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O FANTASMA DA CALVÍCIE FEMININA

O medo é uma sensação extremamente desconfortável. Segundo fisiologistas e psicólogocs tem seu papel na manutençao da nossa integridade física e emocional, mas quando na medida certa. Todo medo carrega uma certa quantidade de estresse e ansiedade. Situação essa que pode ser mais ou menos importante na medida que reconhecemos que algo pode nos levar a vivenciar situações que provoquem a perda da sensação de controle ou segurança. 
Crianças muito pequenas tem menos medo de ficar no quarto sozinhas esperando o sono chegar do que crianças mais conscientes de “certos riscos”, ainda que esses riscos sejam apenas fantasias, frutos de sua imaginação. Meu filho, com dois anos atualmente, pode ser colocado no quarto para dormir sem nenhum problema, ficando lá só até o sono chegar. Minha filha também já foi assim, mas com seus quase sete anos, já teve fases em que me pedia para espera-la dormir antes de deixar o quarto ou em que ficava tentando contato comigo, puxando conversa, quando já na cama, independente de onde eu estivesse na casa. Sinal de que precisava de garantias de que eu estava em casa para dormir. Por vezes me perguntava sobre dragões, monstros e animais feroses. Se poderiam entrar em casa e, se entrassem, por onde o fariam. 
O paciente que perde cabelos tem medo. Nem todos, o sque assumem a calvície e raspam a cabeça certamente usam desde tipo de conduta como um enfrentamento do problema. Mas, no geral, perder cabelos causa medo. Perder cabelos trás, necessariamente, dois elementos para a vida do paciente: perda da falsa sensação de controle que acreditamos ter sobre nosso corpo e insegurança. 
Nas mulheres, esses elementos parecem surgir mais forte. Já comentei sobre isso na introdução de meu livro É Outono para meus cabelos, lançado pela MG Editora (Grupo Summus Editorial). A mulher estabelece uma relação com os cabelos muito diferente das que os homens estabelece. A prova disso é a frequência  com que se submetem a procedimentos capilares variados, desde um simples corte até variações de cor e forma dos fios. Os homens aos poucos parecem estar chegando lá, mas ainda falta muito para que a relação homem-cabelo seja tão significativa e simbólica quanto a relação mulheres-cabelos. Aos poucos os homenes também estão criando uma ligação intensa com seus fios, mas ainda estão longe das mulheres nesse quesito. 
Homens calvos são socialmente melhor aceitos. Pelo menos é o que dizem as mulheres. Algumas continuam o argumento dizendo que muitos ficam até mais charmosos ou bonitos calvos. Sim, a maioria das mulheres que chega à minha clínica indignada com sua queda capilar afirma categoricamente isso. Entendo até que seja uma forma de justificar o medo de ficar careca que elas tem quando experimentam episódios ou problemas de queda capilar. 
Quando o fantasma da queda capilar ronda uma mulher toda a representação simbólica do cabelo entra em jogo. Recentemente vi um anúncio de um produto para queda capilar que apelava para alguns desses elementos simbólicos, em especial para dois: a feminilidade e a sensualidade. Cabelos representam a feminilidade da mulher. E, porque não dizer também, a sensualidade. A capacidade de atração, de se sentir bonita, de conquista. Veja, não estou dizendo que representa apenas isso. Mas também isso. E é por esses, e por mais uns tantos, motivos que as mulheres sofrem mais quando percebem que estão perdendo cabelos. Ficar calva, para uma mulher, é inaceitável. E só é inaceitável porque gera insegurança. No frigir dos ovos: medo. 
Feminilidade é a identidade da mulher. Sensualidade é algo que gera empoderamento pelo fato de acompanhar a sensação do se sentir bela. Perder cabelos é uma situação que rouba a identidade da mulher e leva ao medo da perda do poder pela perda da beleza. E o controle passa pelo poder. Se não temos como controlar algo ficamos à mercê deste algo. Se estamos à mercê deste algo é porque não temos poder sobre ele. E se não temos poder nem controle e não sabemos lidar com isso ficamos amedrontados. Faz sentido?
O fantasma da calvície feminina realmente existe por esses e por vários motivos pelos quais podemos dissertar aqui. De repente, no futuro, me atrevo a escrever mais sobre o tema. 
Mas a princípio o que tem que ficar claro é que hoje, a maioria das quedas capilares femininas tem tratamento e os cabelos podem ser mantidos ou melhorados. O que não se pode é perder tempo, se possível deve-se procurar um profissional que tenha conhecimento para abordar o problema de maneira efetiva e rápida. Tratar uma queda capilar pode não ser a maneira mais apreciada pelas mulheres para manter seus cabelos, mas, sem sombra de dúvidas, o tratamento pode ser um grande parceiro da mulher para que ela não viva com o fantasma da calvície em sua cabeça. 
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