O risco da automedicação e o uso inadequado de medicamentos para quedas capilares
11 de setembro de 2012
Apesar da brincadeira representada pelo cartoon acima, o assunto que tratarei hoje é muito sério. Tem a ver com algo que observamos na medicina frequentemente, e que todos sabem o quanto é arriscado, mas ainda assim praticam indiscriminadamente: a automedicação e o uso inadequado de medicamentos.
Não sou adepto de chavões e ditados populares, mas acredito que não consigo terminar esse texto sem dizer que o brasileiro realmente incorpora o ditado popular que diz que “de médico e louco todos temos um pouco”.
Verdade ou não, levamos isso a sério. Tratamos em casa dores de cabeça, febres e, se não fosse a medida certeira da ANVISA em termos de regulamentar a necessidade de um receituário para uso de antibióticos, sempre que possível iríamos à farmácia em busca de um bom tratamento para infecções.
Entendo que essas condutas, a da automedicação e até mesmo do uso de medicamentos para situações onde eles não cabem (ex: nem toda infecção é bacteriana e, consequentemente, necessitaria de tratamento com antibiótico), são muito mais condutas de louco do que de médico.
A internet e os portais de busca facilitaram ainda mais esse tipo de comportamento, uma vez que as informações estão ali, disponíveis para o usuário que está ansioso por uma explicação breve e fácil para encontrar formas eficientes de tratar seus sinais e sintomas.
O resultado é o uso desenfreado e desnecessário de muitos medicamentos. Fico mais tranquilo por saber que as medicações de maior risco tem venda controlada. Ainda assim, há muita medicação que ainda é vendida sem controle e que pode colocar os incautos usuários em risco.
Na área capilar, o que mais se vende livremente são suplementos nutricionais. São excelentes coadjuvantes de tratamentos de quedas capilares e para uma minoria delas servem até de tratamentos principal. Mas a maior parte das quedas de cabelos necessita de medicações específicas, e ainda assim vejo gente que chega aqui na clínica tomando medicação errada para seu problema de queda capilar. E não é porque o médico prescreveu, é porque o paciente leu em sites ou conversou com amigos e ficou sabendo de algo que é ótimo para a queda. Anota o nome, vai na farmácia e compra. Passa a usar, e… E muitas vezes não vê resultado. Ou, além de não ver resultados, desenvolve os efeitos colaterais da medicação.
Deixa a medicação de lado e logo descobre outra. Vai novamente à farmácia, começa a usar e, por fim, descobre que não ajudou em nada. Eventualmente tem que conviver com alguns efeitos colaterais de novo.
Sou crítico desse comportamento. Defendo que a prescrição médica é essencial. Acredito que há muitos riscos envolvidos na automedicação e no uso inadequado de medicamentos, e o que mais me chama a atenção é que quem desenvolve o problema é quem resolve optar por esse tipo de conduta. Ou seja, o louco. Você leitor vai perguntar: que louco? Minha resposta: o lado louco do ditado popular. Se de médico e de louco todo mundo tem um pouco, o lado médico de cada um deveria exigir de nós o bom senso e o respeito ao corpo.
Aprendemos em medicina que para se prescrever uma medicação é essencial que exista uma INDICAÇÃO para o medicamento, que um diagnóstico tenha sido feito e que o tratamento seja coerente com as queixas do paciente. No curso de medicina, nas residências médicas e nas pós graduações, não aprendemos a passar medicamentos à revelia. Tão pouco a colocar nossos pacientes em risco.
Logo, fazendo um paralelo com o ditado popular, quem resolve optar por automedicação correndo o risco de sofrer os efeitos colaterais e assumindo a responsabilidade por colocar sua própria vida em jogo é o louco.
Reflita sobre o tema. Quantas vezes você, leitor, não se automedicou acreditando que estava fazendo o melhor para você? Pensou nos riscos? Pensou que não teria com quem tirar dúvidas se tivesse problemas com a medicação?
Quando apresentar um problema de saúde, qualquer que seja, faça a coisa mais coerente e correta por você mesmo: procure um médico.