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ALISAMENTO DE CABELOS MASCULINOS – uma realidade, seus prós e contras

Procedimento de alisamento capilar masculino. Fonte: Google.

Que as mulheres tem uma relação
de amor e ódio com os seus cabelos é algo sabido por todos. Mudança na cor, no
formato (liso, ondulado, cacheado) e no corte são as alterações mais comuns.
Mas o que dizer dos homens? Seria só o corte o que mais lhes faz mudar o estilo
dos cabelos? Certamente não tanto quanto no universo feminino, mas produtos
para coloração e alisamento capilar também têm ganhado espaço no conservador
(mais ou menos…) universo masculino. No texto de hoje, vamos falar um
pouquinho sobre benefícios e riscos dos procedimentos de alisamento capilar,
com foco no público masculino. O tema não é totalmente inédito no blog, você pode encontrar mais informações nesse texto do Dr Ademir Jr.

Atualmente temos basicamente duas
classes de substâncias que são usadas para alterar o formato dos cabelos, seja
visando ao alisamento ou ao permanente (cachos ou ondas). São elas: derivados
do tioglicolato ou hidróxidos. Os produtos originários destes componentes com a
finalidade de alisar os cabelos tem valor de pH muito alto (alcalino), o que é
fundamental para que cumpram com a sua proposta alisante. A saber, pH é uma
sigla para as palavras “potencial hidrogeniônico” ou “potencial de hidrogênio”
que diz respeito à quantidade de íons hidrogênio (H+) em uma solução
aquosa. Ele é expresso em uma escala de números que varia de 0 a 14, sendo 7 o
valor que indica neutralidade (equilíbrio entre íons H+ e OH) ,
abaixo de 7 o produto é considerado ácido e acima de 7 básico ou alcalino. Ou
seja, quanto mais íons H+ há livres no produto ou solução, mais
ácido ele é. Quanto mais íons OH houver, mais alcalino.
Produtos para alisamento capilar têm pH alto, cerca de 10 a 11.

