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ALTOS E BAIXOS DO TRATAMENTO CAPILAR – PORQUE ACONTECEM E O QUE FAZER

Imagem relacionadaA grande maioria dos profissionais da área médica que começa a tratar problemas capilares sofre para entender que a atuação em Tricologia não é algo fácil. As respostas dos tratamentos de queda capilar são lentas, gradativas e não cursam com uma evolução linear, podendo apresentar altos e baixos.
Os pacientes, preocupados com a perda dos cabelos, sofrem com a ansiedade associada ao problema. Ficam inseguros e têm medo da evolução do quadro. Algo, que para quem já está na estrada há 20 anos, e quase todo esse tempo tratando cabelos, é algo frequente de ver.
Este foi um dos motivos pelos quais, nos últimos 7 anos,  comecei a estudar psicologia, tendo terminado meu mestrado na área recentemente, e com o estudo de meu mestrado focado na psicologia da perda capilar. Entender muito mais do que a parte clínica, que minha formação médica me proporcionou, mas também o que envolve as perdas capilares do ponto de vista psicológico.
Há alguns anos atrás reuni um grupo de pacientes do sexo feminino para um acompanhamento. Dei a esse grupo o nome de Pacientes Montanha Russa. Mulheres que ao longo de um ano passavam por diversos períodos de oscilação da perda capilar e que, por conta disso, apresentavam comportamento instável frente ao problema. Ora estavam felizes e confiantes ora muito tristes e grandemente preocupadas.
Pelos três anos que acompanhei esse grupo pude perceber questões recorrentes. Um elevado perfil ansioso que era condição natural das mulheres do grupo. Uma preocupação intensa com os cabelos que eu não entendia se era o ovo ou a galinha da história, ou seja, se a preocupação era causada pelo problema de queda capilar de base (naquele grupo havia uma maioria que sofria de queda capilar padrão feminino – alopecia androgenética feminina), ou se a preocupação levava à queda de cabelos (muitas vezes um receio de ter um problema que existe em membros da família – no caso também uma alopecia androgenética, porém, ainda não manifestada).
Nessas mulheres, também percebi uma tendência a uma vida intranquila no trabalho, família ou associada a problemas de saúde. Estresses frequentes, elevado índice de exigências, jornadas de trabalho longas e extenuantes, hábitos pouco sadios (alimentação inadequada, poucas horas de sono, sedentarismo), problemas de saúde recorrentes, em especial imunidade comprometida, disfunções hormonais tireoidianas, volume de sangramento menstrual elevado e insconstância no uso de anticonceptivos. Ou seja, aquele grupo acumulava questões que possivelmente atuavam de forma importante na oscilação de suas quedas capilares.
Profissionais que estudam cabelos a fundo sabem, há muito tempo, que há  muito mais coisa por trás de uma queda capilar do que, exclusivamente, um problema só. Quedas de cabelos costumam ter causas que se somam e essas, na medida que incidem com mais ou menos intensidade, interferem muito na instabilidade do quadro. Além do fato de que os cabelos crescem em média 1cm por mês, o que de certa forma já deixa qualquer tratamento capilar limitado a um padrão lento de recuperação, o que gera muita ansiedade.
Esses fatos só provam que, tanto para o paciente que vive o problema na pele, quanto para o profissional, cuidar dos cabelos é algo que exige paciência e tranquilidade. Os pacientes têm de ser educados e orientados sobre prazos reais, expectativas e necessidade de mudanças de hábitos. Deverão ser colaborativos e ficarem cientes de que a melhora de seus problemas passa por uma postura diferente por parte deles mesmos. Ou seja, não dá para terceirizar a responsabilidade sobre resultados e altos e baixos do tratamento para o profissional que cuida de sua queda capilar. Por outro lado, os profissionais que não estiverem preparados para ter tranquilidade e paciência terão vida curta de atuação na área.  Se chatearão com as queixas dos pacientes que, cada dia mais exigentes e com acesso a informações da internet, vão cobrar explicações e resultados. Certos de que não fazem milagres, deverão achar um caminho que una a capacidade de transmitir esperança e tranquilidade, ainda que o paciente se sinta num mar de incertezas, sem deixar de estarem atualizados e de ter repertório na forma de conhecimento e de orientações (a forma de prescrição e/ou procedimentos), para, junto com os pacientes, encontrarem uma estabilidade para o problema.
Paciente e médico juntos podem vencer a grande maioria das quedas capilares, mas terão de estar de mãos dadas na busca por uma solução.
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