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ÓLEO ESSENCIAL DE ALECRIM ESTIMULA O CRESCIMENTO CAPILAR – Primeiro ensaio clínico!

Ramos de alecrim e seu óleo essencial dourado ouro.

Os óleos essenciais são misturas complexas de
substâncias. Oriundos de diferentes partes das plantas, os óleos são
queridinhos de quem trabalha com terapia capilar. Há muitas plantas das quais
se extrai óleo essencial, no entanto há alguns que vemos com maior constância
nas prateleiras das lojas de estética e produtos naturais, bem como na bancada
dos terapeutas capilares. Sem dúvida alguma o óleo essencial de alecrim é um
destes. Conhecida como alecrim, a planta Rosmarinus
officinalis
L. apresenta propriedades medicinais que há tempos são
estudadas. Seu óleo essencial é extraído das folhas e ramos, com cerca de 0,5 a
1% de rendimento. Seu potencial como digestivo, antirreumático, sedativo,
favorecedor da memória, anti-asma, anti-inflamatório, entre outros é
reconhecido desde tempos remotos. Estudos mais atuais já demonstraram seu
potencial hepatoprotetor, neuroprotetor, antibacteriano, antioxidante,
antiviral, antifúngico e relaxante muscular suave. Como sempre comento com meus
alunos, uma propriedade praticamente comum aos óleos essenciais é seu poder
antimicrobiano que os faz bastante indicados para tratamentos de onimicoses,
por exemplo, uma alteração das unhas causada por fungos. Na área capilar, há
estudos que apontam que óleos essenciais podem ser úteis no combate à
pediculose (infestação pelos temidos piolhos – leia este texto aqui do blog).
Outra propriedade sempre trazida em pauta é a capacidade do óleo essencial de
alecrim de incrementar a perfusão microcapilar no local onde é aplicado, ou
seja, melhorar o fluxo sanguíneo e consequentemete o aporte de nutrientes para
a região. Na indústria cosmética, o óleo essencial de alecrim é utilizado em
produtos anticaspa e em formulações (xampus e soluções de permanência) para
estímulo de crescimento capilar, acne, eczema, dermatite e edema. A propriedade
dos óleos essenciais acredita-se estar intimamente relacionada com à
complexidade da sua composição e esta, por sua vez, varia muito conforme o
local de plantio, período da colheita, condições de armazenamento e método de
extração, etc. No entanto, sabe-se que o óleo essencial de alecrim apresenta
como componentes majoritários os voláteis 1,8-cineol, borneol, acetato de bornil,
cânfora, alfa-pineno e beta-pineno.

Participante da pesquisa antes (A) e depois (B) de 90 dias de
tratamento com óleo essencial de alecrim

Hoje apresento a você um artigo, randomizado,
mono-cego, desenvolvido no Iran. Este é um dos raros artigos que utiliza óleos
essenciais em um ensaio clínico que vai além das pesquisas em laboratório
(testes in vitro ou in vivo em animais). O objetivo foi
investigar a eficácia clínica do óleo de alecrim no tratamento da alopecia
androgenética (AGA) em homens e comparar os seus efeitos com o clássico
minoxidil 2% (leia sobre este medicamento aqui).
Os pacientes com idade entre 18 e 49 anos (média de 24 anos) com AAG  foram distribuídos aleatoriamente entre o
grupo óleo de alecrim (n = 50) ou grupo minoxidil (n = 50) durante um período
de 6 meses. O tratamento consistia de duas aplicações diárias de 1 mL de
produto (dose diária de 2 mL) nas regiões fronto-parietal e vértex, seguida de
massagem suave. Depois de uma visita inicial, os pacientes retornavam à clínica
para avaliação de eficácia e segurança a cada 3 meses. Uma avaliação fotográfica
padronizada foi feita na entrevista inicial e depois de 3 e 6 meses de
tratamento. As imagens foram analisadas por dois médicos dermatologistas que
desconheciam o tratamento realizado. Nenhuma mudança significativa foi
observada na contagem média de cabelos após 3 meses de tratamento em ambos os
grupos. No entanto, tanto para o grupo óleo de alecrim quanto para o grupo
minoxidil houve um aumento significativo na contagem de cabelos após 6 meses de
tratamento. Não foi encontrada diferença significativa entre os grupos de
estudo, ou seja, os resultados de aumento na densidade capilar foram
semelhantes para os participantes tratados com minoxidil 2% ou óleo essencial
de alecrim.

           Em relação aos efeitos colaterais, os
participantes relataram certo nível de prurido (coceira) no couro cabeludo com
os dois tratamentos, após 3 e 6 meses do início da pesquisa, sendo mais
frequente no grupo que tratado com minoxidil 2%. Sendo assim, os resultados do
presente estudo demonstram, pela primeira vez em um estudo clínico, a eficácia
do óleo de alecrim no tratamento da AGA.

Participante da pesquisa antes (A) e depois (B) de 90 dias de
tratamento com minoxidil 2%
Os autores arriscam uma discussão sobre um
possível mecanismo de ação do óleo essencial de alecrim no tratamento da AAG.
Um deles é sua capacidade antioxidante, uma vez que se sabe que o quadro de AAG cursa com estresse oxidativo (grande quantidade
de radicais livres que o sistema antioxidante natural não consegue “dar conta”).
Outro, e o mais comentado quando se pensa em alecrim, é a capacidade de promover
vasodilatação e consequentemente o aumento da circulação sanguínea nos
capilares do couro cabeludo. A cânfora presente no óleo essencial de alecrim
foi apontada como uma das possíveis responsáveis, uma vez que é uma substância
com propriedade hiperemiante já conhecida.
Não cansamos de ler e estudar sobre alopecia
androgenética, seus mecanismos e seus possíveis tratamentos. Afinal, algo em
torno de 50% das pessoas, sejam homens ou mulheres, é afetada pela AAG antes
mesmo dos 50 anos de idade. Quanto mais amparados em literatura científica
forem nossas escolhas terapêuticas, tão melhor para nós como profissionais que
prezamos por uma atuação consciente, responsável e atualizada quanto para
aqueles que beneficiamos com as nossas indicações terapêuticas.

Fonte de consulta: Panahi et al. Skinmed. 2015,
13(1):15-21.

Profa. Tatiele Katzer
Farmacêutica (CRF-RS 14858)
Doutoranda em Nanotecnologia Farmacêutica (UFSM-RS)
Mestre em Ciências Farmacêuticas (UFRGS-RS)
Professora do curso de Estética e Cosmética da Universidade de Santa Cruz do Sul (UNISC-RS)
Professora de cursos de pós-graduação na área de Cosmetologia e Tricologia
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