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O Segredo das Árvores e a Queda de Cabelo: Estamos Envelhecendo à Toa?

Você já parou pra pensar que talvez nós não estejamos destinados a envelhecer da forma como acreditamos? Essa pergunta pode parecer estranha à primeira vista, mas ganha força quando olhamos com atenção para aquilo que a natureza faz de forma silenciosa e elegante há milhares de anos.

No livro A Vida das Árvores, o botânico francês Francis Hallé nos apresenta um dado surpreendente: muitas árvores são potencialmente imortais. Isso mesmo. Elas não têm um “programa de senescência”, como nós. Se uma árvore for protegida de pragas, doenças, acidentes, ela pode continuar crescendo indefinidamente. Ela envelhece, sim. Mas diferente de nós, ela também se rejuvenesce.

Segundo Hallé, o segredo está na metilação e na desmetilação. Em humanos, ao longo dos anos, os genes vão se apagando — como velas cobertas com um abafador — num processo chamado metilação. Isso reduz a atividade celular e marca o início do envelhecimento. Já nas árvores, ocorre algo diferente: no inverno, há metilação, sim. Mas quando chega a primavera, há uma desmetilação total. A árvore volta a ter o mesmo número de genes ativos que tinha quando era jovem. Ela renasce. Todos os anos.

Essa regeneração é mediada por uma enzima que remove o “capuz” da metilação. Uma enzima que, curiosamente, não temos em nosso organismo — ou, se temos, não sabemos ativá-la. E aí começam os questionamentos. Será que realmente não temos esse mecanismo? Ou será que perdemos o acesso a ele? Será que o envelhecimento é mesmo um destino biológico… ou uma consequência da nossa negligência com a prevenção?

Talvez o verdadeiro problema não seja o envelhecer, mas o fato de deixarmos esse processo acontecer sem questionar, sem intervir, sem buscar estratégias de reversão ou desaceleração. Talvez estejamos apenas aceitando algo que poderia ser diferente. E talvez, nas plantas, exista uma chave para esse entendimento.

Seria possível, por exemplo, incorporar na nossa rotina compostos com ação desmetiladora? Fitoterápicos que tragam esse mesmo efeito regenerador que as árvores utilizam? Chás, extratos, alimentos — qualquer forma natural de nos reconectar com esse ciclo de rejuvenescimento?

E se existem caminhos para isso, por que não estamos trilhando? Falta de interesse? Falta de estudos? Ou excesso de interesses — econômicos, industriais, populacionais — que preferem manter o envelhecimento como uma inevitabilidade? Porque viver mais — e melhor — muda todo o sistema. Muda o consumo de medicamentos. Muda o tempo de produção. Muda o ritmo da vida como conhecemos.

Mas e se fôssemos mais fundo?
E se aplicássemos essa mesma lógica ao cabelo?

O cabelo também passa por ciclos. Cada fio nasce, cresce, se desprende… e dá lugar a outro. Mas, ao contrário da árvore, que permanece enraizada e cresce continuamente, o folículo capilar precisa interromper sua atividade para reiniciá-la. E nem sempre esse reinício vem com a mesma força. O corpo envelhece, o couro cabeludo envelhece, e esse envelhecimento afeta o fio: ele pode nascer mais fino, mais fraco, mais claro, mais deformado.

Diferente da árvore, que reativa seus genes e mantém seu crescimento contínuo, o nosso folículo parece cansar, perder potência com o tempo. E é aí que surge a provocação: será que poderíamos imaginar um cenário onde esse folículo não envelhecesse? Onde ele simplesmente seguisse produzindo cabelo — com força, com cor, com forma — sem necessidade de reinício, sem pausas, sem declínios?

E se a única coisa que fizéssemos fosse cortar o cabelo quando ele crescesse demais? Sem precisar estimulá-lo, sem precisar recuperar o que já foi perdido… porque ele nunca teria deixado de crescer com saúde.

Será que isso é impossível?
Ou será que é apenas inexplorado?

Talvez o grande erro esteja em tratarmos a queda de cabelo como algo isolado — um problema localizado — quando, na verdade, ela pode ser uma das expressões mais visíveis do envelhecimento como um todo. E talvez, sim, a resposta esteja nas árvores. E nas plantas. E em tudo aquilo que cresce, renasce, se adapta… e continua.

O que será que estamos deixando de aprender?
E o que ainda podemos descobrir, se começarmos a olhar para a natureza com outros olhos — inclusive, os olhos de quem quer proteger e preservar os próprios cabelos?

Referência:

Hallé F. A vida das árvores. São Paulo: Editora Olhares; 2022.

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