Para que o leitor possa entender
melhor, peço que observe a figura abaixo.
Fonte: Halal, 2011.
O desenho esquematiza uma fibra
capilar com seu formato original sendo sustentado por diversos tipos de
ligações químicas, tanto na parte mais externa da fibra (cutícula), quanto na
parte mais representativa do fio, o córtex. Estas ligações químicas são fortes
e somente são rompidas em condições extremas, como no caso dos cosméticos
alisantes com pH elevadíssimo. Ao aplicar um creme alisante contendo hidróxido
ou tioglicolato estas ligações são parcialmente desfeitas; os fios devem ser
lavados com cuidado e delicadeza para a remoção total do produto, devem ser
secos com secador e pranchados. Para que as madeixas adquiram este formato
(liso, neste caso) de maneira permanente é fundamental que se aplique um
produto neutralizante (que terá composição diferente dependendo da substância
alisante escolhida – hidróxido ou tioglicolato), o qual deverá permanecer em
contatos com os cabelos pelo tempo determinado pelo fabricante antes da remoção
(lavagem), que acontece no salão de beleza. Os cabelos novamente devem ser
secos e pranchados para ficarem com um liso impecável. Inclua na lista de
recomendações ao seu cliente cuidados para evitar marcar os cabelos nas horas
que seguem o procedimento, como por exemplo, evitar prendê-los, usar grampos,
bonés ou qualquer outro tipo de adereço.
O que muda entre os alisantes para
cabelos de homens e mulheres? Nada, quimicamente falando, nada. As substâncias
são as mesmas. O que muda mesmo é o efeito desejado. Normalmente as mulheres
preferem o liso impecável, enquanto os homens dão prioridade a um efeito mais
natural, que ainda siga com “movimento”, mas com menos volume e frizz. Podem
ser usados com esta finalidade os produtos ora intitulados “relaxantes
capilares” que, a bem da verdade, são feitos com base nas mesmas substâncias já
mencionadas em concentrações mais baixas. Além do que, a etapa de pranchar os
cabelos pode ser suprimida, o que diminui o efeito superliso.
No entanto, embora seja possível alterar a forma dos cabelos
que Deus lhe deu, é importante que se saiba previamente que este procedimento
não é isento de riscos e efeitos colaterais. Os principais, relacionados às
fibras capilares, são fragilização (= diminuição da resistência do fio,
tornando-o mais quebradiço), desidratação devido à remoção de lipídios como
ceramidas e ácido 18-metil eicosanoico (18-MEA), fazendo com que os cabelos
fiquem mais ásperos e sem brilho. O valor de pH alcalino dos cosméticos
alisantes pode causar queimaduras do couro cabeludo e, em um cenário ainda
pior, alopecia cicatricial (perda de cabelos irreversível).
Para o leitor que é cliente e não
profissional, segue abaixo algumas dicas importantes:
1. Pense bem ao fazer um procedimento de alteração do formato
dos fios. Se decidir por fazê-lo, peça ao seu cabeleireiro que lhe diga qual
foi o produto que usou para tal e ANOTE. Por quê? Os alisantes são
incompatíveis entre si, ou seja, se o seu cabelo for alisado com produtos
contendo hidróxidos, não poderá receber um segundo procedimento com produtos contendo
tioglicolato. Qual o risco? Quebra.
2. O efeito do alisamento é semipermanente. Como
assim? Uma vez feito os fios não retornam ao seu formato original, a não ser
cortando; no entanto, a raiz vai crescendo com o formato natural e o RETOQUE
DEVE SER FEITO APENAS NA PARTE CRESCIDA. Qual o problema de fazer ao longo de
toda a extensão do fio? Chances grandes de ocorrer quebra dos fios, que ficarão
cada mais frágeis.
3. Se você pensa em alisar ou
descolorir, a sua única opção SEGURA é: DECIDA-SE POR APENAS UM PROCEDIMENTO.
Cabelos descoloridos que posteriormente são alisados são uma verdadeira roleta
russa. Pode ser que os seus resistam, muitos não vão.
4. Costuma secar os cabelos todos
os dias? Fazer chapinha? Já fez algum procedimento de mudança no formato dos
cabelos e não sabe o que foi usado? EXIJA (e obviamente tire tempo na agenda
para isso) QUE O PROFISSIONAL FAÇA O TESTE DE MECHA NOS SEUS CABELOS. Só assim
é possível saber se eles resistirão ao procedimento que você pretende fazer. Saiba como fazer aqui.
5. O pH dos produtos alisantes é imensamente diferente do pH
normal do couro cabeludo, por isso as chances de irritação são grandes. Se você
for fazer o procedimento sem ter lavado o cabelo por 1 ou 2 dias, seu couro
cabeludo terá um filme de secreção sebácea que pode ajudar a protegê-lo contra
esta diferença tão grande, diminuindo as chances de irritação. A situação ideal
é que também se faça a prova de toque (responsabilidade do profissional), que
consiste em preparar uma pequena quantidade do produto como se fosse usá-lo e aplicar
no antebraço. Deixar em contato por 30 min, lavar e observar as reações por 24
h. Se surgir irritação ou ardência no local, o produto não deve ser utilizado.
Há no mercado cosmético um
produto à base de tioglicolato de aminometilpropanol que, diferentemente dos
supracitados, exerce seu efeito de modificação do formato dos fios, seja
alisamento ou permanente, com um pH próximo à neutralidade (veja mais aqui). Vantagens? Possivelmente
menos danos aos cabelos e uma chance infinitamente menor de causar reações
irritativas no couro cabeludo. Uma boa opção para você que se preocupa com a segurança dos procedimentos que realiza.
Referência
Halal, John. Tricologia e a
química cosmética capilar. São Paulo: Cengage Learning, 2011.
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