A queda de cabelo é uma queixa recorrente nos consultórios dermatológicos e impacta significativamente a qualidade de vida dos pacientes. O diagnóstico correto é essencial para garantir um tratamento eficaz, visto que diferentes tipos de alopecia apresentam etiologias, manifestações clínicas e abordagens terapêuticas distintas. Este estudo fornece um guia sistemático para a avaliação da queda capilar, abordando desde o exame clínico até testes laboratoriais e especializados.
A revisão destaca a importância da história clínica detalhada, considerando o tempo de evolução da queda, possíveis fatores desencadeantes (infecções, medicamentos, estresse, deficiências nutricionais) e histórico familiar. Além disso, a avaliação do padrão e distribuição da alopecia pode fornecer pistas valiosas para diferenciar alopecias não cicatriciais, como o eflúvio telógeno (TE), alopecia androgenética (AAG) e alopecia areata (AA), das alopecias cicatriciais, como alopecia frontal fibrosante (AFF) e líquen plano pilar (LPP).
A tricoscopia é um dos exames mais úteis na prática clínica, permitindo a identificação de padrões específicos para cada tipo de alopecia. Características como pontos pretos na AA, miniaturização folicular na AAG e ausência de óstios foliculares em alopecias cicatriciais são fundamentais para a correta diferenciação entre os tipos de queda. Além disso, exames laboratoriais como ferritina, função tireoidiana e níveis de vitamina D podem ajudar a descartar causas sistêmicas associadas à alopecia.
A revisão também aborda a associação entre infecções e alopecia, destacando casos de alopecia sifilítica, tinea capitis e queda capilar pós-COVID-19. A COVID-19, por exemplo, tem sido relatada como um fator precipitante de eflúvio telógeno agudo, devido à resposta inflamatória sistêmica e ao estresse causado pela infecção.
Por fim, a pesquisa sugere que ferramentas de avaliação da qualidade de vida, como o Hairdex Index e o Dermatology Life Quality Index (DLQI), podem ajudar os médicos a compreender melhor o impacto psicológico da queda de cabelo e a orientar os pacientes de forma mais empática.
O estudo reforça que a avaliação diagnóstica da alopecia deve ser multifatorial, englobando exames clínicos, laboratoriais e tricoscópicos, além da compreensão do impacto emocional que a queda capilar pode gerar. Com um diagnóstico preciso, o tratamento pode ser mais eficaz e individualizado, garantindo melhores resultados para os pacientes.
Referência
Minta A, Rose L, Kobayashi S, Dulmage B. Diagnostic Evaluation of Hair Loss: A Narrative Review. EMJ Dermatol. 2023; DOI:10.33590/emjdermatol/10302576.