O título deste texto é a tradução literal de um artigo publicado no site da BBC do Reino Unido (Hair loss drug finasteride ‘biggest mistake of my life’). No texto, um jovem de nome Kyle relata os problemas que teve ao começar a utilizar a medicação Finasterida adquirida em um site de internet sem a devida orientação médica.
O relato da BBC sobre o uso de finasterida sem acompanhamento médico traz uma importante reflexão sobre como medicamentos com potenciais efeitos colaterais graves são acessados e utilizados. A experiência de Kyle, um jovem que buscava uma solução para a calvície, ilustra os riscos de decisões tomadas sem orientação profissional, especialmente quando lidamos com substâncias que alteram processos hormonais tão delicados como a conversão de testosterona em di-hidrotestosterona (DHT).
No Brasil, a situação apresenta nuances preocupantes. Medicamentos como finasterida e dutasterida, que requerem prescrição em outros países, podem ser adquiridos diretamente em farmácias sem a necessidade de receita médica. Essa realidade amplia o risco de uso indiscriminado e sem supervisão, expondo os consumidores a efeitos colaterais que podem incluir disfunção sexual, alterações psicológicas e até pensamentos suicidas. Além disso, o que Kyle vivenciou ao comprar medicamentos pela internet no Reino Unido encontra um paralelo aqui com o crescente acesso ao minoxidil oral, amplamente ofertado online. Embora promissor para o tratamento da calvície, o minoxidil oral não está isento de riscos e pode causar efeitos colaterais importantes, como alterações na pressão arterial e crescimento excessivo de pelos em áreas indesejadas, tornando indispensável o acompanhamento médico.
A acessibilidade a esses medicamentos sem controle adequado expõe falhas em nossos sistemas de saúde e regulação, que, ao priorizar a conveniência, deixam em segundo plano a segurança do paciente. Soluções que impactam processos hormonais e fisiológicos exigem não apenas uma avaliação médica criteriosa, mas também um monitoramento contínuo para mitigar possíveis complicações.
O movimento regulatório no Reino Unido, que agora exige alertas mais explícitos nas embalagens de finasterida, é um avanço que também deveria inspirar mudanças no Brasil. No entanto, é igualmente urgente conscientizar o público sobre os riscos associados ao uso indiscriminado desses medicamentos. A calvície é uma questão emocionalmente sensível para muitos, mas o tratamento precisa ser pautado pela saúde integral do indivíduo, e não apenas por resultados estéticos imediatos.
Como sociedade, precisamos repensar a forma como medicamentos sensíveis são ofertados, priorizando a saúde pública e o acompanhamento médico. Não se trata de restringir o acesso, mas de garantir que esse acesso seja seguro e responsável. A saúde é um bem inestimável, e cada decisão relacionada a ela deve ser tratada com a devida seriedade.