Em 2007, quando de minha primeira ida à Austrália, caminhando em Darling Harbour, na cidade de Sydney, me deparei com um evento, na verdade uma feira, com o nome Mind, Body and Soul. Interessante perceber que se tratava de um evento de médio para grande porte onde pequenos stands de expositores apresentavam produtos vinculados à saúde Integral do ser humano. Escolhi o termo “Integral” no parágrafo anterior de propósito. Em especial porque sou brasileiro, mas porque também quero me fazer entender de forma mais clara e científica. Poderia ter escolhido o termo “holístico”, oriundo da palavra holos que significa o todo. E porque “o todo”? Porque quando falamos de mente, corpo e alma (mind, body and soul), estamos falando do ser humano em seu todo.
Na língua inglesa a opção pelo termo “holístico”, até mesmo em pesquisas científicas, é comum. Em nosso país o mesmo termo, erroneamente, virou sinônimo de místico, mágico, além de, em alguns casos, ser associado à falta de bases científicas e ao charlatanismo. Uma pena. Gosto de como soa a palavra “holístico”.
Em 2008 para 2009 tive a oportunidade de ler um trabalho interessante do físico Ph.D Amit Goswami, o livro O Médico Quântico. A primeira vez que o ví falando foi no filme Quem somos nós? (2004) e depois em O Segredo (2007). Filmes que tratavam da física quântica de forma mais clara para os leigos, facilitando a compreensão de um tema altamente complexo. No segundo filme, em especial, a abordagem quântica tinha um foco muito direcionado à “lei da atração”.
Tive a oportunidade de assistir a uma palestra do Professor Goswami em São Paulo no ano de 2013. De uma gentileza fora do normal, de uma sabedoria incrível, de uma simplicidade incomparável. No livro o Prof Goswami salienta que a medicina praticada de forma vetorizada, com abordagem clássica e apoio de bases energéticas (obtidas por medicamentos homeopáticos, óleos vegetais vibracionais e florais poderia atender melhor o sofrimento dos pacientes). Da mesma forma como tive uma boa impressão da pessoa Amit Goswami, assim como de seus livros (lí quatro livros de sua autoria), há gente que questiona o trabalho dele. Professor aposentado, até onde fui pesquisar seu último cargo universitário foi o de Professor Emérito na Universidade do Oregon, nos EUA. Os questionamentos que são feitos sobre seu trabalho estão basicamente vinculados a alguns de seus argumentos e ao fato de, atualmente, estar trabalhando seu conhecimento associando fundamentos da ciência à espiritualidade para a busca de um mundo e de uma saúde melhor.
Não vejo nada demais nisso, apesar das críticas que o professor recebe. Muito pelo contrário, um dos maiores propósitos da ciência é a de produzir conhecimentos e soluções para melhorar nossas vidas e/ou explica-la de uma forma mais compreensível. Sem desmerecer os Astrônomos, que realmente têm de estudar o Universo que nos cerca, não vejo nenhum benefício em saber que há um novo planeta há zilhões de quilômetros da Terra. Mas entendo como fundamental que uma ciência, como a física quântica, que até pouco tempo atrás era algo intangível para a grande maioria das pessoas, possa ser traduzida para uma linguagem mais compreensível e ter seus princípios aplicados à nossa rotina. Logo, o fato de que o Professor Goswami não vem publicando nada em periódicos científicos há muitos anos não me parece tão relevante como a coragem que ele tem de enfrentar o soberbo e fechado meio acadêmico do qual ele fez parte para fazer chegar às pessoas informações que, se possivelmente não fizerem bem a nenhum de nós, certamente não nos farão mal. A propósito, a união da Ciência com a Espiritualidade proposta por ele me parece algo tão relevante para a Saúde quanto muitas das descobertas científicas que nós temos e que realmente impactam em nossas vidas. Vivemos uma era de descrença e a esperança e a fé são reforçadas por pessoas que trabalham para o bem geral da humanidade, tal qual Goswami. Ainda mais quando, após assisti-lo no auditório principal do Centro de Convenções do Anhembi, em SP, tive a oportunidade de ver que ele parece ser e agir de acordo com o que ele prega.
