolvimento e progressão da alopecia androgenética. Segundo o artigo, a relação entre dieta e calvície vai além da simples predisposição genética. A ingestão contínua de açúcares refinados leva à ativação do caminho metabólico do poliól, resultando na conversão excessiva de glicose em sorbitol e frutose. Isso não apenas aumenta o estresse oxidativo nas células do folículo piloso, mas também compromete a síntese da globulina ligadora de hormônios sexuais (SHBG), promovendo um aumento relativo da DHT em relação à testosterona, o que favorece o processo de miniaturização dos folículos capilares. Além disso, a alta ingestão de colesterol combinada à deficiência de magnésio prejudica a capacidade do organismo de metabolizar a vitamina D e afeta a função da enzima mono-oxigenase dependente de magnésio, levando a um acúmulo de colesterol no couro cabeludo. Como resultado, ocorre a hiperatividade dos receptores PPAR-γ, o que estimula a produção excessiva de sebo e favorece a proliferação de bactérias lipofílicas como Propionibacterium acnes. Esse desequilíbrio metabólico culmina no aumento da expressão de prostaglandinas pró-inflamatórias (PGD2 e 15d-PGJ2), que desencadeiam uma inflamação crônica subclínica, contribuindo para a progressiva miniaturização dos folículos capilares.

O estudo também levanta uma hipótese intrigante sobre o papel do magnésio na saúde capilar. A deficiência desse mineral está associada não apenas à resistência à insulina, um fator já conhecido na alopecia androgenética, mas também ao aumento da tensão muscular na região occipital e temporal, o que pode gerar estresse mecânico no couro cabeludo, agravando ainda mais a inflamação local. Esse fenômeno, aliado ao estresse oxidativo e ao desequilíbrio hormonal, pode ser um fator crítico na progressão da calvície. Portanto, a pesquisa sugere que estratégias terapêuticas para a alopecia androgenética devem ir além dos bloqueadores de DHT e incluir mudanças na dieta, com redução do consumo de alimentos de alto índice glicêmico e colesterol, além da suplementação de magnésio. O artigo também argumenta que, ao contrário das recomendações de dietas altamente restritivas, a abordagem ideal deve focar no equilíbrio nutricional e na modulação dos processos inflamatórios. Ao longo do estudo, fica claro que a calvície androgenética não é apenas uma questão genética ou hormonal, mas um reflexo das mudanças metabólicas induzidas pelo estilo de vida moderno. Esse entendimento abre portas para novas abordagens terapêuticas, considerando não apenas tratamentos tópicos e farmacológicos, mas também intervenções nutricionais e metabólicas como estratégias complementares para prevenir e minimizar a progressão da queda capilar.

Em resumo, a pesquisa de Sadgrove propõe um novo olhar sobre a alopecia androgenética, destacando que a calvície pode ser mais do que uma herança genética inevitável. O impacto da dieta e da saúde metabólica no ciclo capilar precisa ser mais explorado, pois pode fornecer insights valiosos para tratamentos mais eficazes e sustentáveis no futuro.

Referência:

Sadgrove NJ. The ‘bald’ phenotype (androgenetic alopecia) is caused by the high glycaemic, high cholesterol and low mineral ‘western diet’. Trends in Food Science & Technology. 2021 Jun 30. doi:10.1016/j.tifs.2021.06.056.

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