Viagens são sempre fonte de inspiração e um momento magnífico para repor as energias e voltar com novo fôlego para as múltiplas atividades de trabalho que nos aguardam. Passeando por algumas cidades da Itália eis que me dou conta de algumas diferenças gritantes entre este país e o nosso Brasil. Compartilho com vocês algumas reflexões.
1. Alguns cosméticos europeus para cuidados com o cabelo não tem cor de algodão doce. O crescente apelo por produtos livres de muitas coisas, inclusive corantes e fragrâncias, é muito forte na Europa. O marketing sobre produtos “naturais” ou que contenham grande percentual de ingredientes oriundos da natureza, especialmente plantas, vigora tanto ou mais em terreno europeu. Os frascos, muitas vezes transparentes, deixam aparente cores que não vejo em cosméticos no Brasil. Verdes e marrons fechados e não os candy colors usuais (amarelinho, verdinho, rosinha). Muitas vezes a mistura de vários extratos líquidos de plantas resulta nesse tipo de coloração, que pode ir do bege ou verde claro ao marrom escuro. Pode não ser esteticamente agradável, mas passa a sensação de alto teor de ativos. Marketeiros discordarão.
Xampu europeu com aspecto, cor, odor (eu senti) e embalagem peculiares. |
2. Os produtos capilares com o apelo “natural” e “livre de fragrâncias sintéticas” podem ter cheiro peculiar ou pouco aroma. O uso de fragrâncias está altamente relacionado ao desenvolvimento de dermatites de contato em pessoas de pele sensível. Com o frio e vento do inverno europeu, a pele fica ainda mais vulnerável a este tipo de reação. Optar por deixar o cosmético com o odor natural é mais uma estratégia de empresas que atuam na linha “livre de”. Até porque muitos ativos botânicos podem trazer como benefício extra a aromatização do produto, fazendo dispensável o uso de fragrâncias.
Parecem macarons, mas são xampus sólidos! |
3. Xampu sólido. Isso mesmo. Xampu em barra, parecido com formato de sabonete. Empresas prometem cerca de 80 lavagens com uma única barra. Efeito 2 em 1, xampu e condicionador. Se usa assim: molham-se os cabelos, esfrega a barra de xampu sobre as madeixas, massageia até formar espuma e enxágue. Se necessário, use um condicionador convencional. Por ser sólido, podem ser produzidos sem conservante, sem água, sem envoltório plástico. Não confunda este xampu com o já conhecido “a seco” (leia este texto).
4. Embalagens simples e feitas com menos plástico. Já está na boca do povo: muitas vezes o grande culpado por preços altos não é tão somente o conteúdo de um frasco, mas o próprio frasco. Empresas como a Davines, que há quatro anos entrou no Brasil, utiliza até 30% menos plástico para elaborar suas embalagens e encoraja ainda o reabastecimento dos frascos de produtos home care. Para deixar mais claro. O cliente vai ao salão, compra o frasco de xampu ou condicionador original, tamanho home care. Quando o conteúdo do frasco acabar, a proposta é que o cliente leve o frasco limpo ao salão e após devida higienização este mesmo seja preenchido com os mesmos produtos, a partir do frasco do profissional. O meio ambiente agradece e é ótimo, pois o cliente pode comprar por um valor menor o mesmo produto, facilitando a sequência do seu tratamento.
5. Tratamento capilar (máscaras hidratantes) pré xampu. Há inúmeras marcas que sugerem produtos com esta sequência um tanto incomum para os brasileiros. Máscara de tratamento dos fios a ser aplicada sobre os cabelos secos, com tempo de pausa de 5 a 10 minutos, seguida de lavagem com xampu.
6. Italianas assumem seus cachos orgulhosamente. Muito diferente do que se vê nos Estados Unidos, na Itália não encontramos salões estampando nas suas fachadas os alisamentos, inclusive os brasileiros, famosos por alisarem como nenhum outro. Claro que o número de pessoas com cabelos crespos ou cacheados que moram aqui é muito menor e uma vez que este é o principal público que busca por alisamento, justifica-se a menor oferta. No entanto, a questão também é cultural. A italiana, ainda que com cabelos bem encaracolados e mega volumosos, parece ter orgulho de seus cachos. Enquanto no Brasil vemos um movimento pequeno e tímido de retorno dos cachos, minha torcida é para que as italianas nem precisem dar essa volta e sigam com suas madeixas exuberantes atraindo olhares de turistas curiosos(as) como eu.
2017 é ano de Congresso Internacional de Tricologia e Ciência Cosmética, o CIT 2017. Desde já estamos preparando com todo cuidado esse momento que é sempre um grande e novo desafio. Em breve a prévia da programação estará pronta e compartilharemos com você aqui no blog. Abraços