Depois de Goswami muitos autores se envolveram com o tema da “medicina quântica, provocando algo que me pareceu muito mais uma corrida ao ouro, um movimento que ganhou força e que parece ter se acomodado mais recentemente. Vivemos de modismos e o novo de hoje precisa ser reinventado para parecer novo amanhã.
Muito antes disso, em uma palestra em Porto Alegre (certo que deve fazer mais de 10 anos), provavelmente para falar de minha consultoria para a antiga linha capilar da empresa Medicatriz, a Linha Fortesse, recebi de uma das congressistas um livro de uma médica (Margot Vargas Bedin) que vivia na Serra Gaúcha, atualmente parece morar nos EUA, intitulado Homeopatia, Magnetismo e a Cura da Calvície. Na época a literatura me pareceu difícil de compreender, em especial por meu total desconhecimento da proposta de tratamento da homeopatia. Porém, alguns dos conceitos que o Prof Goswami havia comentava no O Médico Quântico estavam alí.
O mundo deu voltas, meu conhecimento sobre cuidados complementares e integrativos foi aumentando, até que em 2013 organizei um evento chamado CISEI, Congresso internacional de Saúde e Estética Integrativa. Reuní vários nomes de pessoas que estavam trabalhando com temas que eu avaliei como integrativos para falar de saúde e beleza como um todo. Desde médicos antroposóficos, profissionais da área da meditação, yoga, naturologia, homeopatia, psicologia, sexologia, estética, medicina chinesa, Ayurveda, acupuntura, geoterapia, massagens, técnicas de SPA entre tantos profissionais que hoje, ao escrever este livro, me falham quantos temas foram abordados.
Natural que não me atrevi a chamar o congresso de “holístico”, a comunidade científica brasileira iria pensar que eu estava reunindo tarólogos, astrólogos, babalorixás, leitores do futuro pela borra de café, etc. Essa confusão por aqui seria certa e absoluta.
Bem, há muito tempo percebo que existem coisas que são pouco estudadas pelas ciências de saúde. Ainda são pouco estudadas, espero. Mas é fato que muito conhecimento têm sido construído em temas como meditação, yoga, uso de óleos essenciais, uso das águas termais, ozônioterapia, técnicas de massagem, entre tantos outros assuntos que podem ser do interesse das mais diversas áreas da saúde e especialidades médicas. E, dependendo da forma como são orientadas, essas práticas podem fazer muito bem à saúde como um todo. Ou seja, são realmente integrativas, melhorando a saúde do corpo e o bem estar do indivíduo. Um bem estar que se traduz na sua forma de viver e na sua atuação no mundo que o cerca.
Isso é uma realidade tão clara para mim que resolvi incluir no curso de formação em tricologia pela International Association of Trichologists (IAT), aqui no Brasil, um módulo sobre Tricologia Integrativa. Também é certo que uma pós graduação organizada pela Academia Brasileira de Tricologia deve e irá contar com um módulo exclusivo de Tricologia integrativa. Pode até ser que o tema não seja do interesse de todos os alunos, mas tenho certeza que aqueles que resolverem estudar mais a fundo o assunto perceberão que podem melhorar suas práticas com alguns conceitos das práticas integrativas.
Sobre o termo integrativo e o termo holístico, os dois me dizem a mesma coisa. Mas como sou brasileiro, me dói ouvir a palavra holístico sendo utilizada de forma tão deturpada. Por isso prefiro o termo Integrativo.
Sobre a Tricologia Quântica. Preciso estudar e entender melhor. Não deixa de ser um assunto vinculado à Tricologia Integrativa, mas entendo que há algo na abordagem da interface entre a física quântica e a saúde que me agrada. Vejo com bons olhos, até porque entendo que o que vem para agregar, desde que se mostre realmente efetivo e passível de replicação nos pacientes que atendemos, me soa algo que pode contribuir para um melhor cuidado com as dores provocadas pelos problemas de cabelos e do couro cabeludo de nossos pacientes.