Durante o transcorrer dos anos, a experiência tem me mostrado que há certos detalhes que fazem um paciente ter mais ou menos sucesso em seu tratamento. Apesar de reconhecer que nem sempre todas as condições são favoráveis a uma evolução que seja compatível com o que se espera de um tratamento capilar, esses detalhes podem fazer toda a diferença quando falamos de mais ou menos sucesso.
Em primeiro lugar devo deixar claro que a experiência molda o profissional. E que a vontade de evoluir sempre é algo que ajuda a construir a percepção de que cada paciente precisa de um planejamento terapêutico próprio, exclusivo para ele. Essa percepção é essencial na hora de prescrever e orientar procedimentos. Ainda assim, aprendo sempre com cada paciente que atendo. E aprendo porque estou aberto a isso. Porque não me prendo a dogmas, porque estou em constante atualização, estudando ao menos 1 a 2 horas por dia e porque estou atento à comunicação objetiva e subjetiva de meus pacientes.
Sendo esse texto sobre quais seriam os melhores tratamentos para a queda capilar, preciso chegar no tema, e farei isso agora relatando que já tive a oportunidade de avaliar diversos métodos de tratamento capilar. Porém, antes de qualquer coisa devemos nos ater ao fato de que quando falamos de “queda capilar” estamos falando de uma extensa gama de problemas e patologias que estão divididos em dois grandes grupos, as alopecias cicatriciais e as alopecias não cicatriciais. Logo, uma vez que estamos em um blog e que podemos ter leitores que são potenciais pacientes ou profissionais, não podemos cair no erro de generalizar o termo “queda de cabelo”. E é aqui que mora o grande dilema de se falar sobre quais são os melhores tratamentos para a queda capilar. Quais os melhores tratamentos para qual tipo de queda capilar?
Pela impossibilidade de generalização e de sabermos que mesmo pacientes com o mesmo diagnóstico podem ter cenários de vida completamente diferentes, é possível obter bons resultados com tratamentos diferentes para o mesmo tipo de queda capilar.
É nesse momento que você, leitor, pode se perguntar: onde o Ademir está querendo chegar com esse texto? Ele não vai falar sobre quais são os melhores tratamentos para a queda capilar?
A resposta é sim, mas da minha maneira. Não gosto de tratamentos engessados. Não gosto de planos de tratamentos longos no começo do tratamento. Gosto de avaliar o paciente periodicamente porque entendo que a “estrada” que rodei fazendo o que faço há tantos anos me fez concluir que quanto mais eu souber o que esperar a cada intervalo de tempo entre as avaliações, mais posso deixar o tratamento calibrado para atingir melhores resultados.
Em primeiro lugar gosto de ter a terapia capilar em minha clínica para normalizar a saúde do couro cabeludo de meus pacientes e promover os primeiros estímulos necessários para a boa condução terapêutica. Porém, já entendi que há certas metodologias na terapia capilar que são melhores para determinados casos do que para outros. Ou seja, entre os tipos de tratamento capilar que são oferecidos na clínica onde trabalho, logo de cara entendo que tipo de modelo de tratamento da terapia capilar precisa ser realizado naquele paciente. Nessas horas, quando as profissionais de terapia capilar da equipe da clínica estão à disposição (sem pacientes), também gosto de conversar com elas sobre o que elas creem que seja o mais adequado para o paciente, uma vez que estaremos conduzindo o trabalho de forma conjugada.
Nesses anos todos, já vi paciente que evoluiu bem e mal com a intradermoterapia, já vi pacientes que tiveram mais ou menos sucesso com o microagulhamento com roller, pen e na forma de microinfusão de medicamentos pela pele. Avaliei muitos pacientes que fizeram plasma rico em plaquetas e, assim como aconteceu com os tratamentos citados acima, já pude observar sucesso e insucesso com o método. Evoluir bem ou mal com um procedimento me fez entender que há determinados padrões que precisam ser levados em conta quando avalio um paciente. Fui fazendo anotações de quais são os pacientes que respondem de forma mais significativa ou não aos tratamentos que utilizava e fui refinando meu trabalho e indicações. Tentando buscar padrões onde eu pudesse vislumbrar qual poderia ser o melhor tratamento para cada paciente. E, com isso, acertar cada vez mais.
Desta forma volto ao ponto deste texto em que eu disse que iria responder sobre quais os melhores tratamentos para a queda capilar da minha maneira. Segue:
1- O diagnóstico define o que podemos esperar de um tratamento. Alopecias não cicatriciais têm prognóstico mais otimista do que as alopecias cicatriciais que são de difícil manejo.
2- A vida que o paciente leva, o cenário de vida do paciente (estresse, alimentação, sono, bons hábitos), precisa sempre ser levado em conta quando colocamos metas para o tratamento. Estudos comparando gêmeos idênticos provam que aqueles cujo cenário de vida é melhor têm evolução de queda capilar mais lenta e respondem melhor ao tratamento.
2- Sendo muito sincero, não existe um tratamento melhor que o outro, existe o paciente adequado para cada tratamento que temos em nossa carta de procedimentos da clínica. É aqui que mora o segredo.
3- Entre os tratamentos que considero os mais efetivos, os que citei acima são os que mais confio e utilizo em meu trabalho. Então, afirmo que, ao menos para mim, são os melhores.
4- Nunca deixo um paciente sem orientação domiciliar (cuidados home care, como alguns preferem). Para mim os cuidados domiciliares são o alicerce que sustentará o tratamento e fortalecerá o sucesso dos procedimentos acima.
5- Conto sempre com boas condições de saúde do paciente. Se ele está com a saúde comprometida preciso ser mais cuidadoso com as orientações e, muitas vezes, baixar o nível de expectativas em relação àquele paciente. Se o problema de saúde do paciente tem a ver com outros sistemas corporais sugiro sempre que ele procure um especialista da área que diz respeito ao problema (Ex. problema da tireoide, procurar um endocrinologista).
6- Conto sempre com o estabelecimento de vínculo, a adesão do paciente, ao tratamento. Um paciente que não faz os cuidados em casa de maneira adequada, assim como não vem à clínica para os procedimentos deve sempre estar com a sua expectativa de sucesso aquém daquela que poderia atingir caso estivesse realizando o tratamento como o sugerido.
Por fim, gostaria de deixar claro que a consulta, com sua história clínica e exame físico e tricoscópico, tão o tom daquilo que vai pautar cada ciclo de tratamento. Quando uso o termo “ciclo”, estou falando sobre o período entre as avaliações que realizo periodicamente com cada paciente. Há períodos em que as condições do paciente favorecem uma melhor resposta a um tipo de tratamento e outros em que o tratamento previamente utilizado não é tão efetivo. Nesse caso, um novo planejamento terapêutico deve ser feito. Mas isso é uma sensibilidade e um refinamento que o profissional adquire com muita prática, estudo e aperfeiçoamento técnico constante.