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AH! SE EU GANHASSE 1 CENTAVO PARA CADA BOBAGEM SOBRE CABELOS QUE VEJO NAS REDES SOCIAIS

O trabalho árduo para fazer com que um ciência se torne forte e respeitada é algo que demora um tempo significativo. Tenho percebido isso trabalhando esses anos todos com cabelos. Sei que outras áreas também sofrem desse tipo de problema, mas como meu trabalho envolve cabelos, então vamos falar deles, no caso da tricologia e da terapia capilar. 
É impressionante como tem aventureiro nesse meio. Gente metida a esperta. Certa de acha que sabe muito, mas que quando abre a boca se embanana toda. Se eu ganhasse 1 centavo por cada besteira sobre cabelos que vejo nas redes sociais estaria milionário. As pessoas não querem estudar, as pessoas não querem se desenvolver. Elas querem participar. 
Imagine um sujeito que nunca viu uma bola de tênis. Tente vislumbrar esse cidadão conhecendo apenas a teoria que envolve o jogo (muitas vezes de uma forma bem sucinta), sem treinar para ter condicionamento físico e fundamentos técnicos para a prática do esporte. Sem saber tática, sem usar indumentária adequada e, ainda, calçando sapato de salto alto. Agora imagine que essa pessoa entra na quadra e decide jogar contra qualquer outro jogador, que, ainda que seja um jogador de final de semana, treina há anos e já se provou ser um bom tenista tendo obtido bons resultados em competições amadoras. Podemos imaginar que o resultado aqui esperado é um desastre, certo?
Pois então, muita gente pouco capacitada, como o aventureiro que se achou preparado do parágrafo acima, está no mercado capilar. E, por uma questão que me parece ser a de ignorar a própria condição de seu despreparo, pensa que o seu “degrau” de conhecimento é a escada inteira. Tragédia, certo? Sim, tragédia. Porque falta às pessoas humildade embutida na noção do “quanto mais sei mais descubro que nada sei”. 
O bom profissional tem consciência da necessidade de um bom acúmulo de conhecimento e desenvolvimento técnico. Procura realizar uma boa formação, estuda e se capacita. Vai além, segue estudando e melhorando sua capacitação. Certamente aquele que se prepara será cuidadoso e trabalhará de modo preventivo e responsável. 
Por outro lado, o mal profissional entrará no mercado muito mais com a sua estima do que com seu conhecimento. Pode até ter estudado uma coisa ou outra, mas nada mais profundo. Se ele é uma estrela das redes sociais então, piorou. Como em terra de cego quem tem um olho é rei, o fato de ele ter muitos seguidores já conferirá a ele o título de formador de opinião. E, para ele, isso é algo que absolutamente já o capacita a dizer suas próprias verdades, muitas vezes baseadas nos seus achismos. 
Encontro gente falando de fungos e bactérias no couro cabeludo sem saber que se tratam de micro organismos. Vejo gente fazendo apologia ao formol e afirmando que não faz mal nem mata. Leio coisas absurdas sobre os mecanismos de produtos e equipamentos. Pessoas misturam termos relacionados aos cuidados com a fibra e aplicam esses termos aos problemas do couro cabeludo. Assisto lives que não tem pé nem cabeça e durante a live um monte de gente chamando o  tal “formador de opinião” de maravilhoso e inteligente a cada nova besteira dita (nesse caso não me preocupo apenas com o que diz quem está fazendo a live, mas com seus seguidores que, supostamente, tem menos crivo do que o daqueles a quem seguem). 
Tenho medo. E meu medo é real. Converso com pessoas de todas as áreas em minha clínica. E vejo todos dizendo a mesma coisa, que em suas profissões existem muitos aventureiros falando e fazendo muita bobagem. 
Como minha área é a capilar, acabo tendo um foco mais sobre o que é dito sobre cabelos. Fica difícil praticar no mesmo campo em que aventureiros praticam. 
Já fiz aulas de tênis e, mesmo tendo me preparado por mais de ano, aprendido sobre os fundamentos, tendo bom condicionamento físico, tendo uma boa raquete e utilizando uniforme adequado. Ainda assim, quando fui jogar com jogadores medianos, tomei uma surra absurda.
Sei que profissionais mal preparados não duram muito no mercado. Sua falta de preparo não se sustenta. Mas enquanto praticam acabam jogando muito excremento no ventilador. E as redes sociais dão um alcance tremendo a esses excrementos. 
Lamento pelos clientes/pacientes, lamento por esses “profissionais”, lamento por quem quer fazer a coisa da forma correta e tem de ficar corrigindo o trabalho de gente mal preparada. 
Mais difícil do que fazer uma ciência ser forte e respeitada é impedir que a sujem com tanta informação e prática errada, inválida ou absurda. 
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