O título diz algo que eu não gostaria de dizer, queria ter escrito “campo minado” e não campo florido. Campo minado porque basta pisar nele que sobram bombas para todos os lados. Mas a criatividade dos profissionais é tanta, que acabam transformando fantasias e baboseiras em flores. E aqueles que não sentem o “cheirinho” da enganação, caem como presas fáceis no discurso raso de quem, pode até trabalhar bem e ser um grande artista dos cabelos, mas não sabe nada de ciência de fato.
Leiam trechos de um texto que encontrei na internet: O encapsulamento macrobiótico é uma nova tecnologia que regenera a fibra capilar, deixando os cabelos mais saudáveis e com brilho. O tratamento promete repor os nutrientes que os fios realmente precisam, de maneira personalizada, e já conquistou famosas… Com ajuda de um microscópio, o profissional analisa o fio e identifica o que está faltando no cabelo. Em seguida, é criada uma fórmula personalizada. “A escolha dos nutrientes é feita de acordo com que o exame diagnosticou se falta proteína, selagem de cutícula, entre outros. Entre os mais utilizados estão os óleos, que podem ser leves, médios ou pesados, dependendo do caso…
Esta informação, preciosíssima, foi retirada de uma matéria (chamamos de matérias aqueles textos que aparecem em revistas do senso comum e cujo interesse, em especial nos dias de hoje, é apenas vender revistas ou gerar cliques na internet), fala sobre um novo tratamento “tecnológico”. O nome do tratamento, como você já pode ter lido é “Encapsulamento Macrobiótico”.
Em primeiro lugar gostaria de convidar qualquer profissional da área clínica (não estou falando de profissional de salão, sem desmerecer os grandes cabeleireiros que existem em todos os cantos de nosso país) a, utilizando um microscópio, dizer “o que está faltando no cabelo”. Quem sabe este profissional, quando qualificado para analisar ao microscópio, após anos de estudo e aprendizado, falará que faltam estruturas anatômicas, como a cutícula, ou que houve um dano de córtex (por perda da cutícula). mas de maneira nenhuma, se for sério, vai dizer que falta nutriente “x” ou “y”.
Em primeiro lugar gostaria de convidar qualquer profissional da área clínica (não estou falando de profissional de salão, sem desmerecer os grandes cabeleireiros que existem em todos os cantos de nosso país) a, utilizando um microscópio, dizer “o que está faltando no cabelo”. Quem sabe este profissional, quando qualificado para analisar ao microscópio, após anos de estudo e aprendizado, falará que faltam estruturas anatômicas, como a cutícula, ou que houve um dano de córtex (por perda da cutícula). mas de maneira nenhuma, se for sério, vai dizer que falta nutriente “x” ou “y”.
É fato que, de acordo com o padrão de dano, e nesse caso a microscopia pode falar sobre a gravidade do dano, determinados produtos podem ter um papel mais ou menos efetivo na melhora “cosmética” de um problema alí existente. Uma reparação de fibra que será temporária. A ideia parte do princípio de que cabelos danificados perdem proteínas e lipídeos. E daí se tem montado o “claim”. E surge a novidade com apelo “tecnológico”. Me explique onde há uma tecnologia extremamente avançada em fazer algo que se faz desde os primórdios da humanidade (utilizar óleos e fontes protéicas para melhorar os fios de cabelo)? E a explicação do tal tratamento tecnológico é tão nova quanto os tratamentos feitos no Egito Antigo, vamos utilizar óleos para melhorar o brilho e a hidratação massageando de baixo para cima e depois de cima para baixo.
É difícil lutar por um mercado sério tendo tanta gente com discursos que não são tão sérios quanto o mercado precisa. Não sou contra criar menus com nomes estapafúrdicos para procedimentos de beleza. Cada um sabe o que faz em seu espaço de trabalho e, agindo com ética e bom senso, entendo que está tudo na mais perfeita ordem. Mas por mais que o nome do tratamento seja “moderninho”, “diferente”, “com apelo para as “práticas integrativas”, que pelo menos o argumento seja coerente com algo que a ciência possa comprovar, replicar e sustentar. E, claro, que se evite utilizar termos que não cabem no argumento do método. A propósito, onde se encaixa a macrobiótica no tal “encapsulamento macrobiótico”?