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Intradermoterapia – Uma área de atuação interessante para os cuidados com os problemas capilares

Na última sexta-feira estive numa das unidades do ISMD (Instituto Superior de Medicina), para mais uma aula sobre intradermoterapia (IDTP) no curso de Dermatologia Estética. 
Ministrar essa aula por lá é sempre um grande prazer. Tenho alguns motivos para gostar do tema, mas o principal deles é que quando comecei a trabalhar como médico um dos primeiros cursos de extensão que eu fiz foi em mesoterapia, na época o nome que tinha a intradermoterapia. 
A IDTP é um método bastante difundido em alguns países da Europa para o tratamento de problemas de saúde em geral. Doenças, na verdade. A França, país onde nasceu a IDTP é um desses países onde o método é praticado para tratar desde lesões ostearticulares até problemas vinculados ao estado imunológico dos pacientes. 
O objetivo da IDTP é utilizar dosagens mínimas de princípios ativos, com uma frequência semanal ou quinzenal, infundidos na derme (porção média da pele) dos pacientes mediante o diagnóstico do problema pelo médico. Esses ativos, escolhidos em função do tipo e gravidade do problema, serão espalhados nas regiões de pele compatíveis com as áreas onde os problemas estão localizados. Logo, se o problema está localizado próximo ao joelho direito, naturalmente a região onde a aplicação acontecerá será no entorno da área do joelho acometido. 
Há todo um conjunto de cuidados que deve ser tomado quando fazemos a intradermoterapia. Desde um bom diagnóstico, passando pela escolha dos ativos que devem ser compatíveis entre si, aquisição dos produtos a serem utilizados de empresas que possam garantir a qualidade dos mesmos, além de uma boa antissepsia da área a ser tratada. O profissional deverá ter o cuidado de infundir os medicamentos num plano de profundidade ideal e o volume aplicado não pode ser excessivo. 
Sempre há riscos quando não seguidos os cuidados citados acima, por isso médico e paciente devem estar cientes de suas responsabilidades quando optarem pelo mesmo. 
Também é importante dizer que as sessões nas quais o método é utilizado costumam estar associadas à formação de equimoses (hematomas), ou ao surgimento de um certo desconforto ou avermelhamento da área tratada (eritema). Há casos de alergia como reações ao procedimento. Por isso é muito importante uma boa interação entre médico e paciente para que fique muito claro alergias e tendências alérgicas prévias que o paciente pode ter manifestado ao longo da vida. 
Como método para o tratamento de problemas capilares, a intradermoterapia costuma ser segura e apresenta resultados variáveis. Há pacientes, e até mesmo colegas médicos, que aderem ao método e o vê como bons olhos. Enquanto outros (pacientes e médicos também), não pensam ser a IDTP uma boa opção. 
O que mais chama a atenção sobre o método é que, apesar de utilizado com frequência em clínicas médicas, há muito pouco material publicado sobre o método no que diz respeito ao seu uso nas alopecias e quadas capilares em geral. É muito mais fácil encontrarmos pesquisas ou artigos publicados sobre temas clínicos ou sobre o tratamentos de problemas estéticos não relacionados à queda capilar. 
Sobre a IDTP em problemas capilares, o que a prática clínica e os painéis e mesas redondas de congressos médicos nos mostram é que algumas indicações podem evoluir com mais ou menos sucesso. Casos de rarefações de pequenas áreas ou crises de quedas capilares provocados por fatores pontuais (estresse, infecções, dietas rigorosas, cirurgia, pós-parto), costumam ser boas escolhas para o método e promovem resultados mais significativos. Nas rarefações de extensão moderada ou de grandes extensões, o método pode até evoluir bem para alguns pacientes, mas nem todos vão ter uma melhora significativa.
No geral, percebo que uma boa parte dos colegas que atende problemas de queda capilar pensam no método como uma opção. E como sou simpático ao mesmo, acabo confirmando algo que compartilho com esses colegas, que a IDTP é uma boa possibilidade dentro do repertório do médico que que a indica para os cuidados com a queda capilar para uma grande parte dos pacientes. 
Referências:
Moftah N, Moftah N, Abd-Elaziz G, Ahmed N, Hamed Y, Ghannam B, Ibrahim M. Mesotherapy using dutasteride-containing preparation in treatment of female pattern hair loss: photographic, morphometric and ultrustructural evaluation. J Eur Acad Dermatol Venereol. 2013 Jun;27(6):686-93.
Schmutz JL, Barbaud A, Trechot P. Alopecia and mesotherapy. Ann Dermatol Venereol. 2010 Apr;137(4):338. 
Mysore V. Int J Trichology. Mesotherapy in Management of Hairloss – Is it of Any Use? 2010 Jan;2(1):45-46.
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