Equipamento de alta frequência com os dois eletrodos mais utilizados em terapia capilar, o pente e o cebolão. |
Esta época do ano contribui e
muito no aparecimento de dermatite seborreica (DS), especialmente devido ao
frio, vento e mudanças de hábitos (banhos quentes, espaçamento entre lavagens
dos cabelos, comida mais gordurosa). Quem convive com a dermatite seborreica
sabe o quanto ela pode ser desagradável, como já mencionamos neste texto do Dr Ademir Jr.
Seus sinais clínicos no couro cabeludo incluem descamação, eritema (vermelhidão),
prurido (coceira) e seborreia, podendo deixar os cabelos com aspecto de sujos. A
produção de sebo aumentada, característica da doença que se desenvolve
justamente em áreas ricas em glândulas sebáceas (couro cabeludo, face, peito e
costas), favorece a proliferação fúngica (neste caso os fungos do gênero Malassezia). Muitos são os ativos antifúngicos utilizados no
tratamento desta condição. Já escrevemos aqui no blog sobre a aplicabilidade
dos corticoides,
do óleo de melaleuca e das nanoesferas de ácido salicílico.
de alta frequência para o tratamento de dermatite seborreica é frequente,
especialmente baseada no efeito antisséptico da técnica. Em um estudo in vitro em cultura de fungos Candida albicans a aplicação de alta
frequência foi feita com o eletro fulgurador durante 5 minutos, uma única vez. Neste
estudo, houve redução de 90% no crescimento do fungo quando comparado à placa
não tratada, demonstrando o efeito antifúngico. Esta propriedade também foi
demonstrada por Silva, Diomo e Faria (2011) ao tratarem onicomicose (infecção
fúngica nas unhas) de 3 indivíduos ao longo de 12 meses, uma sessão por semana.
Alguns autores estudaram os resultados do ozônio no tratamento de feridas e
úlceras e atribuem os bons resultados encontrados às suas propriedades
antissépticas e anti-inflamatórias, motivos pelos quais a alta frequência, uma vez
que é capaz de emitir este gás, pode ser útil no tratamento da dermatite
seborreica.
amplamente utilizada na área da estética embora seja muito restrito o respaldo
científico para suportar todas as suas disseminadas indicações. Costumo comentar
com as minhas alunas sobre a falta de artigos sobre o tema, o que, de certa
forma, torna questionável a sua utilização. Quanto à funcionalidade da técnica
no tratamento de alopecia androgenética ainda não encontrei material para
embasar um texto aqui no blog, mas felizmente há algum, ainda que pouco, avaliando
a contribuição da técnica como antifúngica, antibacteriana e como auxiliar na cicatrização
de feridas. Informações que podem ser parcialmente transpostas para o
tratamento de dermatites do couro cabeludo, especialmente a seborreica.
o gerador de alta frequência produz uma corrente alternada de elevada
frequência e baixa intensidade, utilizada na estética com tensão aproximada de
30 mil a 40 mil volts e uma frequência de 150 a 200Khz. O equipamento induz a
formação de gás ozônio (O3) através de descargas elétricas em átomos
de oxigênio; é justamente o ozônio formado o principal responsável pelas
propriedades antissépticas. Por ser uma molécula instável, o ozônio rapidamente
se converte em O2 e O–, este último altamente oxidante. Quando
em contato com microrganismos, esta molécula reativa de oxigênio (O–)
pode influenciar eventos bioquímicos do metabolismo celular e culminar no
efeito antisséptico.
quem não conhece, consiste basicamente de três partes: o gerador, a manopla ou
porta-eletrodos e o eletrodo em si. Os eletrodos são de vidro, ocos, contendo
no seu interior ar rarefeito ou neon. São encontrados em formatos variados, a
saber: pente, cebolinha (redondo, menor), cebolão (redondo, maior), forquilha e
fulgurador (em forma de bico). Os quatro primeiros de aplicação direta sobre a
superfície da pele; o último normalmente utilizado em casos de lesão aberta,
pois não entra em contato com a pele, sendo a aplicação feita por faiscamento.
custo de investimento e manutenção, além da facilidade de manuseio do
equipamento. O tempo de aplicação, bem como a periodicidade com que devem ser
feitas ainda é uma questão a ser estudada. Os estudos atualmente disponíveis
são bastante discrepantes quanto a isso, em um deles a técnica foi utilizada 3
vezes por dia (15 minutos) durante 5 semanas como auxiliar no tratamento de
úlcera por pressão, algo totalmente improvável do ponto de vista prático
profissional, exceto em ambientes hospitalares, onde a internação facilitaria a aplicação da técnica com esta frequência. Em outro, a aplicação aconteceu uma vez por semana no tratamento
de onicomicose.
diagnóstico da dermatite seborreica é de fundamental importância para que haja
chance de sucesso no tratamento. Além do que, é ilusão pensarmos que apenas a
técnica de alta frequência será suficiente para a resolução da doença. Pode-se
pensar nela como uma coadjuvante ao tratamento medicamentoso.
ozônio através do aparelho de alta frequência no tratamento da úlcera por
pressão. Revista Brasileira de Ciências da Saúde, n. 30, p. 41-6, 2011.