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Cabelo e Natureza: O que as Plantas nos Ensinam sobre Crescimento Capilar

Quem diria que a resposta para aquela frustração com o espelho — fios que não crescem, entradas que avançam, volume que some — poderia estar nas plantas? Não, não estamos falando de simpatias ou receitas mágicas, mas de ciência de ponta que mergulha no universo dos fitoquímicos, substâncias naturais extraídas de ervas e frutas que podem mudar a forma como cuidamos do nosso cabelo.

Por que o cabelo cai? E por que ele não volta?

A queda de cabelo — ou alopecia — é um drama vivido por milhões de pessoas e tem muitas causas: genética, hormônios, estresse, inflamação, tração, má alimentação… Mas a boa notícia é que o cabelo é um tecido regenerativo. Ele tem seu próprio ciclo de vida, com fases bem definidas: crescimento (anágena), transição (catágena) e repouso (telógena). O problema surge quando esse ciclo é interrompido — especialmente quando o folículo “dorme” e não acorda.

É aí que os fitoquímicos entram.

Fitoquímicos: aliados silenciosos do couro cabeludo

O estudo publicado no Journal of Pharmacy and Pharmacology (2025) revisou dezenas de trabalhos e apontou compostos naturais com potencial surpreendente de estimular o crescimento capilar, combater a inflamação e até regular hormônios envolvidos na calvície. Algumas plantas ativam a microcirculação no couro cabeludo, outras bloqueiam enzimas como a 5α-redutase (que transforma testosterona em DHT, vilão da alopecia androgenética).

Quem são os super-heróis verdes do cabelo?

  • Café e chá verde (cafeína e EGCG): estimulam a fase de crescimento e reduzem proteínas que causam retração dos folículos.
  • Alecrim: combate o DHT e aumenta VEGF, promovendo mais sangue e oxigênio para o bulbo capilar.
  • Sophora flavescens e Eclipta alba: ricas em antioxidantes, regulam IGF-1 e KGF, dois fatores-chave para ativar o crescimento.
  • Zingiber officinale (gengibre): aumenta o comprimento dos fios, comparável ao minoxidil.
  • Panax ginseng: reverte danos induzidos por hormônios como DHT.
  • Amla (fruto indiano): em estudos com mulheres, aumentou a proporção de fios em crescimento (anágena) e trouxe mais satisfação estética.

Esses ativos não só ajudam no crescimento, como também tornam o couro cabeludo menos inflamatório e mais receptivo a novos fios.

E como tudo isso chega ao couro cabeludo?

A grande barreira está na biodisponibilidade: muitos compostos naturais têm dificuldade de penetrar na pele e chegar ao local certo. Por isso, o estudo destaca a importância de novas tecnologias como nanopartículas, lipossomas e géis inteligentes, que melhoram a entrega dos ativos direto no folículo.

A beleza da ciência é combinar o melhor dos dois mundos

Ao longo da história, grandes figuras como Dioscórides, o médico e botânico do Império Romano, catalogaram centenas de plantas medicinais. Ele não imaginava que séculos depois, suas ervas ganhariam protagonismo na ciência dos cabelos. Não precisamos ser Dioscórides para entender que os produtos naturais têm seu papel na saúde capilar — e que a tecnologia pode potencializar seus efeitos.

O futuro da saúde capilar passa por uma abordagem integrativa: cuidar do cabelo por dentro (com alimentação e suplementação rica em vitaminas como biotina, zinco, ferro) e por fora, com cosméticos inteligentes e personalizados.

Mais do que nunca, cabelo é sinônimo de bem-estar, autoestima e tecnologia. A natureza, com sua farmácia viva, se mostra não só uma alternativa mais segura, mas também uma fonte de inovação que pode transformar a dermatologia capilar.

Yoon JI, Han S, Kim MH, et al. Enhancing hair growth through phytochemicals: mechanisms, supporting evidence, and future directions. J Pharm Pharmacol. 2025;77(3):233-250. doi:10.1111/jphp.13945

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