Nestes dias de calor intenso e quando muitos estão de férias curtindo a família ou os amigos na praia ou piscina, nem sempre o jargão “sombra e água fresca” se aplica. Se você está se expondo ao sol por maior tempo, há alguns comportamentos que deve adotar: use (e reaplique) o seu protetor solar generosamente no corpo e rosto, ingira maior quantidade de água e não se esqueça de proteger os cabelos. Acredito que vocês já tenham ouvido falar sobre produtos para a fotoproteção capilar. Eles são cada vez mais comuns e frente aos danos que se sabe que o sol pode causar nas fibras capilares, diria que são indispensáveis para situações de sol a pino e índices de radiação ultravioleta sempre nas alturas. Certamente o uso de bonés e chapéus também pode ajudar, especialmente se forem feitos de um tecido capaz de conferir proteção solar (a marca UV Line está disponível em várias farmácias ou lojas especializadas).
Antes de comentar sobre os produtos, gostaria de colocar em pauta os danos capilares causados pela radiação solar. Sabe-se que o sol emite radiação em diferentes comprimentos de onda, mas é a incidência de radiação na região do ultravioleta, especificamente UVA (320 a 400 nm) e UVB (270 a 320 nm), que resulta nos maiores estragos. A radiação UVB é a principal responsável pela degradação da queratina, proteína que compõe a fibra capilar, deixando os fios mais quebradiços, frágeis ao manuseio e ressecados. Já a radiação UVA causa oxidação dos pigmentos capilares (sejam eles naturais – a melanina – ou sintéticos, como os oriundos dos processos de coloração ou tonalização), causando desbotamento ou diminuição do tom. Estes danos são irreversíveis, por isso vale o investimento para preveni-los.
Tecnicamente falando, as substâncias utilizadas nos produtos para conferir proteção solar capilar podem ser as mesmas usadas para os produtos corporais e faciais (por exemplo, metoxicinamato de octila e benzofenona), desde que sejam filtros químicos ou orgânicos (observação: existem duas classificações de substâncias fotoprotetoras, as físicas ou inorgânicas e as químicas ou orgânicas, sendo que os filtros físicos atuam por reflexão da luz e normalmente apresentam-se na forma de micropartículas – aspecto macroscópico de um pó branco, não sendo portanto adequados para uso capilar). No entanto, há protetores solares desenvolvidos especialmente para os cabelos, como por exemplo (prepare-se para o nome), cloreto de cinamidopropil trimetil amônio. Qual é a principal diferença entre eles? A presença de carga. No caso de moléculas fotoprotetoras específicas para os cabelos, a carga é positiva. E por que é importante que assim seja? Porque as fibras capilares possuem carga negativa. Como preconiza uma das leis da física, cargas opostas se atraem, favorecendo a permanência das moléculas do fotoprotetor na superfície das fibras capilares.
Certamente a permanência destas substâncias sobre os fios de cabelo é momentânea e as moléculas de fotoprotetores são removidas no banho. Pensando nisto, é importante reaplicar o produto após entrar no mar ou piscina. Os fotoprotetores capilares podem ser encontrados em xampus, condicionadores, cremes sem enxágue e produtos finalizadores. No entanto, há produtos específicos para a fotoproteção capilar. Para que possam proteger os fios de cabelo, é fundamental que os produtos cosméticos sejam capazes de formar filme sobre a superfície capilar. Formulações leave in são mais adequadas, pois não são enxaguadas Vale mencionar que os fotoprotetores capilares não trazem o valor de FPS (fator de proteção solar), pois este é determinado por uma metodologia específica para produtos aplicados na pele.
Por fim, não poupe na hora de aplicar seu fotoprotetor capilar. Duas ou três borrifadas para proteger milhares de fios de cabelo certamente não serão suficientes. Seus cabelos agradecem o cuidado.
Referência consultada:
Fernández et al. Photodamage determination of human hair. Journal of Photochemistry and Photobiology B: Biology. v. 106, p. 101-6, 2012.