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Envolvimento Occipital na Calvície Masculina: O mito da “área segura” em xeque

Um dos fundamentos clássicos da restauração capilar sempre foi a crença de que a região occipital do couro cabeludo está livre da influência dos andrógenos. Foi com base nessa ideia que se construiu o conceito da “área doadora” em transplantes capilares. No entanto, o estudo publicado na revista Frontiers in Medicine em 2021 levanta uma questão incômoda, mas necessária: será que essa área é realmente imune à alopecia androgenética?

Conduzido por pesquisadores tailandeses, o estudo examinou biópsias da região occipital de 82 homens com AGA avançada (estágios III a VII da escala de Hamilton-Norwood), comparando-as com amostras de 82 indivíduos sem alopecia. O resultado? Homens com AGA apresentaram uma redução significativa no número total de folículos, nos folículos terminais, nas unidades foliculares e na razão terminal:vellus, além de um aumento de estruturas chamadas estelas foliculares – tudo isso, na região considerada “normal”.

As alterações foram ainda mais pronunciadas nos pacientes com AGA em estágio avançado (VI e VII), sugerindo que a degeneração folicular na região occipital não apenas existe, como se intensifica com a progressão da doença. Isso desmonta a noção da invulnerabilidade occipital e lança luz sobre a importância de avaliarmos com mais critério as áreas doadoras em procedimentos cirúrgicos.

Outro ponto interessante: o estudo encontrou correlação negativa entre a duração da doença e o número total de folículos, mas nenhuma associação significativa com a idade. Isso reforça que as alterações observadas não se devem ao envelhecimento natural, mas à ação crônica e progressiva do processo androgenético.

Do ponto de vista clínico e cirúrgico, a mensagem é clara: precisamos abandonar a suposição de que a região occipital é sempre segura. Em casos avançados de AGA, a análise minuciosa dessa área deve ser parte obrigatória da conduta médica, especialmente em planejamentos de transplante capilar.

Esse trabalho nos convida a repensar conceitos cristalizados e assumir uma postura mais crítica e científica diante da complexidade da calvície. Afinal, mesmo naquilo que considerávamos “seguro”, pode haver sinais sutis de transformação.

Referência:

Khunkhet S, Chanprapaph K, Rutnin S, Suchonwanit P. Histopathological evidence of occipital involvement in male androgenetic alopecia. Front Med (Lausanne). 2021 Nov 22;8:790597. doi: 10.3389/fmed.2021.790597. PMID: 34869141; PMCID: PMC8636592.

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