A alopecia androgenética (AAG) na população pediátrica é um fenômeno pouco abordado na literatura, mas estudos recentes destacam sua associação com fatores de risco para a síndrome metabólica. A AAG, quando manifestada em adolescentes e crianças, pode ser um sinal precoce de distúrbios metabólicos, incluindo resistência à insulina, obesidade e hipertensão. Um estudo retrospectivo avaliou 23 pacientes pediátricos com AAG, identificando que 60,9% apresentavam pelo menos um fator de risco para síndrome metabólica, sendo os mais comuns obesidade (47,8%) e resistência à insulina (21,7%).
Os dados demonstram que, apesar de a alopecia androgenética em adultos ser amplamente estudada, sua presença na infância e adolescência requer maior atenção clínica. A patogênese da AAG nesses pacientes pode estar ligada ao aumento precoce de andrógenos e a uma predisposição genética. Além disso, a queda de cabelo, especialmente em padrões típicos da AAG, pode ser um marcador cutâneo de alterações hormonais e metabólicas subjacentes.
Os achados do estudo reforçam a necessidade de avaliação metabólica em crianças e adolescentes diagnosticados com AAG. Exames laboratoriais para resistência à insulina, perfis lipídicos e avaliação da pressão arterial podem ser fundamentais para a detecção precoce e a prevenção de complicações futuras. Assim, o reconhecimento precoce da AAG pediátrica não deve ser apenas uma preocupação estética, mas um ponto de atenção na saúde metabólica geral do paciente.
Referência:
Özcan D. Pediatric androgenetic alopecia: a retrospective review of clinical characteristics, hormonal assays and metabolic syndrome risk factors in 23 patients. An Bras Dermatol. 2022;97(2):166-172.