O estudo evidencia, com robustez, os riscos associados aos tratamentos químicos de alisamento capilar, tanto em aplicações únicas quanto seriadas. Os alisantes alcalinos (hidróxidos de sódio, guanidina e tioglicolato de amônio) e ácidos (à base de ácido glicólico, como na escova progressiva) promovem danos estruturais aos fios, mas com mecanismos e impactos distintos. De forma prática, as aplicações únicas de produtos alcalinos causam perda de proteínas (cerca de 2,5 µg/g) e modificações irreversíveis nas pontes dissulfeto, fragilizando a fibra capilar. Já o ácido glicólico, embora tenha impacto similar na força à tração devido à formação de um filme polimérico na superfície das cutículas, apresenta a maior perda de proteínas (3,5 µg/g) e requer calor extremo (200°C), aumentando a probabilidade de danos cumulativos no córtex e cutícula.
Nas aplicações seriadas, esses danos são exacerbados. A degradação acumulativa compromete a integridade do córtex, levando a perda de elasticidade e aumento da propensão à quebra dos fios. Além disso, o ácido glicólico, com pH inferior a 2,0, intensifica a agressão ao fio em função do calor repetido e da alteração na estrutura dos aminoácidos da queratina. Esses processos podem deixar o cabelo progressivamente mais opaco, áspero e fragilizado, além de aumentar a sensibilidade a tratamentos futuros como coloração ou novos alisamentos.
É fundamental que pacientes entendam que o uso repetitivo desses produtos pode gerar danos irreparáveis, especialmente se associados a técnicas de aplicação inadequadas ou intervalos curtos entre sessões. Esses riscos incluem quebra excessiva, ressecamento extremo e até perda de volume capilar.
A conscientização do paciente deve ser o ponto central. Buscar alternativas menos agressivas, como intervalos maiores entre aplicações, hidratações regulares e uso de produtos reparadores, é essencial. Alisantes químicos, mesmo com promessas de praticidade e beleza, exigem atenção redobrada para evitar efeitos colaterais significativos. Profissionais precisam ser transparentes quanto aos riscos e orientar adequadamente os consumidores sobre cuidados pós-tratamento.