A quimioterapia é um tratamento que age inibindo a proliferação acelerada de células cancerígenas, provocando uma redução de tumores que pode ser parcial ou total. Apesar dos benefícios, alguns quimioterápicos podem afetar a proliferação acelerada das células da matriz dos cabelos localizada numa região que conhecemos como bulbo capilar. Nesse caso, o resultado é uma queda de cabelos que poderá começar algumas semanas após o início do tratamento, mas que normalmente normaliza após o final do mesmo com a recuperação capilar.
A questão é que a queda capilar em tratamentos de câncer é intensa, provocando em alguns casos um impacto emocional severo. Em mulheres que fazem quimioterapia para os cuidados com o câncer de mama, o impacto emocional da queda dos cabelos é comparado ao da própria mastectomia (cirurgia de retirada da mama), sendo ambas as situações (queda dos cabelos e a retirada da mama), um golpe severo na paciente que se vê menos feminina e atraente, além do próprio comprometimento na vida sexual das pacientes.
O comprometimento da autoestima, a perda da sensação de bem estar, a ansiedade, a depressão e a imagem negativa do corpo costumam ser comuns nesses casos. Estudos apontam que há em mulheres que perdem cabelos e sofrem pelo medo de serem rejeitadas por seus parceiros por não estarem tão atrativas quanto antes da perda capilar. Além do que, a alopecia causada pela química pode ser sentida como algo que remete ao câncer, ainda ativo, e que, ainda que esteja sendo tratado, carrega consigo o peso de uma manifestação com elevado grau de morbidade e risco para a vida.
Apesar de condutas que podem prevenir o quadro, como o uso de resfriamento do couro cabeludo durante as sessões de quimioterapia, método já praticado em diversas clínicas e que tem um grau de efetividade. Este método tem como objetivo causar uma contração dos vasos sanguíneos do couro cabeludo, reduzindo a concentração de medicamento circulante que chega aos folículos, minimizando o impacto nos mesmos, neste caso, a queda capilar.
Quando a perda capilar é inevitável por qualquer motivo, cabe ao profissional da área capilar atuar em parceria com o oncologista e realizar uma abordagem que não traga mais efeitos colaterais e nem interações medicamentosas com o quimioterápico ou outras medicações que a paciente esteja utilizando. Se for o caso, deverá evitar qualquer abordagem até o final do tratamento quimioterápico, sugerindo à paciente soluções cosméticas (próteses ou outros artifícios de cobertura das áreas afetadas), para melhorar o conforto da paciente que está passando pelo problema. E quando tiver a liberação do oncologista, atuar com seus procedimentos e cuidados para uma recuperação mais plena e satisfatória dos cabelos.
Evitar condutas que venham a interferir no tratamento oncológico é questão de bom senso. E, preferencialmente só atuar ou prescrever mediante liberação do oncologista que deve ter acesso às informações sobre o que está sendo proposto para a paciente mesmo após terminadas as sessões de quimioterapia. O cuidado com a saúde e a integridade da paciente vem antes de tudo, e com a evolução natural do quadro a tendência é a volta dos cabelos junto com a melhora do quadro geral das pacientes.