A busca por cabelos lisos impulsionou a indústria de cosméticos a desenvolver uma série de produtos para alisamento capilar, sendo a escova progressiva um dos procedimentos mais populares nos salões de beleza. No entanto, a presença de formaldeído em formulações comerciais tem gerado preocupações sobre a segurança dos consumidores e profissionais. O estudo conduzido por Abreu, Azevedo e Falcão investigou a concentração de formaldeído em diferentes produtos de alisamento capilar e avaliou a adequação das informações contidas nos rótulos dessas formulações. As análises revelaram que 50% das amostras testadas continham formaldeído em concentrações muito acima do limite permitido pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), que é de no máximo 0,2% para uso como conservante. Algumas amostras apresentaram níveis entre 7,5 e 19,15 vezes superiores ao limite legal, expondo os usuários a potenciais riscos à saúde. Além disso, foi identificado que certos produtos omitiam a presença de formaldeído nos rótulos e até mesmo careciam de registro oficial da ANVISA, levantando suspeitas sobre sua origem e conformidade regulatória.
O formaldeído, quando inalado ou absorvido pelo couro cabeludo, pode causar uma série de reações adversas, incluindo irritação ocular e respiratória, queimaduras químicas e até danos irreversíveis ao cabelo. Estudos indicam que a exposição prolongada pode estar associada a efeitos mutagênicos e carcinogênicos, tornando essencial a fiscalização e a conscientização dos profissionais de beleza. O estudo reforça a importância da cosmetovigilância, um sistema regulatório que monitora os efeitos adversos de produtos cosméticos no mercado. Com a implementação adequada desse sistema, seria possível garantir maior segurança aos consumidores, identificando formulações irregulares e prevenindo o uso indiscriminado de substâncias nocivas. O estudo conclui que a fiscalização rigorosa e o esclarecimento do público são essenciais para garantir a comercialização de alisantes seguros e livres de ingredientes potencialmente prejudiciais à saúde.
Referência:
Abreu, V. M., Azevedo, M. G. B., & Falcão, J. S. A. Cosmetovigilance in Hair Straighteners: Determination of Formaldehyde Content by Spectrophotometry and Label Evaluation. IntechOpen. 2019. DOI: 10.5772/intechopen.82842.