Obra de Fang Lijun |
O número de mulheres que procura atendimento capilar tem aumentado muito. Percentualmente já são a grande maioria a ocupar espaço na agenda na busca por tratamentos para a correção do problema.
Normalmente pergunto às mesmas o que elas acreditam estar envolvido no surgimento do problema. As repostas mais frequentes remetam a hábitos e condutas de vida como trabalho excessivo, preocupação, estresse, alimentação inadequada, falta de sono.
Muitas pacientes ficam no aguardo de resultados de exames, esperando resultados que venham eximir elas da culpa pelo quadro. Natural, uma vez que o estilo de vida que levamos hoje é meio complicado de mudar, em especial para aqueles que vivem no meio corporativo ou se sobrecarregam de atividades. Difícil mesmo. Portanto, a preferência por motivos para os quais se possa apontar o dedo em vez de buscar motivos em si mesmas é uma possibilidade mais fácil de digerir.
É fato que elas estão com a cabeça mais cheia. Trabalho, responsabilidades, problemas. Nunca foram tantas as mulheres desenvolvendo patologias até então mais frequentes em homens do que agora em virtude disso. Mas se a cabeça anda cheia por dentro, tem ficado esvaziada de cabelos por fora.
Nem sempre toda culpa pelo aumento da incidência de perda capilar está vinculada apenas nos hábitos das mulheres, apesar deles sempre importantes num contexto geral. Há questões orgânicas como níveis baixos de ferritina, anemias, problemas hormonais, uso de medicamentos entre tantos outros motivos que não devem deixar de ser explorados pelos profissionais que tem a oportunidade de trata-las.
Não pode ficar de fora o fantasma da queda capilar genética. Até que se prove o contrário a alopecia mais temida pelas mulheres. Isso porque os parâmetros de entendimento e sobre calvície genética são, na maioria das vezes, baseados na calvície masculina, que tem uma apresentação muito diferente daquelas que encontramos nas mulheres em geral. Além da comparação com outras mulheres de mais idade, que quando desenvolvem perda capilar normalmente apresentam um padrão mais severo do quadro.
Nas consultas, a fala de muitas delas tende a conduzir o médico a uma conclusão que não seja a de que possam ter a calvície genética padrão feminino. Descaracterizam quadros de parentes que sofrem com o problema acreditando que dessa forma podem receber um diagnóstico que as desvincule desse diagnóstico. Ao exame, natural que muitas acabam não sendo diagnosticadas com esse problema. Compreensível que com tantas possibilidades diferentes de diagnósticos de queda capilar em muitas oportunidades isso venha a acontecer. Mas em virtude das comparações, já citadas acima, com homens e com mulheres na menopausa que sofrem com o problema, parece que para elas o diagnóstico de queda capilar genética soa como uma condenação (ainda que hoje os tratamentos para casos iniciais do problema sejam muito efetivos).
Bem, a verdade é que as mulheres estão perdendo mais cabelos. As queixas aumentaram muito nos últimos anos, assim como o medo de perderem algo que tenha um significado simbólico tão importante para elas quanto os cabelos.
Ao mesmo tempo que a incidência do problema vem aumentando, o repertório médico e terapêutico para tratar as mulheres que vivem essa experiência também cresceu, melhorando muito o controle dos quadros e tornando o prognóstico dos mesmos mais otimista.
A questão é que a procura pela ajuda médica tem que ser rápida para evitar o risco do quadro avançar demais e os cuidados ficarem mais difíceis e com resultados menos expressivos.