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HOMENS, CUIDADO AO CORTAR OS CABELOS ou FAZER A BARBA NO SALÃO!

Num belo dia resolvo
que minhas unhas precisam de um cuidado. Agendo o serviço de manicure num salão
que encontro na internet, simplesmente porque era próximo de onde eu estava. Eu
sequer imaginava que teria 1 h para assistir de camarote a um monte de
absurdos. Falta de higiene e informações equivocadas sendo repassadas de
cliente para cliente. Vou lhes poupar dos comentários sobre as barbáries da
manicure e me deter aos cabelos. Eis que chega um senhor no salão para assear a
barba. Achei bonito o ritual, a cabeça dele bem reclinada no encosto da
cadeira, o avental de proteção para não sujar suas roupas, pronto para receber
os cuidados que havia solicitado. Não costumo frequentar salões onde homens fazem
a barba, então fiquei curiosa e despretensiosamente observando a situação. A “profissional”
diminui a altura da barba com uma daquelas maquininhas que também servem para
cabelo e abre a embalagem de um aparelho de barbear com lâmina, daqueles bem
simples que encontramos em qualquer farmácia. Até aqui tudo lindo. Em um recipiente,
coloca água com sabão e com o auxílio de um pincel espalha o sabonete, formando
uma espuma cremosa sobre a pele onde pretendia depilar o excesso de barba. O
senhor vai embora, satisfeito com o resultado… A “profissional” enxágua o
pincel e aparelho de barbear com água corrente e os deixa sobre o mesmo suporte
de vidro à espera de um próximo freguês. O tal pincel estava ali,
paradinho sobre um suporte de vidro, sob a incidência do sol, fervilhando de
microrganismos que, com os restos de água, detritos celulares, poeira e as
próprias cerdas do pincel faziam festa. Eis que uns minutos depois adentra pela porta
do salão outro homem, desta vez pedindo horário para cortar os cabelos. Ele senta,
ela corta os cabelos com auxílio de um borrifador de água, pente e tesoura.
Para finalizar e deixar aquela linha retinha no pescoço, por que não usar o
mesmo aparelho de barbear do senhor que acabara de sair? Pois foi o que fez a
tal “profissional”.
O que dizer
sobre isso? O que preconiza o Ministério da Saúde e a ANVISA à As lâminas para barbear são de uso único ficando vetado o seu
reprocessamento, devendo ser descartadas como material perfuro cortante. O Ministério da Saúde classifica como artigos críticos este tipo
de instrumento (alicates
de cutículas, tesouras, navalhas, pinças, dentre outros) que podem ocasionar a
penetração através da pele e mucosas. Portanto, necessitam de tratamento
específico (esterilização) para se tornarem livres de quaisquer microorganismos
capazes de transmitir doenças. E neste caso, aparelho de barbear não é esterilizável, é
DESCARTÁVEL! O pincel de barbear, por sua vez, não é um item higiênico e é
totalmente dispensável. Espumas de barbear podem ser facilmente espalhadas com
as mãos enluvadas, evitando qualquer tipo de contaminação entre clientes.
Não bastasse o
atendado contra as regras básicas de biossegurança, o moço que pediu para
cortar os cabelos pergunta à senhora se ela sabia de algo para crescer cabelo.
Ele apresentava rarefação capilar no vértice. O que diz a senhora, prontamente?
Claro! Sei sim! Lá na “tal” loja tem xampus para crescer cabelo e tu ainda podes
passar na farmácia e comprar uma ampolinha de vitaminas para misturar no xampu.
A indicação do produto veio também com recomendação de modo de usar: tem que
deixar uns minutinhos na cabeça para penetrar bem.
Quais são as questões
que eu gostaria de ressaltar:
1. Tratar o seu
cliente/paciente com respeito inclui não dizer a ele coisas que você não sabe
se são verdadeiras e não expô-lo a riscos graves de contaminação.
2. Se você
trabalha com cuidados estéticos dos cabelos (corte, modificações de cor,
formato, etc) e quiser também atuar com terapia capilar, capacite-se para isso.
Existem cursos de graduação tecnólogos, cursos de curta duração, congressos,
palestras, etc. A tricologia é um universo, não pense que apenas uma que outra
leitura ou uma palestrinha assistida uma vez na vida serão suficientes. Além
disso, diagnóstico é de responsabilidade médica.
3. Xampus, via
de regra, não são bons veículos para o tratamento de problemas capilares como a
calvície (alopecia androgenética). Pensando em aplicação local, produtos de
permanência como tônicos ou loções são mais indicados. Se quiser saber mais
sobre porque xampus não são os produtos mais adequados para tratar calvície,
acesse esse texto escrito
pelo Dr Ademir Jr.
4. Misturar uma
ampolinha dentro de um frasco de xampu? Você tem como saber se aqueles dois
produtos são compatíveis? Se a formulação não desestabilizará? Se não ocorrerá
algum reação entre os componentes de uma e outra fórmula? Inativação dos ativos
de cada uma delas? Não há como saber, então não sugira nada disso. Além do que,
a ampolinha de vitamina dentro de um frasco de xampu será diluída, ou seja, a
concentração pode deixar de ser a adequada.
Aos homens, cuidem para que a navalha / lâmina / aparelho de barbear seja aberto na sua frente. É a sua saúde que está em jogo.
Até a próxima!
Referências
Pereira, et al. MANUAL DE ORIENTAÇÃO PARA INSTALAÇÃO E
FUNC IONAMENTO DE INSTITUTOS DE BELEZA SEM RESPONSABILIDADE MÉDICA. Centro de Vigilância Sanitária do Estado
de São Paulo. Junho/2012.
ANVISA, 2009. REFERÊNCIA TÉCNICA PARA
O FUNCIONAMENTO DOS SERVIÇOS DE ESTÉTICA E EMBELEZAMENTO SEM RESPONSABILIDADE
MÉDICA.

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