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O papel das “pequenas causas” de perda capilar

Todo profissional que atende pacientes com quedas capilares acaba, em algum momento, se deparando com pacientes cuja causa do problema é pouco clara ou difícil de confirmar. O que pouco se fala é que pequenas causas, por menores que sejam, também podem induzir a perda dos fios.

Vou explicar, para que você entenda mais facilmente.

1- A somatória de vários eventos pequenos ocorrendo ao mesmo tempo, ou em um curto período de tempo, pode justificar uma queda do tipo eflúvio telógeno, por exemplo. Se você segue não entendendo, imagina uma pessoa que come mal, dorme um sono de pouca qualidade, apesar de dormir 8h ou mais, está vivendo um momento de tensão no trabalho (talvez não um momento crítico, mas discretamente fora do usual), ao mesmo tempo está tendo que ajudar o filho nos estudos pois ele está performando mal, e convive com um parceiro que está com risco de perder o emprego. Isoladamente, nenhuma dessas situações despertaria grandes suspeitas, mas somadas, criam um impacto na saúde física e emocional que pode interferir na saúde capilar.

2- Uma questão importante e que atrapalha muito é uma certa normose (patologia da normalidade), que tornou situações que, até um tempo atrás eram pouco frequentes, em um certo padrão do estilo de vida, normatizando algumas questões que em outros tempos seriam mais complexas. Como as que citei no ítem 1.

3- Outro ponto é o fato de que o paciente, numa grande parte das vezes atolado por trabalho ou funções diárias, executa suas atividades no modo automático, deixando passar algumas informações que para mim são importantes durante a consulta. E isso acontece, normalmente, porque o paciente não se lembra ou não pensa que tais informações são relevantes.

4- Por fim, não podemos nos esquecer que a vida é linear e que os estresses da vida (físicos, emocionais, entre outros), podem acontecer em sequência, um encavalado no outro ou até mesmo se sobrepondo, não permitindo tempo para que os mecanismos de adaptação do corpo consigam dissipar os impactos de vários eventos seriados, ainda que de baixo impacto.

Agora que já apontamos como as pequenas causas agem, podemos imaginar o quanto elas podem atrapalhar quando se somam a causas reconhecidamente severas e importantes. Pense comigo, pacientes que vivem três pequenas causas ao mesmo tempo e que ainda não foram suficientes para promover uma queda capilar ao desenvolvem uma infecção ou passar por uma cirurgia eletiva de médio porte (ex. colocação ou troca de prótese de mama), eventualmente podem ter quedas capilares muito mais impactantes do que teriam se tivessem passado apenas pela infecção ou pela cirurgia. Conclusão, pequenas causas amplificam o impacto das causas mais conhecidas e relevantes.

Temos que valorizar as pequenas causas. E questiona-las, para que nossos pacientes as tragam para a pauta da consulta e entendam o valor delas durante os atendimentos. Nelas podem estar alguns segredos sobre questões que eventualmente não conseguiríamos responder na forma de um diagnóstico mais preciso.

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