A alopecia androgênica (AA), popularmente conhecida como calvície, é uma das condições tricológicas mais comuns e afeta milhões de homens ao redor do mundo. Embora não seja uma ameaça direta à saúde física, a perda de cabelo está intimamente ligada à percepção da autoimagem e ao bem-estar emocional, sendo frequentemente considerada um problema significativo por aqueles que a vivenciam. Este estudo recente publicado na ScienceRise: Pharmaceutical Science por Fedorovska et al. (2024) teve como objetivo entender como a AA afeta o estado psicoemocional dos homens e identificar sua disposição para buscar tratamentos farmacológicos e dermatocosméticos disponíveis no mercado ucraniano (Fedorovska et al., 2024).
A pesquisa utilizou uma abordagem sociológica para coletar dados de 150 homens, entre 18 e 66 anos, que apresentavam sinais visíveis de alopecia androgênica. A amostra foi dividida em diferentes faixas etárias para obter uma visão mais detalhada sobre o impacto em diversos momentos da vida. Os resultados revelaram que, apesar da AA ser frequentemente normalizada como parte do processo de envelhecimento, ela tem um impacto significativo no bem-estar emocional de quase metade dos entrevistados. Aproximadamente 48,7% dos homens afirmaram que a alopecia é um problema que pode afetar a qualidade de vida, provocando alterações emocionais, como ansiedade e perda de confiança, o que muitas vezes compromete as interações sociais e profissionais.
Além disso, o estudo mostrou que a maioria dos homens está interessada em expandir o acesso a tratamentos eficazes. Cerca de 90% dos entrevistados indicaram a necessidade de ampliar o sortimento de produtos para tratar a AA no mercado farmacêutico da Ucrânia, com 36,7% declarando-se dispostos a investir entre 200 e 500 hryvnias para um curso de tratamento. Esses números demonstram a prontidão dos homens para aderir a soluções terapêuticas que possam restaurar a aparência e melhorar a autoestima. Interessantemente, os homens mais jovens foram os mais receptivos a discutir a questão da alopecia e se mostraram mais dispostos a buscar tratamentos ativos. Isso pode indicar uma maior sensibilidade estética e um desejo de preservar a aparência antes que a perda de cabelo se torne evidente e afete a autoimagem.
Outro aspecto relevante é a conexão estabelecida entre a alopecia e os transtornos mentais secundários. Os autores destacam que a AA pode desencadear problemas psicológicos, como ansiedade e depressão, especialmente em fases avançadas da calvície, em que a perda capilar é extensa e visivelmente impactante. Embora os participantes mais velhos muitas vezes se resignem à condição, a aceitação não elimina os efeitos negativos sobre o estado emocional. Por isso, o desenvolvimento de novos produtos dermatocosméticos e farmacêuticos de custo acessível é apontado como essencial para atender à demanda de uma ampla parcela da população masculina, que busca soluções práticas e eficazes.
O estudo também aborda a falta de tratamentos nacionais acessíveis. Muitos homens que participaram da pesquisa expressaram a necessidade de produtos fabricados localmente, enfatizando o aspecto econômico como um fator importante para a adesão ao tratamento. A expansão do mercado interno com produtos de qualidade, a preços médios, pode ser uma solução estratégica para aumentar a acessibilidade e, consequentemente, melhorar a qualidade de vida de homens que sofrem com a AA.
Por fim, o artigo conclui que a alopecia androgênica vai além de um problema estético, sendo um transtorno psicotrichológico que requer atenção médica e social. As abordagens psicodermatológicas, que levam em consideração os efeitos somatopsíquicos e psicossomáticos da perda de cabelo, são fundamentais para entender e tratar a AA de maneira holística, considerando tanto os aspectos físicos quanto emocionais da condição. O desenvolvimento de terapias que integrem cuidados médicos e suporte psicológico pode ser a chave para proporcionar um tratamento mais completo e eficaz para os homens que lidam com esse problema.
Referência do Artigo:
Fedorovska, M., Yarema, I., Sinichenko, A., Hlushchenko, O., Strus, O. (2024). Sociological research of the men’s androgenic alopecia problem. ScienceRise: Pharmaceutical Science, 2(48), 29–35. DOI: 10.15587/2519-4852.2024.302322