A evolução da calvície e a urgência do tratamento
10 de janeiro de 2012
Quando estou diante de um paciente com calvície, alguns fatores são muito relevantes para que eu entenda a gravidade do quadro e a necessidade de um tratamento mais ou menos incisivo.
O estudo e a experiência clínica me fizeram perceber que as calvícies que se iniciam mais tardiamente são mais benignas do ponto de vista evolutivo, assim como jovens que notam um avanço lento e discreto do processo na medida em que os anos passam. Por outro lado, quanto mais cedo a calvície começa, na juventude, e se estiver evoluindo de forma acelerada, pior tende a ser o prognóstico.
Há informações que me ajudam a entender melhor o paciente e a avaliar os riscos de evolução da calvície. A forte relação com a genética de seus antecedentes é uma delas. Já escutei muitos pacientes que leram em algum lugar que se sua genética para o problema vem da mãe é mais grave do que quando vem do pai. Bobagem, não importa se vem do pai ou da mãe, pior mesmo é se a genética vem da parte materna e também paterna.
O desenho da calvície nos antecedentes também á um critério que pesa. Se a calvície é extensa no pai, avô ou tios, devemos estar atentos a isso pois poderá também ser extensa no paciente em questão. Mas essa regra também tem exceções e nem sempre o filho evoluirá com a mesma gravidade da calvície dos parentes. Ainda assim, o médico tem que estar atento a esse detalhe.
Não entendo como importante o fato de que o paciente começa a ficar calvo aos 20 anos e o pai só começou aos 50 anos. Nosso estilo de vida e o mundo atual (mais agitado, poluído, cheio de informações, estressante) nos colocam em situações completamente diferentes das dos nossos antecedentes no que diz respeito aos fatores que de certa forma dão o “start” nas questões genéticas que envolvem a queda capilar. Por conta dessas informações, é fundamental lembrar que conhecer o estilo de vida e os hábitos dos pacientes é imprescindível para a boa elaboração de orientações e prescrições médicas.
Pacientes que apresentam problemas de saúde no couro cabeludo ou como um todo também merecem uma atenção maior quanto ao risco de evolução acelerada da calvície. Um exemplo clássico é a presença de dermatite seborreica (uma inflamação do couro cabeludo causada por excesso de oleosidade), que muitas vezes está presente no couro cabeludo do paciente que se encontra preocupado com a perda capilar. Outra situação importante é a questão da saúde global do paciente. Diabéticos, pacientes com depressão, com doenças inflamatórias crônicas ou reumáticas ou que cursam com infecções recorrentes costumam ter suas quedas de cabelo aceleradas quando estes quadros de saúde se apresentam ou se agravam.
Ficar atento à história clínica do paciente é fundamental para a escolha do tratamento e bom acompanhamento do um quadro de calvície em que se espera uma evolução positiva. Por isso me esforço para que meus pacientes sempre me deem as informações necessárias sobre seus problemas capilares, sua saúde e qualidade de vida como um todo. Com essas ferramentas nas mãos consigo fazer uma medicina melhor e atendê-los com mais segurança.