Você já passou por uma fase estressante e notou o cabelo ficando mais ralo, caindo aos montes no banho ou na escova? Pois saiba que isso não é coincidência, e a ciência está começando a explicar por quê. O que o estresse causa ao cabelo? Mais do que você imagina.
Pesquisadores descobriram que o estresse pode literalmente “calar” os folículos capilares, impedindo que eles saiam do modo repouso e voltem a crescer. O culpado? Um hormônio que todos nós produzimos: o cortisol.
O que está acontecendo no seu couro cabeludo quando você está estressado?
Nos bastidores do couro cabeludo, existe um ambiente altamente coordenado onde proteínas, células e sinais químicos regulam quando o fio de cabelo deve crescer, descansar ou cair. Durante períodos prolongados de estresse, os níveis de cortisol sobem — e isso altera todo esse equilíbrio.
O estudo mostrou que o cortisol suprime uma molécula importante para ativar as células que dão origem aos fios. Sem esse sinal, os folículos pilosos ficam presos na fase de repouso (telógena), impedindo o crescimento de novos fios. O resultado? Cabelo parado no tempo, ou pior, caindo sem reposição.

E se pudéssemos acordar esses folículos adormecidos?
A parte mais empolgante do estudo é que, ao restabelecer esse sinal perdido, os cientistas conseguiram “acordar” os folículos e estimular novamente o crescimento capilar — mesmo com altos níveis de cortisol no corpo. Isso indica que é possível, sim, contornar os efeitos do estresse sobre o cabelo.
O que isso muda na forma como cuidamos do cabelo?
Se antes o estresse era visto apenas como um fator psicológico relacionado à queda capilar, agora sabemos que ele atua em nível biológico. Isso abre caminho para novas abordagens terapêuticas e reforça a importância de estratégias que cuidem tanto da saúde mental quanto do couro cabeludo.
Um exemplo vindo das quadras
Enquanto Rafael Nadal se tornou um ícone tanto pelo tênis quanto pela calvície visível, o jovem tenista João Fonseca surge com cabelos fartos e sem sinais de rarefação. Claro, a genética conta muito, mas o controle do estresse e o estilo de vida podem estar ajudando Fonseca a manter os fios no lugar. Em uma carreira tão intensa como a do tênis profissional, saber lidar com o desgaste emocional pode ser tão decisivo para o couro cabeludo quanto para o ranking.
Para quem está enfrentando queda capilar
- Preste atenção em momentos da sua vida marcados por estresse prolongado — isso pode ser um gatilho real para a queda de cabelo.
- Busque apoio médico, mas também considere práticas que aliviem o estresse: atividade física, sono, respiração, terapia.
- O futuro dos tratamentos pode incluir estratégias que “desligam o modo silêncio” dos folículos capilares.
O cabelo também sente o que a mente vive. O estresse prolongado altera os sinais que regulam o ciclo capilar, silenciando o crescimento. Compreender esse processo nos aproxima de soluções mais eficazes, e mais humanas, para cuidar do couro cabeludo.
Quist SR, Quist J. Keep quiet-how stress regulates hair follicle stem cells. Signal Transduct Target Ther. 2021 Oct 8;6(1):364. doi: 10.1038/s41392-021-00772-4. PMID: 34625527; PMCID: PMC8501069.