Estudar inflamação é fundamental para toda prática em saúde. Já faz alguns anos que tenho dito em meus cursos o quanto eu tenho estado atento ao crescente aumento de sinais e sintomas inflamatórios em meus pacientes.
Descrita em uma ampla variedade de doenças dos cabelos e do couro cabeludo, a inflamação tem dirigido minhas orientações de tratamento e o motivo principal para isso é que, diferente do que via no começo de minha carreira, mais especificamente a partir de 2001 quando comecei a fazer tricoscopia, mais de 90% de meus pacientes apresenta algum grau de inflamação e apenas aqueles que parecem ter hábitos mais saudáveis de saúde, não terem doenças específicas do couro cabeludo e uma boa rotina de higiene da pele do couro estão livres de apresentá-los.
Muita gente chega a mim com queixas de prurido, caspa, desconforto, sensibilidade, queimação, situações comuns na pele inflamada. Mas há casos em que os sinais são subclínicos, não trazendo desconforto qualquer ao paciente, porém, ainda assim, estão presentes.
As causas são muitas, cabe lembrar de algumas delas aqui como a higiene inadequada dos cabelos e do couro cabeludo, uso de produtos cosméticos que não estão de acordo com o tipo de cabelo ou de pele, abuso de métodos térmicos ou químicos, químicas agressivas ou aplicadas de maneira inadequada, exposição solar do couro cabeludo, problemas de saúde associados a outros sistemas corporais (incluindo as doenças autoimunes), uso de determinados medicamentos, exposição a toxinas ambientais, contaminação de alimentos, poluição, resistência à insulina, estresse físico e psíquico e as doenças próprias da pele do couro cabeludo como psoríase, dermatite seborreica, líquen e dermatites de contato, para citar algumas delas.
Sobre a contaminação do nosso corpo, em seu livro Processos Naturais de Desintoxicação para a Prevenção e Tratamento das Doenças, o médico Artur Lemos diz: A medicina tem estudos e pesquisas mais voltadas para as intoxicações agudas e quase nada para a relação entre os poluentes que cronicamente e por vezes em doses homeopáticas, interagem com o organismo humano. Talvez o maior contato entre o Homem e os compostos poluentes ocorra através dos alimentos e da água potável.
Deve-se ter em consideração que muitos desses compostos interferem diretamente em respostas hormonais e celulares de nosso corpo. E há tantos compostos que podem interferir na nossa saúde que sequer imaginamos. Fica até difìcil, diante de um paciente, afirmar quais fatores podem estar interferindo em sua saúde geral e capilar se não levarmos em consideração que estamos constantemente colocando nosso organismo a prova para nos defender dos grandes e reconhecidos causadores de inflamação, assim como desses ataques imperceptìveis. Quando um paciente me pergunta sobre o que está causando a inflamação que ele apresenta em seu couro cabeludo, cito as causas mais comuns, porém sem esquecer daquelas que estão no pano de fundo do problema e que podem ser causas principais ou as coadjuvantes no processo.
Fazendo uma analogia com o cultivo em lavouras, para se ter uma boa colheita não basta apenas termos uma boa semente. Se a terra não estiver bem preparada, saudável para receber esta semente, a colheita ficará sempre abaixo daquilo que poderia ser. Nos cuidados com as alopecias o mesmo pensamento é válido. Reduzir o estado inflamatório é importante para uma melhor performance dos tratamentos capilares e, quando possível, atingir um melhor sucesso da recuperação dos cabelos.
Para aqueles com condições severas de inflamação, os cuidados inflamatórios não devem ficar limitados ao uso de medicamentos e procedimentos inflamatórios, uma avaliação ampla sobre as causas já citadas e sobre o que pode ser melhorado no estilo de vida dos pacientes é fundamental e deve ser parte da orientação do tratamento.