O uso do plasma rico em plaquetas (PRP) é uma opção para uma vasta gama de especialidade médicas. No exato momento em que faço a pesquisa para escolher os artigos que me servirão de base para esse texto o PubMed apresenta 6878 resultados de artigos publicados sobre o tema, sendo os primeiros datados de 1967, com um crescimento vertiginoso das publicações nos últimos anos.
Só no ano de 2013, até a data de hoje (28 de outubro de 2013), quatrocentos e noventa e dois artigos foram publicados sobre o tema e constam nos bancos de pesquisa do PubMed. Outro número que é bastante considerável em se tratando de um tratamento autólogo.
Para seguir adiante nesse texto, devo salientar a importância de comentar sobre o que são tratamentos autólogos. São chamados de autólogos os métodos de tratamentos em que o material utilizado no cuidado de uma determinada área do paciente é extraído de outra área do próprio paciente. O uso de gordura lipoaspirada para preenchimento de rugas ou aumento de determinadas áreas do corpo é um exemplo de tratamento autólogo. O próprio transplante de cabelos é um tipo de tratamento autólogo.
Nos cuidados com os cabelos, nas quedas capilares, os tratamentos autólogos tem sido pesquisados mais amplamente de poucos anos para cá. Os estudos tem apresentado essa possibilidade como sendo algo interessante e acabam estimulando novos pesquisadores, centros de pesquisa e profissionais a estudar cada vez mais o tema.
Para comentar um pouco sobre os resultados, escolhi dois artigos do próprio PubMed. Um deles foi publicado no Britsh Journal of Dermatology em setembro de 2013 por pesquisadores italianos. Trata-se de um estudo piloto feito com pacientes com alopecia areata (AA), e que se mostrou, pelo menos inicialmente muito positivo para os pesquisadores. Durante um ano, quarenta e cinco pacientes com alopecia areata, distribuídos aleatoriamente em três grupos, receberam infusões mensais de PRP, triancinolona (um corticoesteróide) e placebo em metade de suas cabeças. A outra metade da cabeça foi deixada sem tratamento.
Os resultados mostraram melhores efeitos de crescimento, redução do aspecto distrófico dos cabelos, redução da queimação e prurido do couro cabeludo nos pacientes que fizeram uso de PRP quando comparados aos que utilizaram triancinolona. O marcador celular Ki-67 utilizado pelos pesquisadores para avaliar proliferação capilar foi também significativamente mais elevado nos pacientes que faziam parte do grupo que utilizou PRP.
Sendo um dos primeiros estudos associando o uso de PRP à alopecia areata, os resultados dos pesquisadores italianos mostrou certo otimismo com o método e estimula novos projetos de pesquisa relacionando a alopecia areata ao plasma rico em plaquetas.
Um outro estudo realizado por um grupo de pesquisadores coreanos e publicado no Dermatologic Surgery em julho de 2012, reforça os bons resultados in vivo e in vitro do uso do PRP. Tanto em cultura de células da papila dérmica dos folículos, quanto em animais de laboratório os benefícios foram observados. In vitro, o aumento da proliferação de células foi percebido. In vivo, a maior conversão de folículos telógenos em anágenos (passagem dos folículos da fase de queda para a fase de crescimento), foi verificada.
Os pesquisadores coreanos, ainda que tenham tido bons resultados em seu estudo, também reforçam a necessidade de um crescente envolvimento de pesquisadores com o método gerando mais publicações e conclusões mais amplas.
Referências:
Trink A et al. A randomized, double-blind, placebo- and active-controlled, half-head study to evaluate the effects of platelet-rich plasma on alopecia areata. Br J Dermatol. 2013;196(3):690-694.
Li ZJ et al. Autologous platelet-rich plasma: a potential therapeutic tool for promoting hair growth. Dermatol Surg. 2012;38(7 Pt 1):1040-1046.