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Dossiê: Os Perigos de Misturar Cosméticos Capilares com Substâncias Aleatórias

Nos últimos anos, diversas “receitas caseiras” surgiram prometendo soluções milagrosas para crescimento capilar, hidratação intensa e fortalecimento dos fios. Misturas como shampoos com Monovin A, anticoncepcionais, Bepantol e outras substâncias ganharam popularidade através da internet e boca a boca. No entanto, o que muitas pessoas não sabem é que essas práticas podem comprometer a saúde do couro cabeludo e dos cabelos, gerando efeitos adversos e, em alguns casos, danos irreversíveis. Vamos analisar os principais riscos dessas misturas e entender por que a melhor opção é sempre utilizar produtos testados e aprovados para uso cosmético.

Shampoo + Monovin A: O Perigo do Excesso de Vitamina A

O Monovin A é um suplemento veterinário rico em vitamina A, utilizado para aplicação intramuscular em animais de grande porte, como cavalos e bovinos. A ideia de adicioná-lo ao shampoo para estimular o crescimento capilar ganhou força com o chamado “Shampoo Bomba”. No entanto, essa prática apresenta riscos significativos.

O primeiro problema é a concentração excessiva de vitamina A. Diferente das vitaminas hidrossolúveis, como a vitamina C, que são eliminadas pelo organismo com facilidade, a vitamina A é lipossolúvel, o que significa que pode se acumular no couro cabeludo e causar efeitos contrários ao esperado, como queda capilar e irritação. Além disso, sua base oleosa pode obstruir os folículos pilosos, levando a dermatites e aumentando a oleosidade do couro cabeludo.

Outro ponto crucial é a falta de estudos científicos comprovando a eficácia do Monovin A em humanos. Não há evidências de que a aplicação tópica da vitamina A isolada possa estimular o crescimento dos fios. Pelo contrário, quando em excesso, a vitamina A pode levar à fragilidade capilar e até a queda severa.

Shampoo + Anticoncepcionais: O Mito dos Hormônios no Cabelo

Outra mistura muito difundida é a adição de pílulas anticoncepcionais trituradas no shampoo para combater a queda de cabelo e estimular o crescimento dos fios. A lógica por trás desse mito é que os hormônios presentes nas pílulas poderiam fortalecer os cabelos e promover um crescimento mais acelerado.

Porém, essa crença não tem base científica. Os hormônios do anticoncepcional atuam no organismo quando ingeridos, pois entram na corrente sanguínea e influenciam a produção de outras substâncias, podendo ajudar em casos de queda capilar relacionada a desequilíbrios hormonais. No entanto, quando aplicados diretamente no couro cabeludo, não são absorvidos de forma eficaz, tornando o procedimento inútil.

Outro problema é que a adição das pílulas ao shampoo pode alterar sua formulação, comprometendo seu pH e tornando-o menos eficiente na limpeza dos fios. Dependendo da composição, a mistura pode também aumentar a oleosidade e causar irritação no couro cabeludo, favorecendo problemas como dermatite seborreica e queda capilar induzida por inflamação.

Shampoo ou Condicionador + Bepantol: Hidratação ou Excesso?

Diferente das misturas anteriores, adicionar Bepantol (Dexpantenol) ao shampoo ou ao condicionador tem fundamento, pois a Pró-Vitamina B5 é um ativo hidratante frequentemente utilizado na indústria cosmética. No entanto, isso não significa que misturar Bepantol a qualquer shampoo ou condicionador seja uma boa ideia.

O Dexpantenol ajuda a reter umidade nos fios e melhora sua maleabilidade, porém, quando adicionado ao shampoo, pode ter sua eficácia reduzida devido à lavagem imediata. O ideal é usá-lo em condicionadores ou máscaras, onde há tempo suficiente para a absorção dos ativos. Também é importante garantir que a adição do Bepantol não altere o pH do produto, pois isso pode comprometer sua estabilidade. Para quem busca hidratação intensa, é mais seguro utilizar produtos que já contenham Dexpantenol na formulação original.

Máscaras Capilares + Óleos Essenciais: Um Perigo Disfarçado de Naturalidade

Muitas pessoas adicionam óleos essenciais diretamente às máscaras capilares na tentativa de turbinar a hidratação ou fortalecer os fios. Embora alguns óleos tenham propriedades benéficas, o uso indiscriminado e sem diluição pode causar sérios danos. Óleos como o de canela, cravo ou hortelã-pimenta, quando aplicados de forma concentrada, podem causar irritações severas no couro cabeludo, sensibilização alérgica e até queimaduras químicas. Além disso, a mistura de óleos essenciais com máscaras comerciais pode interferir na absorção dos ativos originais do produto, reduzindo sua eficácia e desestabilizando sua fórmula.

O Risco de Misturar Cosméticos Capilares com Substâncias Aleatórias

Um dos maiores problemas de misturar cosméticos prontos com outras substâncias é que isso compromete a estabilidade da formulação. Os produtos industriais passam por testes rigorosos para garantir a compatibilidade dos ingredientes, evitando reações indesejadas. Quando uma substância externa é adicionada, o pH pode ser alterado, reduzindo a eficácia do produto e potencializando irritações.

Outro risco é a proliferação de micro-organismos. Os cosméticos contêm conservantes ajustados para manter a segurança microbiológica, mas a adição de novos ingredientes pode desbalancear essa proteção, levando à contaminação por fungos e bactérias. Isso aumenta o risco de infecções cutâneas e reações alérgicas.

Por fim, muitas misturas podem causar reações químicas imprevistas, tornando os produtos menos eficazes ou até prejudiciais à pele e aos cabelos.

Conclusão

A ideia de potencializar produtos cosméticos pode ser tentadora, mas é essencial lembrar que cada fórmula é desenvolvida com um equilíbrio específico de ingredientes para garantir segurança e eficácia. Alterar essa composição sem conhecimento técnico pode trazer riscos graves. Para cuidar da saúde dos cabelos e da pele, o ideal é apostar em produtos cientificamente formulados e buscar orientação profissional antes de testar misturas caseiras arriscadas.

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