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PENSAR DIFERENTE SOBRE O TRATAMENTO DA QUEDA CAPILAR PODE LEVAR A UMA POSTURA DIFERENTE POR PARTE DO PACIENTE

Há anos que vivo a queda capilar, seja como paciente, seja como médico que cuida de cabelos. E desde sempre tento trabalhar novas formas de interpretação da queda de cabelos que possam fazer com que os pacientes tenham uma melhor compreensão e adesão aos tratamentos. Mudar a forma como vemos alguns conceitos permite olharmos para algo sob uma nova perspectiva. Essa mudança pode vincular melhor o paciente em seus cuidados assim como fazer com que ele fique mais atento a outros objetivos do tratamento que não aqueles que os trazem à consulta. 
Vou tentar explicar:
1- O paciente chega normalmente se queixando de queda de cabelo.
2- Muitos, quando percebem que a queda melhorou largam o tratamento imaginando que estão livres do problema.
3- Isso pode ser uma verdade, em especial em casos como eflúvio telógeno*, onde a queda é autolimitada de acordo com a causa (se ela durar pouco) ou correção e/ou eliminação da mesma. Mas nem sempre a interrupção da queda capilar promove satisfação do paciente, uma vez que se não houver uma boa reposição de cabelos, a rarefação provocada pela queda seguirá existindo (falarei melhor disso nos itens 8, 9 e 10 que seguem abaixo).
* Há vários textos sobre eflúvio telógeno no blog, é só pesquisar e vão entender melhor o que é esse problema. 

4- Ainda assim, para que o cabelo caia em maior quantidade, uma interrupção do crescimento capilar, provocado por uma interferência biológica ou emocional, precisa ter ocorrido (ou estar ocorrendo, no caso das quedas crônicas). 
5- A melhor forma de impedirmos a interrupção do crescimento capilar é combatendo a causa. Isso pode ser feito de 4 formas: 1- Mudanças de hábitos, 2- Apoio psicoemocional quando necessário, 3- Medicamentos, 4- Procedimentos. 
6- A conduta proposta no item acima permitirá que a atividade da raiz do cabelo comece a normalizar. Se isso acontece, dois eventos são esperados: 1- O crescimento do cabelo não será mais interrompido precocemente, 2- Teremos uma reposição capilar que passará a acontecer de forma mais consistente (cabelos voltam a nascer). 
7- O resultado é o cabelo crescendo pelo tempo que deveria (normalização do tempo da fase anágena – para aqueles que são profissionais da área) e a reposição capilar promovendo recuperação da densidade** (ainda que parcial), dos cabelos.
** Vamos entender densidade como número de fios por centímetro quadrado.
8- Percebam, então, que para reduzir a queda medidas de normalização da função dos folículos pilosos precisam ser tomadas. A redução da queda é conseguida após o controle ou eliminação dos fatores causais e dos estímulos para a normalização da função das raízes dos cabelos.
9- Observem também que o foco é a NORMALIZAÇÃO DA FUNÇÃO FOLICULAR e não a redução da queda. Essa só virá quando a normalização da função folicular for alcançada. 
10- Fora isso, nas alopecias mais comuns a queda capilar se dá após em média 3 meses da interrupção do crescimento capilar. Ou seja, o cabelo pára de crescer e só se solta do couro cabeludo depois de 3 meses. Se eu começo a normalizar a função folicular hoje, através de um tratamento bem elaborado, haverá um montante de cabelos que seguirá caindo por até 3 meses, após iniciado o tratamento. 
11- Por conta disso eu converso com meus pacientes que eles devem pensar que o mais importante para eles não é focar na queda mas sim na normalização do crescimento e na reposição capilar. E que a redução da queda, ainda que chegue um pouco mais tarde, é um objetivo secundário do tratamento, uma vez que um folículo que não trabalha de maneira adequada sempre produzirá um cabelo que cresce menos do que deveria e, a consequência disso é a queda capilar aumentada. 
12- Esse pensamento também promove um melhor entendimento do porque um paciente que age como consta no item 2 desse texto não deveria pausar um tratamento quando a queda cedesse, mas sim na medida que percebesse que seu cabelo, em volume, está ficando melhor. 
Espero que tenham compreendido e que o texto tenha ajudado. Mudar a forma como vemos as coisas é fundamental para que o sucesso de um tratamento capilar seja alcançado. A mudança de ponto de vista faz com que o paciente entenda porque alguns tratamentos capilares são mais longos do que eles pensam que deveria ser. Isso garante uma maior satisfação do paciente e uma relação expectativa versus resultado mais realista. 
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