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CONDICIONADORES CONTENDO ÓLEOS VEGETAIS BRASILEIROS SÃO CAPAZES DE AUMENTAR A RESISTÊNCIA DOS CABELOS?? Leia e descubra.

Leia o texto e descubra o que um grupo de pesquisadores
brasileiros concluiu.
O uso de extratos ou substâncias de origem vegetal é uma realidade e segue como forte tendência no mercado cosmético mundial. O apelo “natural” influencia a percepção dos consumidores sobre o produto, que normalmente é tido como menos agressivo ou prejudicial. São inegáveis as propriedades que possuem grande parte dos bons extratos/derivados botânicos (sim, há extratos, óleos, ceras, manteigas, etc que dependendo de como são obtidos e processados podem ter suas propriedades benéficas minimizadas). Algumas aplicabilidades de derivados botânicos você pode encontrar neste texto sobre óleo essencial de alecrim (clique aqui), neste sobre óleo essencial de jujuba (clique aqui), neste sobre óleo essencial de melaleuca (clique aqui) e neste sobre o óleo de semente de abóbora (clique aqui). No entanto, há uma questão crucial que não deve ser ignorada, a de que cosméticos não necessariamente precisam ter sua efetividade comprovada. Os cosméticos são classificados como de Grau I ou II em função da probabilidade de ocorrência de efeitos não desejados devido ao uso inadequado do produto, sua formulação, finalidade de uso, áreas do corpo a que se destinam e cuidados a serem observados quando de sua utilização, conforme informa a ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária). Produtos infantis, protetores solares e para a região genital serão sempre Grau II, bem como aqueles que trazem uma afirmação de ação, por exemplo, “Diminui a caspa em 15 dias”. Neste caso, este apelo de marketing precisa ser comprovado. No entanto, os produtos grau I “se caracterizam por possuírem propriedades básicas ou elementares, cuja comprovação não seja inicialmente necessária e não requeiram informações detalhadas quanto ao seu modo de usar e suas restrições de uso”. Por exemplo, um xampu que se diga “para cabelos secos e quebradiços” não necessariamente teve sua efetividade avaliada para tal indicação. Na verdade, são raras as empresas que, uma vez que não há a obrigação legal, investem capital neste tipo de pesquisa/avaliação. Mas o que espera o consumidor ao adquirir o xampu para cabelos secos? Que este aspecto seja amenizado. Que seus cabelos fiquem mais macios e sedosos, o que seria um resultado de hidrata-los. Pois bem, não digo que a indústria cosmética esteja o enganando; digo que ao ler este tipo de informação no rótulo de um produto é bem provável que você crie grandes expectativas e elas podem não ser atendidas. Empresas idôneas e responsáveis, em contrapartida, formulam este produto buscando atender a esta expectativa criada pelo apelo mercadológico. Como? utilizando ingredientes que combinados resultarão em um produto com sensorial agradável e que tragam ao consumidor o benefício esperado. Tensoativos mais suaves, emolientes, sejam eles sintéticos ou naturais (como os óleos vegetais, gorduras), umectantes, nanopartículas, aminoácidos, proteínas, enfim.. substâncias que sejam capazes de fornecer ao consumidor o que ele espera ao adquirir em um xampu com este claim
Foto ilustrativa de um texturômetro, equipamento que pode
fornecer informações objetivas quanto à resistências dos fios
de cabelo à tração. Fonte: http://textureanalysisprofessionals.blogspot.
com.br/2015/06/texture-analysis-in-action-hair-combing.html
O artigo que embasa a discussão de hoje foi publicado por um grupo de pesquisadores brasileiros, em 2015 e avaliou se a incorporação de óleos vegetais brasileiros – babaçu (Orbignya phalerata Mart.), buriti (Mauritia flexuosa L.), andiroba (Carapa guianensis Aubl) e pequi (Caryocar brasiliense Camb) – na concentração de 5% em condicionadores capilares poderia influenciar na resistência mecânica da fibra do cabelo. As formulações foram aplicadas a mechas de cabelo caucasiano padronizadas, seguido de sucessivas lavagens (7), sendo que a resistência mecânica foi avaliada com o uso de um equipamento denominado texturômetro antes e após 4 e 7 lavagens. Verificou-se que não havia nenhuma diferença estatisticamente significativa na resistência mecânica entre as mechas tratadas com os condicionadores contendo os diferentes óleos e o controle (base de condicionador sem a adição dos óleos) entre o primeiro e o sétimo ciclos de lavagem. Os autores sugerem que este fato se deva à baixa penetração dos óleos no córtex, a região responsável pelas propriedades mecânicas da fibra capilar e concluem que os óleos testados não foram capazes de aumentar ou proteger as mechas de cabelo.
Este artigo não desmerece a potencial utilidade de óleos vegetais em produtos para o cuidado com os cabelos, no entanto, nas condições experimentais utilizadas e frente à finalidade objetivada (aumento da resistência mecânica), o uso dos óleos vegetais em base de condicionador não se demonstrou eficaz.  Os próprios autores referem, no entanto, que propriedades como a lubrificação do cabelo (reduzindo danos abrasivos, como ao escovar/pentear), o preenchimento de fendas ou cavidades encontradas em cutículas danificadas e o aumento da hidrofobicidade (repelência à agua, uma característica desejada para a manutenção da hidratação dos cabelos) podem ser antingidas com o uso de óleos vegetais em condicionadores, pois reduziria o desgaste da fibra capilar causado pela hiper-hidratação dos cabelos (entrada de água para dentro da fibra) durante as lavagens. No entanto, mais estudos seriam necessários.
Fonte de consulta:
M.V.V. et al. Biomed Biopharm Res. , 2015; (12) 1: , 99-106.

http://portal.anvisa.gov.br/wps/content/Anvisa+Portal/Anvisa/Inicio/Cosmeticos/Assuntos+de+Interesse/O+que+e+cosmetico/Classificacao+de+Produtos+de+Higiene+Pessoal,+Cosmeticos+e+Perfumes

Professora Tatiele
Katzer
Farmacêutica (CRF-RS
14858)
Doutoranda em
Nanotecnologia Farmacêutica (UFSM)
Mestre em Ciências
Farmacêuticas (UFRGS)
Docente do Curso de
Estética e Cosmética da UNISC (RS)
Docente de
pós-graduações nas áreas de Pele, Cosmetologia e Tricologia
Colaboradora do Blog
Tricologia Médica
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