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A PROJEÇÃO E O MEDO E ALGUNS COMENTÁRIOS SOBRE PROJEÇÃO E PROBLEMAS CAPILARES

Todos temos angústias. Tomos temos
medo. Todos temos sonhos. Vivemos emoções diferentes. Todos temos histórias
diferentes. Alguns recebem educação demais, outros não. Uns têm de lutar para
sobreviver, outros não desenvolvem capacidade para lutar. Os amores são
diferentes, o que você sente por uma pessoa nunca vai ser igual ao que ela sente
por você. Ainda que os dois estejam entregando amor na mesma proporção. As
relações humanas são todas pautadas por histórias de vida e experiências, sejam
elas boas, sejam elas ruins. Porém temos que lidar o tempo todo com aquilo que
o outro espera de nós, o que o outro pensa de nós, e as conclusões que ele tira
sobre quem somos ou o que fazemos.
O que uma pessoa espera, pensa ou
conclui sobre nós vai interferir na nossa vida de alguma maneira. A isso a
psicologia chama de projeção, as ideias que alguém projeta em mim e aquelas que
eu projeto na pessoa. Isso é muito interessante porque de alguma forma as
expectativas que existem nas relações, as virtudes de uma relação e os defeitos
dela estão sempre alinhados com a projeção.
Quando alguém pensa mal sobre uma
pessoa, certamente está colocando nela os elementos que dizem respeito à sua própria
história de vida. O mesmo vale quando ela pensa bem sobre alguém.
Há riscos nisso, uma vez que a
projeção, eventualmente, ultrapassa os limites do real. Isso ocorre quando a pessoa
projeta na outra todos os seus medos, receios e até mesmo características de
sua própria personalidade. Nesses casos, em especial porque aquele que tem medo
está sempre esperando algo de mal acontecer, a relação fica conflituosa e
difícil. Traumas, conflitos e medos quando emergem em uma relação deixam ela
desequilibrada. Faz com que as pessoas criem ideias fantasiosas que são reforçadas
por aquilo que vêm, ouvem ou pensam. Assim como estimulam a necessidade de
recuperarem a harmonia da relação ou a de evitarem sofrer mais ou sofrer novamente.
Ninguém está imune à projeção e
àquilo que ela gera em nós. Nem eu, nem você, nem as pessoas com quem convivemos
ou vivemos. Projetamos em nossos, parceiros, familiares, em nossos amigos, nos
políticos que elegemos, nos nossos ídolos, projetamos em todos. Sempre
esperando algo. E, contaminados pela nossa vida, ou até pelas influências de
outros, vemos nossas projeções se confirmarem ou serem destruídas.
Temos de aprender a lidar as
projeções e entender que isso é parte de um contexto maior. Maior que a
relação, maior do que o mercado, maior do que tudo. Afinal, todos temos nossa
história de vida e não temos a menor ideia das dificuldades e alegrias que cada
um de nós passou. O entendimento, o perdão ou a mágoa cabe a cada um de nós e
deve ser trabalhado individualmente. Afinal, quem projeta está aberto a sentir
coisas boas e coisas ruins. Mas tem que tentar respeitar o outro da forma como
ele é, ou tem sido. Pode parecer difícil, mas é aquilo que se faz necessário.
A única forma preventiva e
curativa de lidar com as projeções para que elas não corrompam as relações é o diálogo,
a boa comunicação. Não deixar as coisas crescerem de uma forma que não possam
mais ser solucionadas. Mas isso também cabe a cada um de nós, afinal, a projeção
é bilateral em qualquer relação e pode haver um lado que queira dialogar e
outro que queira fugir da conversa. Fazer o que?
E o que isso tem a ver com a
Tricologia?
Na verdade a pergunta deveria
ser: O que isso tem a ver com a área da saúde ou com as áreas que lidam com
beleza? Uma vez que a tricologia envolve essas duas áreas.
Como a projeção é algo bilateral,
o de quem projeta e o daquele que recebe a projeção, na tricologia o paciente
projeta no profissional, nos métodos e nos tratamentos, enquanto que o
profissional espera do paciente que seja muito rigoroso e que tenha uma rotina
de cuidados de acordo com a orientação que lhe foi passada.
Muitos pacientes chegam com perguntas
sobre medicamentos, suplementos e procedimentos sobre os quais leram e entendem
que podem ajudar os seus casos. Isso é natural e esperado, com tanta divulgação
que existe por aí, é improvável que isso não aconteça. Além do que, quando vem
indicados ou após buscas em internet ou em redes sociais, acabam vendo na
imagem do profissional um “salvador”. Assim como deve acontecer com muitos colegas,
eu recebo muita gente que a primeira coisa que me fala quando entra em consulta
é: você é a minha última esperança. O que seria isso, senão uma projeção?
Posso garantir que receber no
colo essa responsabilidade é algo muito importante, desafiador e, até mesmo,
difícil. Com os anos e a experiência fui relativizando isso entendendo que
tenho parte sim da responsabilidade nos resultados do paciente, mas como disse,
a projeção é bilateral.
O medo de ficar careca, de não
controlar a queda de cabelos e de perceber que tudo está a perder coloca em profissionais,
medicamentos e procedimentos um peso muito grande. Por outro lado, como
profissional devo sempre lembrar que muita gente que me procura não faz a sua
parte no tratamento. Ora não usa as orientações home care de maneira
adequada, ora não faz os procedimentos em clínica e que são necessários como
deveriam ser feitos.
Como profissional, e ser humano,
projeto em meus pacientes aquilo que espero deles. E não são poucas as vezes em
que também me frustro. Aí está parte de minha projeção. Ah! Se meus pacientes
soubessem o quanto espero deles… O quanto desejo que evoluam bem e que seus
tratamentos deem certo…
Comentários finais
Enquanto escrevi sobre tricologia
e projeção usei um termo que me ocorreu na hora para dar um exemplo, falei sobre
“controle”. Não poderia deixar de fazer um pequeno comentário sobre o “controle”
no que diz respeito ao tema projeção além da tricologia.
O controle é fundamentado no medo
e se fortalece com ele. Quero controlar para não sofrer e preciso amedrontar
para controlar (releiam e reflitam sobre essa última frase, por favor. Quem
sabe ela é a mais importante desse texto).
Ter o controle é algo que parece
dar segurança, porém, crer que se tem o controle de tudo é uma falsa ideia que desenvolvemos
sobre as relações e os eventos de vida. Vez por outra o inevitável aparece, e nos
mostra que temos muito menos poder de controlar do que imaginávamos.
Nessas horas o bom senso, o
entendimento e, quando a projeção está vinculada às relações interpessoais, o
diálogo são sempre o melhor caminho. Afinal as projeções falam mais de
nós mesmos do que do outro. 

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