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MEUS ATENDIMENTOS CAPILARES – DURANTE A PANDEMIA DO COVID-19 – E AS REFLEXÕES SOBRE UM MERCADO QUE ME PREOCUPA

A tensão está batendo à nossa porta. O COVID-19 vem causando uma preocupação mundial de proporções raramente vistas. Quem sabe nunca vista por conta da mobilidade possibilitada pela globalização e da velocidade pela qual a informação se espalha de maneira quase que instantânea, atualizando quase que minuto a minuto quanto aos números de infectados e mortes. Países em quarentena e outros tomando medidas de contenção (como o Brasil), no sentido de dar conta de atender a demanda de infectados de maior risco sem sobrecarregar o sistema de saúde. Essa situação de saúde é a pauta da vez e, naturalmente a mais importante em todos os lugares do mundo.
Na Clínica HTRI sigo atendendo cabelos. E, apesar de todas as medidas para evitar riscos de espalhamento do vírus àqueles que frequentam nossa clínica, o que realmente sinto é que cada vez mais as pessoas estão desesperadas com suas quedas de cabelos. Algumas até mais do que com o próprio COVID-19. 
Minha conduta tem sido, em primeiro lugar, orientar cada um dos pacientes sobre o COVID-19. O exemplo começa antes de chama-los para a sala de atendimento quando, frente a cada novo paciente que chamo para a consulta, aplico álcool gel nas mãos. A maioria deles segue meu ato e isso já promove a entrada no assumo pandemia. 
Depois disso entramos no tema cabelos e o que mais escuto são histórias sobre o desespero quanto à perda capilar. Um medo que não é infundado mas que, assim como acontece com o Corona Vírus, ainda há muita informação de má qualidade e fake news circulando por aí.  muitas delas sobre tratamentos que confundem os pacientes, seja por deturparem as verdadeiras causas das quedas capilares, seja porque sugerem resultados que não existem (em tempo recorde ou além daquilo que é crível).
Eu acredito que a melhor forma de tranquilizarmos nossos pacientes, e isso vale para qualquer área da saúde, é através da informação precisa, correta, baseada em conhecimentos que já foram provados pelos estudos realizados em grandes centros de saúde e pesquisa. Qualquer coisa que fuja disso me soa curandeirismo, pajelância ou má fé. Infelizmente algumas pessoas se deslumbram com nomes bonitos dados a alguns tratamentos. Quando esse deslumbre vem dos pacientes, isso só me prova que o que acabei de dizer sobre a informação adequada e a boa fé na orientação precisa ser melhorada. Quando o deslumbre acontece com profissionais que, na necessidade de terem sempre novidades para apresentar para seus pacientes/clientes, encontram em produtos e tratamentos com nomes bonitos ou que têm conceitos que parecem inovadores o caminho para conquistarem mais clientes, a tragédia está instalada. 
Uma simples visita às redes sociais nos dias de hoje tem me assustado mais do que o COVID-19. O que tenho visto de aberrações é algo infindável. Elas vão chegando em mensagens ou nos grupos de WhatsApp aos montes. Quem me conhece sabe que sou crítico desse tipo de coisa e me envia para que eu saiba “o que estão falando por ai”. Há um lado jocoso em algumas das coisas que vejo nas redes sociais. Sempre vou à bio de quem postou para ver se não se trata de algum perfil de humor e quem está postando é realmente “da área” da saúde. Em 100% das vezes não se trata de um humorista, mas sim de alguém que resolveu praticar aquilo que devia ser impraticável quando o assunto tem a seriedade de mexer com a saúde física e emocional de qualquer pessoa. 
Algumas pessoas, pacientes/clientes e profissionais, desejam tanto as novidades, que se esquecem de verificar a autenticidade e seriedade delas. Os pacientes se justificam no fato de que “já tentaram de tudo”, quando ouço essa frase e pergunto o que ele chama de “tudo”, normalmente não foram utilizados 10% das possibilidades de tratamento que poderiam ajuda-lo. Os profissionais se justificam pela concorrência, como se fazer o que o colega não faz fosse algo que o tornasse “diferenciado”. 
Gosto das novidades, gosto de saber que há coisas novas na área. Mas, antes de qualquer coisa, sou um crítico extremamente chato de tudo aquilo que chega ao mercado. Por isso, antes de trazer para minha clínica tratamentos vendidos como “fantásticos”, “miraculosos” ou “inovadores demais” vou primeiro pesquisar, estudar, ver o que já foi comprovado sobre o mesmo , entender mecanismos, riscos, processos, e, sobretudo, a coerência destes com o problema que ele se presta a tratar. Se me desperta a curiosidade em avaliar, invisto em desenvolver uma opinião própria sobre o tratamento.
Graças ao meu perfil crítico já passei batido por muitos modismos e histórias da carochinha que invadem o mundo capilar. 
Mas o fato de perceber que muita gente ainda se ilude me incomoda. Mais que isso, me dói. E ver gente falar com “tanta propriedade” de temas controversos e sem comprovação nenhuma me ofende. E digo que me ofende porque, independente de ser médico também cuido de meus cabelos para que eles se mantenham e sigam melhorando sempre. Me identifico com meus pacientes de uma forma que vai além de minha escolha profissional. Tem a ver com o fato de eu conviver com o mesmo problemas que os fazem me procurar desde os meus 17 anos. Por isso, posso dizer que me dói ver gente que perde cabelos ser enganada. 
Para concluir, creio que:
1- Profissionais e seus pacientes/clientes devem estar atentos ao compartilhamento de informações que sejam realmente confiáveis sobre as quedas capilares. 
2- Há fake news no nosso mercado e elas parecem ser mais frequentes do que as informações sérias e comprovadas. 
3- O paciente/cliente deve estabelecer um relacionamento de confiança com o profissional e, sempre que tiver dúvidas tentar soluciona-las com ele. 
4- O profissional, se possível, deve fornecer para seu paciente/cliente fontes confiáveis de informações. 
5- Novidades e tratamentos milagrosos surgem todos os dias, evite cair em cilada. Questione, peça mais informações, estude sobre o tema e na dúvida evite perder tempo com produtos e procedimentos que não parecerem confiáveis
6- Busque saber a formação do profissional que você procura para conduzir seu tratamento, isso é fundamental e ajuda, em muito, no entendimento sobre o fato de ele ser ou não a pessoa que pode te ajudar.
Espero ter te ajudado e feito você refletir. 
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