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Ácido acetilsalicílico tem algum papel no surgimento de quedas capilares?

Passando por um desses portais de notícias encontrei uma chamada sobre riscos para os cabelos. Curioso que sou, sempre entro nesses sites e leio o que estão falando especialistas e também certos “subespecialistas” no assunto. 
Entre as coisas que me pareciam convincentes, encontrei um tema que acredito nunca ter mencionado em nosso blog. O fato de o ácido acetilsalicílico (AAS), há mais de 100 anos presente nas nossas vidas, ser um agente causador de quedas capilares. 
Na verdade não existe um motivo relacionado ao efeito anti-inflamatório do AAS que provoque a queda capilar. Existe sim um fenômeno indireto para o quadro. Tudo porque, além de ser anti-inflamatório, o AAS também é um medicamento amplamente utilizado em pacientes com risco de formação de trombos que, surgem em processos de coagulação, por inibir a agregação plaquetária (em virtude de inibir a produção de tromboxano A2 e prostaglandona I2). Uma vez que a plaqueta é exposta ao AAS, pelo tempo de vida que ela tiver, não conseguirá realizar o processo de agregação plaquetária. Dosagens maiores que 100mg ao dia podem causar o quadro. Mas o mesmo já foi descrito em doses menores que 80mg quando o paciente faz uso contínuo, em especial aqueles que tomam a medicação por conta de quadros de arritmia cardíaca. A formação de trombos intravasculares em pacientes arrítmicos pode causar embolias e derrames. 
Qualquer dano vascular, por menor que seja, exige do organismo uma resposta de agregação plaquetária para promover um reparo do vaso e conter sangramentos. Estamos todo o tempo sofrendo micro agressões em nossos aparelhos digestivos que podem provocar perdas de sangue. Quando nossas plaquetas estão com sua função plena, o processo de controle de sangramento é contido pelas mesmas. Em pacientes quem tomam AAS esse processo fica debilitado e são comuns os sangramentos chamados de ocultos. Sangramentos ocultos são encontrados em pacientes com predisposição a determinadas doenças ou mesmo que tenham essas doenças em curso. São elas: gastrite, úlcera gástrica, colites, divertículos intestinais, diverticulites etc.
Sangramentos ocultos do aparelho digestivo são chamados assim por serem imperceptíveis. Não são notados na evacuação. Mas, no geral, com o passar do tempo poderão causar anemias e redução do estoque de ferro no sangue, medido através da dosagem da ferritina. 
E, como já está mais do que provado, baixos níveis de ferritina realmente podem interferir nos ciclos capilares promovendo quedas de cabelos. 
Pacientes que precisam tomar essas medicações de modo continuado devem estar sempre monitorando, através de exames de sangue, seus níveis de ferritina e seus hemogramas para avaliar possibilidades de anemia. Duas condições associadas às quedas capilares. 
Em havendo baixo estoque de ferritina e/ou anemia, o controle com suplementação via alimentar associada ou não ao uso de suplementos nutricionais de ferro é a forma mais adequada de se realizar a prevenção da queda capilar associada ao problema.  
Para aqueles que tomam a medicação esporadicamente, esse risco é quase nulo. Não será quatro ou cinco dias de uso da medicação que causará problemas com os cabelos. Que isso fique bem claro.
Referências:
Fleming DJ et al. Aspirin intake and the use of serum ferritin as a measure of iron status. Am J CLin Nutr.r 2001;74:219–226.

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