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DE CABELEIREIRO A TRICOLOGISTA – Um texto de Quiron Gibran

Prof Quiron Gibran – Novo colunista do Blog O TRICOLOGISTA
Desde muito pequeno, sempre fui encantando pelo mundo dos cabelos. Lembro-me de quando eu era criança de entrelaçar os dedinhos nos cabelos da minha mãe, da minha tia e das demais mulheres da minha família. Lembro como se fosse hoje, a textura, o cheiro, a maciez, as formas e os movimentos que os cabelos tinham na década de 90. Todos os integrantes da minha família falavam: esse aí, será um excelente cabeleireiro. 


Passaram-se os anos e com eles a paixão por cabelos ganhou cada vez mais força. Sempre que possível e, com permissão; claro, eu pedia para mexer nos cabelos das minhas colegas de escola. Lisos, crespos, loiros, coloridos, curtos, longos…, eu ficava fascinado por cada cabelo e sua beleza individual.


 Ao completar 18 anos, consegui meu primeiro emprego registrado. Completamente fora da minha zona de conforto. Eu trabalhava na ouvidoria de uma grande empresa de telefonia fixa e, logo de cara, sabia que aquele não era o meu lugar. Entretanto, dentro de inúmeras amizades que se formaram lá dentro, eu pude conhecer uma em especial da qual mantenho contato até hoje. Não sei se posso chamar de sorte, destino ou acaso, mas graças a essa grande amiga e ao estreitamento das nossas relações, eu tive a honra de conhecer toda sua família, inclusive sua mãe, uma exímia cabeleireira. 


Eu frequentava o salão da qual ela era responsável sempre que podia, semanalmente eu diria. Intrigada com minha frequência tão assídua, fui questionado sobre meu interesse pelos cabelos e se eu gostaria de integrar sua equipe, afinal de contas, ela sempre dizia que sua preferência era por auxiliares novos, sem experiências, sem vícios. 


Na mesma semana, me desliguei da empresa da qual eu prestava serviços e fui para o salão. Me sentia realizado, o “cara” mais feliz do mundo, dentro de um ambiente do qual eu me familiarizava e o melhor de tudo, eu era remunerado para estar ali. 


Passaram-se meses, anos e comecei a me deparar com a realidade do profissional cabeleireiro: o cansaço físico, a desvalorização profissional, a luta diária contra a concorrência e por fim, o pré-conceito de que cabeleireiro não é detentor de nenhuma sabedoria. Decidi então alimentar o meu cabedal de conhecimento através de um curso de formação superior. Mas o que cursar? Onde cursar? Como eu poderia posteriormente aplicar esse estudo e investimento nos meus atendimentos cotidianos? 


Foi então que decidi estudar visagismo e terapia capilar em uma universidade muito respeitada em São Paulo, a Anhembi Morumbi. Fiz grandes amigos, criei uma rede de contatos fantástica logo de início e a partir daí eu percebi que eu jamais veria o mundo com os mesmos olhos. Tudo corria muito bem, o primeiro semestre havia finalizado e eu estava recarregado para iniciar mais um ciclo de estudos. 


Foi então que vivenciei uma das experiências mais fantásticas da minha vida: minha primeira aula de terapia capilar. Era uma terça-feira, 07:45h da manhã, quando um ser iluminado, cheio de vida e empolgação começou a falar desse nicho de mercado. Eu jamais imaginei que ficaria fascinado por distúrbios e patologias capilares e, que almejaria tanto tratar dessas pessoas. Passaram-se mais dois semestres e meu amor, admiração e respeito por essa área foi ganhando espaço dentre mim. Isso fez com que eu soubesse exatamente o que eu faria logo após minha formatura. 


Então, antes mesmo de finalizar a graduação, eu já havia reunido toda papelada necessária para minha pós graduação. Eu decidi: vou me especializar em tricologia e farei disso meu legado. A partir daí, foram mais 18 meses estudando apenas distúrbios e patologias do couro cabeludo e da fibra capilar. Mais 18 meses conhecendo pessoas fantásticas e criando uma rede de conexões inigualável, vivenciando aquilo que se fundamentava em mim como uma certeza de caminhado a ser trilhado. 


Durante essa especialização, nomes e instituições começaram a se tornar cada vez mais frequentes nas rodas de bate papo, assuntos como: quem é o Dr. Ademir Carvalho Leite Junior que tantos falam? Quem é Celso Martins Junior que tantos admiram? O que é a Academia Brasileira de Tricologia? E a pergunta de 1 milhão de reais: como conhecer essas pessoas e fazer parte deste cenário da tricologia no Brasil? Então, em 2018, eu pude participar do Curso de preparação para docentes da Academia Brasileira de Tricologia, curso esse que foi divulgado meses antes da sua realização deixando todos os participantes muito ansiosos.


Muitos amigos, conhecidos e ídolos estavam reunidos naqueles dois dias. E, a cada momento deste curso preparatório, fui me encantando pelas pessoas, pelo cenário, pela energia de irmandade que exalava naquela sala. Foram dias maravilhosos e extremamente decisivos na minha jornada. Semanas depois, enquanto eu estava em uma das últimas aulas da pós graduação, eu decidi abrir meu e-mail para baixar alguns arquivos pendentes e, no meio de tantos e-mails, lá estava o mais importante de todos que tinha um título mais ou menos assim: “Convocação ABT – CICLO 2º SEMESTRE 2018”. 


Minha ficha demorou um certo tempo para cair. Porém, instantaneamente percebi que todo o esforço feito até o momento valeu a pena e que a partir dali o empenho e comprometimento seriam infinitamente maiores. Que muitos outros esforços ainda viriam e que eu teria a chance de começar a construir o meu legado dentro do ramo da tricologia. 


E assim tenho feito ao longo de dois anos de ABT. Lecionando com muita ética, muito respeito, muito comprometimento e, acima de tudo, com muito amor e paixão. A jornada pelo conhecimento e pela construção do meu legado será longa, talvez nunca tenha fim. Talvez o certo seja não ter fim, quem sabe?


Professor Quiron Gibran 


Terapeuta Capilar e Tricologista pela Universidade Anhembi Morumbi. Professor da Academia Brasileira de Tricologia, Tricologista da Clínica HTRI
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