A queda de cabelo, tecnicamente chamada de alopecia, é um problema que ultrapassa o campo estético e invade territórios emocionais e sociais. Esse fenômeno afeta homens e mulheres em diferentes fases da vida e, embora sua manifestação possa parecer simples, sua etiologia é complexa e multifatorial. O artigo de Sowińska et al. (2025) serve como guia criterioso para quem deseja entender as raízes profundas do problema. A revisão traça um retrato abrangente, que parte das bases genéticas e hormonais, avança por mecanismos imunológicos e ambientais, e culmina em estratégias de prevenção acessíveis e clinicamente relevantes.
No centro da discussão está o ciclo capilar, com suas fases de crescimento, regressão e repouso. Disfunções nesse ciclo, muitas vezes impulsionadas por alterações hormonais, como o aumento da diidrotestosterona, ou pela queda dos níveis de estrogênio, estão fortemente ligadas à alopecia androgenética e à calvície feminina. A revisão também detalha o papel de hormônios menos debatidos, como prolactina, cortisol e melatonina, revelando que a homeostase hormonal é decisiva para a saúde capilar.
Além disso, o trabalho não negligencia o impacto do estilo de vida moderno. Estresse crônico, má alimentação, tabagismo e até alterações no sono são apresentados como fatores que não apenas contribuem para a queda, mas também dificultam a regeneração dos folículos. A força dessa revisão está justamente em conectar os dados fisiológicos com ações práticas, como suplementação com ferro, zinco, vitamina D e o uso tópico de agentes como minoxidil.
Do ponto de vista clínico, o que torna esta revisão especialmente útil é sua insistência na individualização do diagnóstico. A queda capilar não deve ser tratada com soluções genéricas. Cada paciente carrega uma combinação única de fatores predisponentes, que exigem escuta, investigação e abordagem personalizada. Ao destacar essa nuance, o artigo reforça a maturidade da medicina contemporânea, voltada não apenas para tratar sintomas, mas para compreender suas causas.
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É ao final que o texto revela sua maior virtude. Revisões como esta não apenas organizam o conhecimento disponível, mas o tornam utilizável. Elas não substituem a pesquisa primária, mas a iluminam. Elas não encerram o debate, mas o elevam. O artigo de Sowińska et al. (2025) exemplifica o valor das revisões de literatura como ferramentas críticas para integrar evidências, refinar hipóteses e direcionar a prática clínica de forma mais consciente e eficaz. Em tempos de excesso de informação e escassez de síntese, revisões assim não são acessórios acadêmicos, mas verdadeiros instrumentos de avanço científico.
Sowińska T, Łabuda M, Słojewska A, Kotkowiak A, Mentel O, Bogucka A, Szema A, Królikowska K, Sikora J, Knychalska K. Hair Loss: Pathogenesis and Prevention: A Literature Review. Qual Sport. 2025;41:59999. doi:10.12775/QS.2025.41.59999.
