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A IMPOTÊNCIA FEMININA FRENTE À QUEDA CAPILAR – Parte 2 de 2

Antes de começar a escrever sobre este assunto, gostaria de deixar claro dois pontos importantes sobre este texto. O primeiro deles é que o título deste texto poderia ser diferente do que aparece neste post, ficaria melhor assim: O que está acontecendo com as mulheres e seus cabelos. O segundo ponto é que este post não trata de uma impotência qualquer. Nem mesmo de algo que se assemelhe à impotência sexual masculina, mas sim da impotência frente a uma epidemia que envolve quatro questões importantes e sobre as quais devemos refletir. São elas:
1- A época da vaidade. Nossa época é marcada mais pela imagem do que pelo conteúdo, e muita pessoas se expõem aos mais variados riscos na tentativa de realizar mudanças em suas aparências que podem causar problemas físicos e/ou emocionais da mais variada gravidade. No caso dos cabelos, o uso indiscriminado de hormônios para fins outros que não sejam a restauração da saúde, dietas inadequadas e o uso inadequado de químicas e procedimentos térmicos, estão entre os maiores vilões. Tirando a questão do uso indiscriminado de hormônios que é crescente nas mulheres, mas ainda é ais predominante nos homens, os demais riscos são mais frequentes no sexo feminino. 
2- A mudança sócio-culural pela qual passamos nas últimas décadas. A mulher assumiu um novo papel na sociedade. Esta situação trouxe novas exigências que acabam interferindo, diretamente ou epigeneticamente, na resposta física e psicoemocional de seus corpos. Nível de estresse elevado somado à globalização e ao mundo digitalizado (neste caso o impacto vale para ambos os sexos), tem sido grandes causadores de doenças. Muitas delas surgindo precocemente e com maior gravidade em relação às gerações anteriores. Com isso, as mulheres, que acabam sobrecarregando mais funções do que os homens, passam a ter nas exigências do dia a dia um fator preponderante para desenvolverem problemas de saúde, entre eles os capilares. 
3- O valor atribuido aos cabelos nos dias atuais. Esta é uma das questões mais difíceis de se falar ou explicar. Depois que eu li, há alguns anos atrás, o resultado de algumas pesquisas que dizem haver um número grande de mulheres que depois de uma mastectomia, por conta de um câncer de mama, sofrem mais com a queda de cabelos provocada pela quimioterapia do que com a perda da mama em si, cheguei à conclusão que o valor atribuido pelas mulheres aos seus fios de cabelos é extremamente significativo. Trabalhando com tricologia há tanto tempo, fica muito evidente que as mulheres estão cada vez mais preocupadas com a estética de seus cabelos. Há um mercado cosmético crescente que se traduz em um grande número de novos produtos e soluções para os problemas dos cabelos. Essa valorização da estética capilar veio na sequência da valorização do corpo e passa a ser um problema na medida que é reforçada pelas questões vinculadas à nossa época da vaidade e às mudanças sócio-culturais já citadas acima. 
4- A forma como estamos despreparados para lidar com problemas que só solucionam com tempo e paciência. Este assunto não é exclusivo de mulheres, a propósito, os temas acima servem para homens e mulheres, apesar de o valor atribuido aos cabelos pelos homens estar um degrau abaixo do das mulheres. Mas que esta tem sido a realidade de quem cuida de problemas de saúde, isto é um fato. Em um mundo onde tudo está à distância de um toque, em que as soluções para todos os problemas parecem ser rápidas demais, inclusive em alguns casos emergenciais de saúde, aguardar a demorada resposta de um couro cabeludo é algo angustiante. Quedas capilares que demoram para reduzir, crescimento de cabelo que não passa da média de 1cm por mês (tem clínica prometendo até 1,8cm decrescimento mês como resultado de tratamento e produtos prometendo mais de 88% de melhora dos cabelos em até 1 mês – caia fora dessas mentiras deslavadas – isto é marketing, não é ciência), resultados visuais que precisam de ao menos 3 a 4 meses para serem percebidos, causas múltiplas de queda de cabelo necessitando uma abordagem interdisciplinar de cuidados, entre tantas outras questões que fazem dos cuidados com os cabelos algo bem difícil. Já devo ter escrito várias vezes neste blog que cuidar dos cabelos seria mais fácil se não fosse a ansiedade dos pacientes. E, natural, todos os dias me preparo para lidar com ela e enfrenta-la como um agente tranquilizador, e nunca um agente estimulador dessa ansiedade. Tudo porque sei que não dá para ser diferente. Numa época em os pacientes estão impacientes e a impaciência é razão de ansiedade, é fundamental o médico ser paciente e buscar a paciência perdida do paciente.
Bem, para concluir, percebo que estes elementos se agrupam mais frequentemente nas mulheres. Tenho meus argumentos para acreditar que seja assim, mas isto é assunto para um outro texto. Realmente creio que as mulheres têm se visto mais impotentes frente à queda capilar e penso que, como profissional, se tivermos um olhar mais cuidadoso e compreensivo com elas, poderemos ajuda-las a passar pelas quedas capilares com mais facilidade e a atingirem bons resultados uma vez que estabeleçamos um forte parceria entre cuidador e a pessoa cuidada. 
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