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Fatores de Risco e Comorbidades Associadas à Alopecia Cicatricial Central Centrífuga

A alopecia cicatricial central centrífuga (CCCA) é a forma mais comum de alopecia cicatricial e afeta predominantemente mulheres negras. A doença inicia-se no centro do couro cabeludo, progredindo de forma centrípeta e levando à perda permanente dos fios. Embora a etiologia exata ainda não esteja completamente elucidada, sabe-se que fatores ambientais e genéticos estão envolvidos. Este estudo revisou 15 artigos científicos, investigando fatores de risco e comorbidades associadas à CCCA para ajudar médicos a orientar seus pacientes e propor abordagens terapêuticas mais eficazes.

Os principais fatores de risco encontrados incluem o uso de penteados com tração, como tranças e apliques, que foram associados ao desenvolvimento da doença em 2 de 3 estudos analisados. O uso de relaxantes químicos também mostrou correlação em um dos estudos revisados. Além disso, mulheres que tiveram gestações prévias apresentaram um risco aumentado para CCCA. A idade e o tempo de evolução da perda capilar também foram fatores determinantes para a gravidade da alopecia, conforme demonstrado em 2 estudos.

O estudo também destacou as comorbidades frequentemente associadas à CCCA. A diabetes tipo 2 foi a comorbidade mais documentada, com 3 dos 5 estudos revisados mostrando uma associação significativa entre a doença metabólica e a alopecia cicatricial. Miomas uterinos, hiperlipidemia e deficiência de vitamina D também foram identificados como possíveis comorbidades, embora com menor consistência nos resultados entre os estudos.

O impacto da CCCA na qualidade de vida das pacientes é significativo. Estudos apontam que mulheres afetadas pela condição relatam altos níveis de angústia emocional, baixa autoestima e preocupação com a aparência. Além disso, questões culturais e de identidade capilar influenciam a busca por tratamento, sendo que a experiência do médico com cabelo afro e os custos do tratamento são fatores decisivos para as pacientes.

Do ponto de vista genético, foi identificado que mutações no gene PADI3, responsável pelo desenvolvimento da haste capilar, podem predispor ao desenvolvimento da doença. Além disso, há indícios de que a CCCA possa estar ligada a genes envolvidos em doenças fibroproliferativas, o que explicaria a associação com condições como miomas uterinos e distúrbios metabólicos.

Embora os tratamentos atuais para a CCCA se concentrem no uso de corticosteroides tópicos e orais, bem como inibidores imunológicos, novas abordagens terapêuticas podem ser necessárias. Estudos sugerem que medicamentos antifibróticos, como losartana e estatinas, podem ser úteis no tratamento da doença, já que a fibrose dérmica é um dos componentes centrais da patogênese da CCCA.

O estudo conclui que mais pesquisas são necessárias para compreender melhor os mecanismos da doença e suas associações com outras condições de saúde. A identificação de fatores de risco modificáveis, como hábitos capilares, pode auxiliar na prevenção da progressão da alopecia. Além disso, a conscientização sobre as comorbidades associadas pode levar a um diagnóstico mais abrangente e a um manejo clínico mais eficaz para as pacientes com CCCA.

Referência:

Green M, Feschuk A, Valdebran M. Risk factors and comorbidities associated with central centrifugal cicatricial alopecia. Int J Womens Dermatol. 2023;9:e108. doi:10.1097/JW9.0000000000000108.

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