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DIFICULDADE DE IDENTIFICAR E DESCREVER EMOÇÕES EM PACIENTES COM ALOPECIA AREATA

Em virtude de meus estudos sobre a alopecia fibrosante frontal e questões emocionais que envolvem esta patologia, tive acesso a um interessante estudo publicado no Asian Journal of Psychiatry por um grupo de pesquisadores iranianos (importante lembrar que solicitei o estudo aos autores que gentilmente me mandaram o PDF do mesmo, uma vez que o artigo será publicado em 2017). O estudo fala sobre a alexitimia em doenças dermatológicas. Pode parecer algo pouco frequente de se ouvir falar, mas o termo alexitimia, de origem grega, diz respeito à incapacidade de identificar ou descrever sentimentos. Esta incapacidade de identificar e descrever sentimentos seria um fator decisivo para que o paciente tivesse dificuldade de enfrentar eventos estressantes, amplificando a chance de manifestar certas patologias. Segundo dados do artigo em questão, a alexitimia e uma manifestação mais frequente que a depressão maior, acometendo por volta de 10 a 13% da população. 
Os autores utilizaram para avaliar a presença de alexitimia em pacientes com doenças dermatológicas a Escala de Alexitimia de Toronto (TAS-20). Baseados no fato de que a alexitimia é um fator de risco, assim como a susceptibilidade genética e o estresse emocional, para o surgimento de doenças físicas e psiquiátricas, os autores decidiram compreender melhor se havia alguma relação entre a alexitimia e doenças dermatológicas como: psoríase, vitiligo, alopecia areata e acne vulgar.
Pensando na alopecia areata, os autores citam um estudo de 2006 intitulado Alexithymia and Alopecia Areata (Cordan e colaboradores), em que a relação entre alexitimia e alopecia areata já se mostravam presentes. Este estudo de Cordan foi realizado com 43 pacientes e utilizou a mesma escala de avaliação de alexitimia (TAS-20). O estudo também cita o fato de que outros pesquisadores já tinham realizado esta associação, comparando pacientes com alopecia areata com grupos controle (Sayar e colaboradores em 2001 e Willemsen em 2009). 
No estudo iraniano, dos 30 pacientes com alopecia areata 50% tiveram score no TAS-20 suficiente para serem considerados alexitímicos, resultado que foi muito parecido com os observados pelos pesquisadores que o estudo citou (Sayar encontrou 58% de pacientes alexitímicos e Cordan 44%). 
Os autores, em sua conclusão, propõe um cuidado especial para pacientes alexitímicos que desenvolvam alopecia areata (e para as demais doenças que mostraram associação com a alexitimia – psoríase e vitiligo), no sentido de melhorar a qualidade de vida desses pacientes e de ajuda-los no sentido de buscar compreender melhor suas emoções. 
Por fim, fica claro que a incapacidade de lidar com emoções ou percebê-las corretamente é um fator de risco para determinadas patologias de pele, incluindo a alopecia areata, e que o apoio psicológico a esses pacientes, tendo em vista a incidência de alexitimia em pacientes com essas doenças pode ser de grande ajuda para que lidem melhor com o problema. 
Referência:
F. Dehghani, F Dehghani, Kafaieb P, Taghizadehc MR. Alexithymia in different dermatologic patients. Asian Journal of Psychiatry. 2017;25:42–45.

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