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Chá verde – Há realmente algum benefício para os cuidados com a queda capilar?

O benefício do consumo ou utilização de plantas em medicina e naturologia é antigo. Desde as vantagens nutricionais para quem come alimentos de origem vegetal até o uso de suplementos nutricionais e/ou medicamentos reconhecidamente benéficos para a saúde. 

Sei que muitos criticam suplementos ou medicamentos feitos a partir de extratos de plantas, mas não há como negar que muitas especialidades se beneficiam deles de qualquer forma. O que dizer dos reconhecidos efeitos do ginkgo biloba como antioxidante e com atuação importante em problemas da otorrinolaringologia e neurologia. Ou mesmo a hesperidina, flavonóide extraído de frutas cítricas, que tem ampla ação em problemas vasculares, proctológicos além de atuar como antioxidante. 
Há algum tempo tenho ouvido falar dos benefícios do chá verde para a saúde como um todo. Mas, é claro, me chama mais a atenção os benefícios relacionados aos cabelos. Nunca fiz uma pesquisa mais ampla e aprofundada sobre o tema. Resolvi fazer nos últimos dias. 
Encontrei poucas referências bibliográficas falando sobre o assunto. O que me chamou a atenção porque as fontes NÃO confiáveis espalhadas aos montes pela internet e que muita gente usa para se pautar fala de benefícios enormes do chá verde no combate a queda capilar. Como não acredito que essas fontes devam ser utilizadas para pautar a avaliação de qualquer pessoa de bom senso, e isso é uma sugestão para você leitor, vão aqui algumas das informações que encontrei em publicações científicas.
Um estudo coreano realizado pelo laboratório de envelhecimento cutâneo e pesquisa em cabelos do departamento de dermatologia da Universidade de Seoul, publicado em 2007, parece ter esclarecido o mecanismo pelo qual um polifenol presente no chá verde, a epilagocatequina-3-galato (EGCG), parece estimular o crescimento capilar e reduzir a morte de células foliculares por uma atuação nas células da papila dérmica.
Um outro estudo realizado em animais de laboratório em 2005 por pesquisadores de Los Angeles sugeriu efeitos redutores da inflamação e do impacto do estresse na normalização das funções do folículo piloso desses animais. Porém não apresentou maiores detalhes sobre mecanismos de ação.
Um estudo feito com cultura de células publicado em 2009 na revista Prostate, apresentou mais detalhes sobre os efeitos da EGCG no controle da atividade do DHT, hormônio responsável pela indução do crescimento do tumor benigno da próstata, mas também relacionado ao desenvolvimento das quedas capilares androgenéticas. A questão é que a cultura de células utilizada foi prostática e não de folículos pilosos, o que permite questionamento sobre esse mecanismo de ação, em especial, frente aos folículos pilosos.
Por fim, um estudo japonês de 1998, realizado sobre o consumo de bebidas com cafeína e redução do risco de câncer de mama mostrou dados provando que o consumo do chá verde (como bebida), reduzia  risco do câncer de mama. Um dos motivos era a elevação da proteína ligadora de hormônios sexuais (SHBG), que reduz a circulação no sangue de uma boa parte da fração ativa dos hormônios que causariam risco para as pacientes. Apesar de não ter nada a ver com os cabelos, é reconhecido o fato de que a elevação da SHBG também reduz a circulação sanguínea de andrógenos livres, sendo esse um dos fatores positivos para os cuidados com quem sofre com alopecias androgenéticas.
Do ponto de vista profissional, não vejo como inconveniente a prescrição do chá verde como um ativo complementar na queda capilar. Uso o termo prescrição porque acredito que como suplemento deve ser prescrito por profissional para que possam ser evitados riscos do consumo exagerado ou inadequado do suplemento. Também uso o termo ativo complementar porque não creio que o uso do chá verde apenas seja suficiente para os cuidados com a queda capilar. Como existem muitas quedas capilares, com causas variadas, crer que o chá verde poderá resolver todas ou mesmo ser efetivo em qualquer uma delas pode frustrar aqueles que decidirem por iniciar o uso sem consulta médica.
Por fim, o consumo do chá verde como um hábito prazeroso, assim como fazemos com o café, o tererê ou o chimarrão (para citar outras regiões de nosso país), é algo que pode e deve ser apreciado. Eu de minha parte, aprendi a gostar do chá verde e, ao menos duas vezes ao dia (nos meus intervalos de atendimento, tomo uma xícara dessa deliciosa bebida. E isso, independe dos benefícios que ele pode trazer para minha vida.
Antes de terminar, vai qui uma dica. A editora Senac tem um livro lindo sobre chás. Chá – Rituais e benefícios escrito por Christine Dattner e com fotografias de Sophie Boussahba. Aqueles que gosta de chá apreciarão esse trabalho lindo e poderão aprender mais sobre a bebida mais consumida no mundo.

Referências
O.S. Kwon, J.H. Han, H.G. Yoo, J.H. Chung, K.H. Cho, H.C. Eun, K.H. Kim. Human hair growth enhancement in vitro by green tea epigallocatechin-3-gallate (EGCG), Phytomedicine. 2007;14:551-555.
Esfandiari A, Kelly AP. The Effects of Tea Polyphenolic Compounds on Hair Loss among Rodents. J Nat/Med Assoc. 2005;97:1165-1169
Thomas F, et al. Dihydrotestosterone sensitises LNCaP cells to death induced by epigallocatechin-3-Gallate (EGCG) or an IGF-I receptor inhibitor. Prostate. 2009 Feb 1;69(2):219-24.
Nagata C, Kabuto M, Shimizu H. Association of coffee, green tea, and caffeine intakes with serum concentrations of estradiol and sex hormone-binding globulin in premenopausal Japanese women. Nutrition and Cancer 1998;30(1):21-24.
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